A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sexta-feira, novembro 05, 2010

Maioria do povo romeno opina que vivia melhor antes da reintrodução do capitalismo

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Roménia - Batalha de ideias
Quinta, 04 Novembro 2010 17:11
041110_romenia Cubadebate - [Tradução do Diário Liberdade] Povo romeno opina agora que o comunismo realmente existente era melhor que o capitalismo realmente existente.
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De acordo com uma consulta de opinião recentemente efetuada na Romênia, a maior parte da população afirma que a vida era melhor com o partido comunista no poder que na atualidade sob o capitalismo. A maioria dos interrogados dava uma visão positiva do comunismo, e mais de 60% considerava-o uma "boa ideia" em princípio. O estudo observa um incremento significativo da afinidade com o ideário comunista se comparado com uma consulta similar realizada quatro anos atrás.
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Realizado entre agosto e setembro do presente ano pelo instituto romeno de sondagens de opinião CSOP, o estudo mostra que mais de 49% coincidia em que a vida era melhor sob o governo do falecido líder comunista Nicolae Ceausescu, enquanto só 23% pensava que a vida hoje é melhor. O resto dava uma reposta neutra ou ns/nc.
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As razões oferecidas para a avaliação positiva do período comunista eram principalmente econômicas; 62% mencionou a disponibilidade de postos de trabalho, 26% as condições de vida dignas e 19% a moradia universalmente garantida.
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A consulta foi patrocinada pela organização IICMER (Instituto para a Investigação dos Crimes do Comunismo e da Memória do Exílio Romeno), financiada publicamente com o fim de contribuir para o labor de "educar" a população sobre os males do comunismo. Entre as decepções mais amargas que os resultados o estudo proporcionaram a esta organização se contam respostas à pergunta sobre se os interrogados ou suas famílias tinham sofrido sob o sistema comunista.
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Só 7% dos interrogados disse ter sofrido sob o comunismo, com 6% adicional que, não tendo sofrido dano pessoal, afirmava que sim o tinha experimentado algum membro de sua família. Também aqui as razões oferecidas eram sobretudo econômicas: a maioria referia-se à escassez que se produziu na década de 1980, quando a Romênia pôs em andamento um programa de austeridade com o fim de pagar a dívida exterior do país. Uma pequena parte da minoria que tinha sofrido durante o período comunista opinava que tinham saído prejudicados ao serem nacionalizadas suas propriedades, e um punhado (6% dos que recordavam más experiências sob o comunismo) diziam que enquanto os comunistas estavam no poder, eles, ou algum membro de sua família, tinham sido detidos em algum momento.
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Manipulando abertamente o resultado da consulta, o IICMER assinalou que as numerosos interrogados (41% e 42%, respetivamente) estavam de acordo com a afirmação de que o regime comunista era ou criminoso ou ilegítimo. Umas minorias importantes (37% e 31%) estava em desacordo de forma explícita com essas afirmações, e o resto mostravam-se neutros ou não se pronunciavam.
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Além disso, ainda que a maioria dos participantes valorizassem positivamente o comunismo -só 27% declarava estar em desacordo de princípios com ele-, a maioria dos que deram uma opinião definida também pensavam que as ideias comunistas não se chegaram a pôr em prática da melhor maneira antes da mudança de regime em 1989. 14% dava a resposta inequívoca de que o comunismo era uma boa ideia e de que se tinha levado à prática da melhor maneira na Romênia.
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Portanto, uma boa parte dos romenos indecisos sobre se o comunismo foi ou não uma forma legal e legítima de governo e uma grande maioria dos que diziam que o comunismo se levou à prática de forma incorrecta eram, no entanto, inequívocos quando opinavam que o sistema posto em prática pelo Partido Comunista Romeno, com todos seus defeitos, oferecia uma vida melhor para a gente que a que oferece o capitalismo de nossos dias.
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Benefícios comunistas
