Correio da Manhã
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O combate à corrupção está na ordem do dia — é uma moda gratificante. Na sexta-feira, o deputado Fernando Negrão defendeu a figura jurídica do ‘pré-crime’, coisa que o cinema conhece de ‘Relatório Minoritário’, que a literatura vasculha desde que Orwell escreveu ‘1984’ e que a política conhece de todas as ditaduras..
Provavelmente, trata-se de um deslize de linguagem mas a expressão está lá. Trata-se de prevenir, dizem os especialistas. Não é. Trata-se de evitar que o ser humano caia em tentação. Se tirarmos todas as consequências da ideia andaremos todos vigiados e sujeitos a escrutínio permanente dos nossos atos. Começa pela ideia moralista de ‘quem não deve não teme’, a preferida dos idiotas. Até à paranoia da denúncia, é um passo.
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Francisco José Viegas, escritor
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“Posso resistir a tudo, menos à tentação” de Oscar Wilde, passará a ser “Posso resistir a tudo, menos ao pré-crime”.
Fui preso por caçar gambozinos. O juiz:«Cometeu um pré-crime».E eu: «- !» «Não sabe?» replica;« Estão na AR, não no ar».