Uma delegação de operários dos estaleiros navais polacos de Gdansk manifestou-se, dia 31, em Bruxelas, contra o encerramento exigido pela Comissão Europeia de duas das três docas de construção.
Fazendo coincidir esta acção de protesto com o 27.º aniversário da sua criação, o sindicato Solidarnosc procurou lembrar à Comissão Europeia o serviço «histórico» que os estaleiros de Gdansk prestaram nos anos 80 ao mundo capitalista, contribuindo para a desestabilização e mais tarde para a derrota do regime socialista.
Fazendo coincidir esta acção de protesto com o 27.º aniversário da sua criação, o sindicato Solidarnosc procurou lembrar à Comissão Europeia o serviço «histórico» que os estaleiros de Gdansk prestaram nos anos 80 ao mundo capitalista, contribuindo para a desestabilização e mais tarde para a derrota do regime socialista.
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Porém, a comissária da Concorrência não se deixou comover. Recebendo uma delegação de manifestantes, Neelie Kroes, elogiou o papel «crucial» dos estaleiros «para a liberdade e reunificação do continente europeu», mas mostrou-se inflexível quanto à exigência de redução das capacidades de produção, garantindo isso até será benéfico para a saúde da empresa.
Porém, a comissária da Concorrência não se deixou comover. Recebendo uma delegação de manifestantes, Neelie Kroes, elogiou o papel «crucial» dos estaleiros «para a liberdade e reunificação do continente europeu», mas mostrou-se inflexível quanto à exigência de redução das capacidades de produção, garantindo isso até será benéfico para a saúde da empresa.
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Tais argumentos não podiam convencer os que ainda lá trabalham e lutam desesperadamente pelo dia de amanhã.
Tais argumentos não podiam convencer os que ainda lá trabalham e lutam desesperadamente pelo dia de amanhã.
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Nestas quase três décadas, os estaleiros sofreram reduções constantes. Nos 73 hectares que então transbordavam de actividade, hoje apenas 40 permanecem ocupados. Dos cerca de 18 mil operários que laboravam no início dos anos 80, restam menos de três mil.
Nestas quase três décadas, os estaleiros sofreram reduções constantes. Nos 73 hectares que então transbordavam de actividade, hoje apenas 40 permanecem ocupados. Dos cerca de 18 mil operários que laboravam no início dos anos 80, restam menos de três mil.
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A dura realidade do «mercado capitalista» rapidamente se impôs, desfazendo, uma após outra, as promessas ilusórias do Solidarnosc. Embora mantendo a toada anticomunista, os panos e cartazes empunhados defronte à sede da Comissão Europeia, deixavam transparecer a indignação de quem se sente ludibriado e atraiçoado: «Os ditadores de Leste não destruíram os nossos estaleiros, mas os funcionários de Bruxelas apostam nesse jogo»; «O que Moscovo não fez, conseguirá Bruxelas fazer?».
A dura realidade do «mercado capitalista» rapidamente se impôs, desfazendo, uma após outra, as promessas ilusórias do Solidarnosc. Embora mantendo a toada anticomunista, os panos e cartazes empunhados defronte à sede da Comissão Europeia, deixavam transparecer a indignação de quem se sente ludibriado e atraiçoado: «Os ditadores de Leste não destruíram os nossos estaleiros, mas os funcionários de Bruxelas apostam nesse jogo»; «O que Moscovo não fez, conseguirá Bruxelas fazer?».
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Na verdade, para além de acusar o Estado polaco de subvencionar a actividade dos estaleiros de Gdansk, a Comissão Europeia nunca explicou as razões de fundo que a levam a exigir o encerramento de duas das três docas de construção.
Uma empresa viável
Segundo o presidente da administração da empresa, Andrzej Jarowski, (Le Temps, 31.08), os estaleiros caminham para a estabilidade financeira: «Somos os únicos estaleiros polacos com um balanço positivo no primeiro semestre de 2007. Temos encomendas para dois anos e previsões até 2010. Nunca como hoje a procura de navios foi tão forte, apesar da concorrência asiática, o que se deve à mundialização do comércio».
Na verdade, para além de acusar o Estado polaco de subvencionar a actividade dos estaleiros de Gdansk, a Comissão Europeia nunca explicou as razões de fundo que a levam a exigir o encerramento de duas das três docas de construção.
Uma empresa viável
Segundo o presidente da administração da empresa, Andrzej Jarowski, (Le Temps, 31.08), os estaleiros caminham para a estabilidade financeira: «Somos os únicos estaleiros polacos com um balanço positivo no primeiro semestre de 2007. Temos encomendas para dois anos e previsões até 2010. Nunca como hoje a procura de navios foi tão forte, apesar da concorrência asiática, o que se deve à mundialização do comércio».
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Acresce que vários investidores estrangeiros manifestam interesse nos estaleiros. Todavia, como assinala um dirigente do Solidarnosc ao citado diário suíço, «as exigências da UE bloqueiam os investidores. O encerramento de duas docas significa a morte dos estaleiros, uma vez que nenhuma empresa moderna de construção naval poderá sobreviver com uma única doca».
Acresce que vários investidores estrangeiros manifestam interesse nos estaleiros. Todavia, como assinala um dirigente do Solidarnosc ao citado diário suíço, «as exigências da UE bloqueiam os investidores. O encerramento de duas docas significa a morte dos estaleiros, uma vez que nenhuma empresa moderna de construção naval poderá sobreviver com uma única doca».
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Com vista a obter explicações convincentes, o Grupo da Esquerda Unitária convocou a Comissão Europeia para a sessão plenária desta semana do Parlamento Europeu. A iniciativa teve o apoio dos deputados polacos.
Com vista a obter explicações convincentes, o Grupo da Esquerda Unitária convocou a Comissão Europeia para a sessão plenária desta semana do Parlamento Europeu. A iniciativa teve o apoio dos deputados polacos.
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in Avante 2007.09.06
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FOTO - Operários no estaleiro de Gdansk, onde foi criado o Solidarnosc
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