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Antes de os comunistas tomarem o poder na Romênia, a maior parte da população era analfabeta e não tinha acesso ao atendimento sanitário. Unicamente uma minoria da população rural, que era a predominante, tinha acesso à previdência ou dispunha de corrente elétrica. As taxas de mortalidade infantil encontravam-se entre as piores da Europa e o prognóstico de vida era inferior aos 40 anos devido à inanição e a outras doenças. O regime da direita romena aliou-se com Hitler durante a Segunda Guerra Mundial, e no quadro dessa aliança capitalista a maioria da população judia do país foi enviada aos campos de extermínio nazistas.
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Levados ao poder depois da vitória soviética contra a Alemanha nazista em 1945, os comunistas romenos, até esse momento um grupo ilegal de luta clandestina contra o governo romeno pró fascista e os nazistas, eram só uns poucos milhares. Apesar disso, conseguiram mobilizar o entusiasmo das pessoas para a reconstrução do país, devastado pela guerra. Acabaram praticamente com o analfabetismo, os serviços sanitários melhoraram e alargaram-se de forma maciça, e -como os interrogados pelo CSOP revelam- os postos de trabalho, a moradia e os níveis decentes de vida se fizeram acessíveis para todos.
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Animado por esses sucessos, o governo comunista dirigido por Nicolae Ceausescu ficou endividado durante a década dos 70 com a hcompra de equipamentos industriais de alto custo a Ocidente, a fim de aumentar a taxa de crescimento econômico do país, com a esperança de que os países ocidentais incrementariam suas importações de produtos romenos. Essa estratégia fracassou e o programa de austeridade implantado então para poder pagar a dívida nacional deu lugar a um ressentimento crescente.
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Nicolae Ceausescu e sua esposa Elena foram executados por um pelotão de fuzilamiento no dia de Natal de 1989. Sua sentença de morte ditou-se após um julgamento sumário ordenado pelos novos dirigentes reformistas do país: foram declarados culpados de crimes contra o povo romeno.
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Mas apesar dessa condenação, e ainda que a opinião geral que se reflita nos resultados da consulta CSOP seja que o sistema comunista, tal como se aplicou na Romênia, fracassou, só uma pequena minoria dos consultados no estudo (15%) diz que o ex chefe comunista Nicolae Ceausescu fosse um mau líder. A maioria mostraram-se neutras ou indecisos sobre isso, e 25% afirma que a liderança de Ceausescu foi bom para o país.
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Em sua avaliação dos resultados da consulta, o IICMER observa que os romenos estão bem longe de serem únicos em sua avaliação positiva do comunismo do passado século. Segundo um inquérito realizado em vários países do Centro e o Leste da Europa em 2009 pelo Centro de Investigação estadunidense Pew, a percentagem de população em países ex-socialistas que considera a vida sob o capitalismo pior do que foi durante o período comunista, é a seguinte:
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Polônia: 35%
República Checa: 39%
Eslováquia: 42%
Lituânia: 42%
Rússia: 45%
Bulgária: o 62%
Ucrânia: 62%
Hungria: 72%
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Particularmente significativo nos resultados da consulta CSOP/IICMER de 2010 na Romênia é que, à medida que adquirem mais experiência na vida baixo a "economia de mercado", a gente volta-se a cada vez mais negativa relativamente ao capitalismo e mais positiva sobre o comunismo. Na consulta anterior, realizada em 2006, 53% expressava uma opinião favorável para o comunismo; na de 2010 o porcentagem favorável sobe até os 61%.
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As conclusões da consulta do CSOP não são surpreendentes, se se recordar o sucedido desde que se reintroduziu o capitalismo: uma pobreza crescente, um aumento da taxa de desemprego e da insegurança. O sistema de saúde romeno está atualmente em crise, e os trabalhadores do setor público viram seu salário reduzido em 25%. [1]
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NOTA:
[1] Informação técnica sobre esta consulta de opinião: 1.133 pessoas maiores de 15 anos foram entrevistados entre 27 de agosto e 2 de setembro de 2010. As entrevistas realizaram-se sobre a base de um formulário padronizado, cara a cara no lar. Margem de erro: 2,9%.
James Cross é um colaborador habitual da revista eletrônica redantliberationarmy.worpress.

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