A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

domingo, outubro 21, 2007

Heresias - O medo sempre foi uma arma política


* Carlos de Abreu Amorim
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Para quem governa, ensinava Maquiavel, é preferível “ser temido a ser amado”
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“Não digas mal d’El-Rei, nem entre dentes, porque em todo o lado tem parentes” (ditado antigo)
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Há um padrão nos gestos prepotentes do Governo – ao caso Charrua seguiram-se uma série de imitações. Agora, a polícia, não por conta própria certamente, tentou amedrontar um sindicato nas vésperas de uma manifestação junto de José Sócrates.
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À partida, este modelo de acção prejudica politicamente quem o pratica.
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Mas, pensemos melhor – o Governo não é inteiramente formado por gente destituída de senso. E os sicários que têm cometido aqueles actos foram apoiados em toda a linha, até por ministros. Portanto, a imagem que se quer passar é que quem intimidou os outros por pensarem diferente foi aplaudido por quem manda.
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Os portugueses são dóceis face à autoridade. Culturalmente, desbarretam-se diante das hierarquias (usem ou não chapéu). Na verdade, as pessoas andam com medo. Um temor antigo, vagamente mascarado de respeito pelo chefe e de apreço pelo situacionismo.
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O Governo percebe-o bem. O que se está a passar não pode ser excesso de zelo ou simples erro: o seu propósito é precisamente criar esse medo. Pelos empregos e para escaparem a confusões, muitos dos que dependem do Estado, directa ou indirectamente, calam-se, aquietam-se. Para quem governa, ensinava Maquiavel, é preferível “ser temido a ser amado”. Ainda hoje aceitamos sujeições que tornam esse conselho demasiado actual.
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In Correio da Manhã 2007.10.14
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ver Alexandre O’Neill – Poema pouco original sobre o medo

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