Greve portuguesa insere-se na vaga de contestação que se tem feito sentir em vários países europeus. Sinais apontam para novos protestos no futuro próximo
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Os olhos da Europa sindical estão hoje em Lisboa. A greve portuguesa faz parte de um vasto movimento de contestação sindical à austeridade que, nos últimos meses, ganhou expressão em diferentes países. Grécia, França e Espanha, mas também o Reino Unido, foram os lugares onde os protestos irromperam de modo mais visível. E mais contestação parece estar no horizonte.
Quando anteontem manifestou apoio à paralisação em Portugal, o secretário-geral da Confederação Europeia de Sindicatos (CES), John Monks, prognosticou "muita agitação e greves gerais nos próximos meses". Está prevista para Dezembro uma jornada de luta a nível europeu, em moldes ainda a definir, semelhante à que, a 29 de Setembro, reuniu mais de cem mil sindicalistas em Bruxelas e foi acompanhada de acções locais em diferentes países. Mas há vozes a falarem mais alto. "Se no próximo ano as coisas continuarem assim, teremos que continuar a lutar e a ver a forma de conseguir uma grande resposta na Europa, num mesmo dia, coordenados", disse à agência Efe o secretário internacional da central espanhola Comisiones Obreras, Javier Doz, que esteve em Lisboa a solidarizar-se com a greve portuguesa. Mais longe foi a central sindical grega do sector priva- do GSEE, que anteontem apelou a uma greve pan-europeia contra a austeridade em 2011. "Os gregos sozinhos, os irlandeses sozinhos, ou os portugueses sozinhos não conseguem nada", afirmou o porta-voz sindical Stathis Anetis, citado pela Reuters.
A previsão de mais contestação assenta numa realidade que tem alimentado os protestos - 23 milhões de desempregados e milhões de pessoas em situação precária na União Europeia, redução de benefícios sociais e, em vários casos, cortes nos salários. O entendimento sindical é de que a crise não deve ser "paga apenas pelos trabalhadores" e que a austeridade vai ter "um efeito desastroso sobre os indivíduos e sobre a economia", afirma o britânico Monks.
Na Grécia, onde o Governo se viu obrigado a recorrer a empréstimos da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional, os protestos ganharam expressão ainda na Primavera, em reacção ao plano de contenção de despesas, designadamente congelamento de salários e pensões e aumento de impostos. Nos meses seguintes, no país europeu recordista em greves gerais - quase 50 desde 1980 - multiplicaram-se as paralisações, uma delas com vítimas mortais.
Em França foi a reforma do sistema de pensões que alimentou a contestação. Uma vaga de greves e manifestações, em Setembro e Outubro, mostrou capacidade de mobilização dos sindicatos que, semana após semana, conseguiram fazer paralisar e sair à rua milhões de pessoas. Os protestos tiveram a adesão de muitos jovens, conscientes de que é também o seu futuro que está em causa. Mas o forte movimento social não conseguiu impedir que o Governo de Nicolas Sar- kozy levasse por diante o aumento da idade de aposentação.
No mesmo 29 de Setembro em que a CES promovia a sua euro-manifestação, e que organizações sindicais de diferentes países, caso da CGTP em Portugal, organizaram os seus próprios protestos, a Espanha viveu uma greve geral contra as alterações nas leis laborais e o aumento da idade da reforma. A Roménia, a Eslové- nia, a Polónia e a Irlanda são países em que a contestação às políticas restritivas também já se traduziu em acções públicas.
É no Sul da Europa que os protestos têm tido maior relevo, mas no Reino Unido, já no final de Novembro, os estudantes surpreenderam como há muito não se via, ao desfilarem em Londres para contestar o aumento das propinas universitárias, que pode chegar ao triplo dos valores actuais. A invasão da sede do Partido Conservador, em Londres, deu visibilidade acrescida à acção.
Os protestos na Europa não vão ficar por aqui - na República Checa, por exemplo, está marcada uma greve da função pública para 8 de Dezembro. "Este é apenas o princípio de um combate, não o fim", prognosticou John Monks, na manifestação europeia de Setembro, em Bruxelas.
Quando anteontem manifestou apoio à paralisação em Portugal, o secretário-geral da Confederação Europeia de Sindicatos (CES), John Monks, prognosticou "muita agitação e greves gerais nos próximos meses". Está prevista para Dezembro uma jornada de luta a nível europeu, em moldes ainda a definir, semelhante à que, a 29 de Setembro, reuniu mais de cem mil sindicalistas em Bruxelas e foi acompanhada de acções locais em diferentes países. Mas há vozes a falarem mais alto. "Se no próximo ano as coisas continuarem assim, teremos que continuar a lutar e a ver a forma de conseguir uma grande resposta na Europa, num mesmo dia, coordenados", disse à agência Efe o secretário internacional da central espanhola Comisiones Obreras, Javier Doz, que esteve em Lisboa a solidarizar-se com a greve portuguesa. Mais longe foi a central sindical grega do sector priva- do GSEE, que anteontem apelou a uma greve pan-europeia contra a austeridade em 2011. "Os gregos sozinhos, os irlandeses sozinhos, ou os portugueses sozinhos não conseguem nada", afirmou o porta-voz sindical Stathis Anetis, citado pela Reuters.
A previsão de mais contestação assenta numa realidade que tem alimentado os protestos - 23 milhões de desempregados e milhões de pessoas em situação precária na União Europeia, redução de benefícios sociais e, em vários casos, cortes nos salários. O entendimento sindical é de que a crise não deve ser "paga apenas pelos trabalhadores" e que a austeridade vai ter "um efeito desastroso sobre os indivíduos e sobre a economia", afirma o britânico Monks.
Na Grécia, onde o Governo se viu obrigado a recorrer a empréstimos da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional, os protestos ganharam expressão ainda na Primavera, em reacção ao plano de contenção de despesas, designadamente congelamento de salários e pensões e aumento de impostos. Nos meses seguintes, no país europeu recordista em greves gerais - quase 50 desde 1980 - multiplicaram-se as paralisações, uma delas com vítimas mortais.
Em França foi a reforma do sistema de pensões que alimentou a contestação. Uma vaga de greves e manifestações, em Setembro e Outubro, mostrou capacidade de mobilização dos sindicatos que, semana após semana, conseguiram fazer paralisar e sair à rua milhões de pessoas. Os protestos tiveram a adesão de muitos jovens, conscientes de que é também o seu futuro que está em causa. Mas o forte movimento social não conseguiu impedir que o Governo de Nicolas Sar- kozy levasse por diante o aumento da idade de aposentação.
No mesmo 29 de Setembro em que a CES promovia a sua euro-manifestação, e que organizações sindicais de diferentes países, caso da CGTP em Portugal, organizaram os seus próprios protestos, a Espanha viveu uma greve geral contra as alterações nas leis laborais e o aumento da idade da reforma. A Roménia, a Eslové- nia, a Polónia e a Irlanda são países em que a contestação às políticas restritivas também já se traduziu em acções públicas.
É no Sul da Europa que os protestos têm tido maior relevo, mas no Reino Unido, já no final de Novembro, os estudantes surpreenderam como há muito não se via, ao desfilarem em Londres para contestar o aumento das propinas universitárias, que pode chegar ao triplo dos valores actuais. A invasão da sede do Partido Conservador, em Londres, deu visibilidade acrescida à acção.
Os protestos na Europa não vão ficar por aqui - na República Checa, por exemplo, está marcada uma greve da função pública para 8 de Dezembro. "Este é apenas o princípio de um combate, não o fim", prognosticou John Monks, na manifestação europeia de Setembro, em Bruxelas.
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