República/100 anos
28 | 09 | 2010 17.22H
A comissão política do PCP condenou hoje o que diz ser a “instrumentalização” das comemorações do centenário da República, por parte do Governo e do Presidente, recusando “as visões acríticas e idílicas” presentes nas celebrações oficiais.
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Em comunicado hoje divulgado a propósito dos cem anos de implantação da República, a comissão política do comité central do PCP considera “particularmente grave a instrumentalização” das celebrações, considerando que a inauguração de cem escolas em simultâneo, prevista para o dia 05 de Outubro, é uma “vergonhosa operação, depois de terem imposto o encerramento de quase 4000 escolas, num autêntico insulto à memória das medidas positivas da República no domínio da Escola Pública”.
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“O centenário da revolução republicana de 1910 ocorre numa situação particularmente grave no plano nacional e internacional, em que os trabalhadores e o povo português enfrentam a mais violenta ofensiva contra os seus direitos e condições de vida desde o 25 de Abril”, afirma o comunicado.
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A comissão política repudia ainda “as visões acríticas e idílicas do republicanismo e da República que predominam nas comemorações oficiais do centenário, reconhecendo os limites desta revolução e do regime que implantou no país”.
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O PCP destaca os “importantes progressos” que a I República instaurou, como “o fim de um regime monárquico e parasitário” e avanços nas liberdades e direitos fundamentais, educação e cultura, laicização do Estado e a Constituição de 1911, ao mesmo tempo que condena “com firmeza linhas de ataque reacionárias que visam justificar o golpe militar de 1926 e a instauração do fascismo e o branqueamento dos seus crimes”.
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Os comunistas traçam ainda a demarcação entre o 05 de Outubro e a revolução de 25 de abril de 1974.
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Se a implantação da República foi uma revolução “’por cima’, que deixou praticamente intactas as estruturas económicas e sociais, prosseguiu uma política colonialista e de submissão ao imperialismo” e “cedo alienou o apoio popular indispensável para consolidar o regime democrático e enfrentar a reação monárquica e fascista”, já a revolução de 1974 “liquidou os monopólios e os latifúndios e pôs fim às guerras coloniais”.
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“Por isso, o PCP opõe-se a quaisquer tentativas de, a pretexto da comemoração do centésimo aniversário da revolução republicana, desvalorizar e mesmo apagar a revolução de Abril e o seu lugar cimeiro na História de Portugal, diminuir e atacar os seus valores e realizações, como está a acontecer com a Constituição da República Portuguesa”, sustenta a comissão política.
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O PCP afirma-se ainda como “o herdeiro do que de mais avançado e libertador a revolução republicana comporta”, recordando que o partido, fundado em 1921, “é uma criação da classe operária portuguesa” e “lançou raízes fundas nas massas trabalhadoras”.
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“É esta a verdade histórica. Tentativas para promover o papel da burguesia republicana na luta antifascista e diminuir o papel da classe operária e do PCP não alteram esta realidade”, refere ainda.
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Foto: © Destak
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