A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sábado, outubro 06, 2007

Venezuela - A revolução em números


* Pedro Campos

As classes dominantes, de tão intranquila que têm a consciência, andam constantemente de sobressalto em sobressalto. Em 1848 um fantasma – já sabemos qual – rondou a Europa e não dá sinais de desaparecer. Hoje, parece ser um novo fantasma que ronda o mundo, tal a guerra mediática que desencadearam contra Hugo Chávez, hoje o alvo da grande maioria das manipulações dos média de todo o planeta. Que estará a fazer de tão perigoso este mestiço que merece tanta atenção do poder imperial com sede em Washington e sucursais um pouco por todo o lado?
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Por paradoxal que pareça a frase, Hugo Chávez está a endireitar a Venezuela. Está a restituir às grandes maiorias empobrecidas do país o poder e os direitos que lhe foram negados desde o dia inicial da Conquista. Ainda não tem uma década no poder, mas são já muitas as mudanças verificadas e num só artigo é impensável pretender fazer sequer um balanço das medidas lançadas para a dignificação das grandes maiorias que viviam – e ainda vivem – nos bairros de lata – «ranchos» é como lhes chamam – de todo o país.
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Vejamos só o que se está a passar actualmente no campo da saúde, onde se tornou emblemática a Missão Bairro Adentro que – graças à solidariedade da Revolução Cubana – leva a assistência sanitária onde ela nunca tinha chegado e já prestou, num só ano, mais de 15 milhões de consultas médicas. Neste momento, o governo bolivariano está a investir mais de 430 milhões de euros na recuperação de 54 hospitais. Essa foi a revelação feita, há poucos dias, no Hotel Alba Caracas – era operado até há pouco pela transnacional Hilton – no âmbito de uma reunião sobre a Missão Milagro, outro programa de saúde fruto da cooperação Venezuela-Cuba, que já realizou 500 mil cirurgias oftalmológicas em toda a América Latina: 300 mil em Venezuela e 200 mil em Cuba. A propósito, a população de Vila Real de Santo António sabe perfeitamente do que estamos a escrever...
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No momento em que redigimos esta nota, segunda quinzena de Setembro, Hugo Chávez acaba de inaugurar um conjunto de unidades de hemodiálise. Em Trujilho, no Ocidente do país, pôs em funcionamento 18 rins artificiais de tecnologia japonesa. Este serviço é capaz de realizar 54 diálises diárias para um total de 1286/mês. Isto significa superar em mil por cento a capacidade actualmente instalada. Em simultâneo, em Maracaibo, segunda cidade mais importante do país, e em Cidade Ojeda foi inaugurado um total de 40 unidades do mesmo tipo. Em Barinas, zona ganadeira por excelência, entraram em operação outros 20 rins artificiais. No outro extremo do país, em Nova Esparta, entraram em funcionamento 119 máquinas. Em resumo, num só dia, abriram as portas várias unidades de diálises, com um total de 119 rins artificiais, capazes atenderem cerca de 30% dos doentes renais do país. Para 2008, a meta é chegar aos 80%. Quando se partiu praticamente de zero, não está nada mal... Mas se isto é importante, não o é menos que esta decisão implica também grandes poupanças para o país. Até à data, cada kit para o tratamento do pacientes renais tinha o custo aproximado de 76 euros. A partir de agora, esse valor baixa para 21. Numa projecção a nove anos, a poupança é de perto de 1100 milhões de euros.

Baixa o desemprego

Na sequência de 15 semestres de crescimento económico sem precedentes e sem interrupções, é natural que a situação geral do país melhore. Em Agosto, a taxa de desemprego desceu para 8,6% – é necessário colocar estes números no contexto latino americano – o que significa pouco mais de um milhão de desempregados, mas igualmente uma queda de 1,9 pontos em relação ao mesmo período do ano passado. Mais importante ainda é que num país onde a economia informal tem um peso importante, boa parte dos que conseguiram trabalho fizeram-no no sector formal da economia.
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Uma das grandes batalhas políticas em curso é a reforma constitucional. Uma vez mais, da oposição saem evidências da sua inesgotável capacidade de interpretar erradamente a realidade social do país. Os que se opuseram radicalmente à Constituição de 1999, defendem-na agora com unhas e dentes... porque a reforma aprofunda o seu conteúdo social.
Este assunto merece uma nota mais desenvolvida para a próxima ocasião, mas como aperitivo saiba-se que para uns ela «é comunismo puro» e para outros... a entrega do país ao capital estrangeiro!!!
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in Avante 2007.10.04

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