Diário Liberdade - [Vítor Colaço Santos] São cara e coroa da mesma má moeda. O rotativismo de poder, disputado entre apenas dois partidos – o PD e o PSD – causa desmobilização, desesperança e falta de ânimo, também pela péssima qualidade destes.
Sócrates reuniu com "sábios" economistas, muitos dos quais pertenceram a governos odiosos e odiados, culpados de tudo o que de pior nos tem acontecido. Quase todos receberam reformas milionárias, duas e três, e atrevem-se a dar nas televisões patrióticas lições de salvação económica. Miserável! Um deles, com deficiências de fala e espuma aos cantos da boca, trabalhou seis anos num banco do Estado e recebeu uma reforma para sempre!, de 18 mil euros! É o retrato típico de uma situação repugnante. Mas há mais... Afinal, de que falaram os ex-ministros "sábios"?
Indicaram os mesmos remédios para a resolução da crise (da nossa crise, de facto!): cortes nas despesas de saúde, da educação, da previdência, baixa dos salários da função pública (os funcionários públicos que paguem a crise!), supressão do 13º mês, redução nas pensões, extinção de subsídio para os mais pobres, aumento nos medicamentos ... e caso alguém tente desmontar esta ladainha é considerado comunista ou afim. Haja decoro e decência.
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Passos Coelho também reuniu com um rico grupo de economistas. Foram dizer-lhe o que quis ouvir. A mesma receita. A mesma cantilena. Os mesmos cortes. Os mesmos sacrifícios. A mesma ou pior fome! Esta gente não está (nunca esteve, nem estará) ao lado de quem sofre e está na mó de baixo. Os seus testemunhos não ocultam a casta a que pertencem. Os jornais e revistas publicam os nomes, os rendimentos, as casas luxuosas, os iates, os aviões, os automóveis topo de gama dos que nos exigem sacrifícios, suor, lágrimas e renúncia. Exigem mas não praticam. Uma televisão quis saber o que pensam os portugueses desta actual situação: uns não responderam, outros não sabiam, alguns revelaram indiferença e ignorância ou ausência. Até que uma mulher antiga, com olhos de sofrimento e rugas no rosto de miséria da fome, disse: "Não acredito em nada, nem em ninguém. Eles estão lá para se encher."
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Quando se tira aos reformados um escasso cêntimo, as dificuldades que daí advém são mais que muitas e as consequências imediatas são terríveis. Portugal é um país padrasto e pátria madrasta para a grande parte dos portugueses. Até nós querermos...
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É nesta "pérfida embrulhada", para citar um português maior – Jorge de Sena – que vamos sobrevivendo. Omissão, mentira, engano, cambalhotas. E não é apenas Sócrates o paladino destas tropelias. Passos Coelho vai nos mesmos passos...
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