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As recentes eleições legislativas em Portugal não travaram o declive que termina no abismo para onde Sócrates conduz o Estado. Quinhentos trabalhadores são diariamente lançados no desemprego e o caudal não cessa de crescer. O défice público, ou seja, o dinheiro que o capitalismo mundial «empresta» ao capitalismo português para este não entrar em bancarrota, deu um salto de gigante e, segundo consta, representa já cerca de 10% do PIB. No próximo Orçamento do Estado se verá que contas faz o Governo quanto ao «Estado da Nação». Por falarmos em contas: o Eurostat, estrutura da União Europeia, também deitou contas aos números do desemprego e contou 561 mil desempregados em Portugal. É evidente que, como sempre acontece com as estatísticas, estes números são incompletos. Os desempregados de que fala o Eurostat são apenas os que se encontram registados nos ficheiros dos serviços de emprego oficiais. Não compreendem a multidão daqueles que não estão registados ou trabalham sem garantias (isto é, trabalham mas não têm emprego). A cada momento cresce este «exército da noite», alimentado permanentemente pelo Governo do PS que anula direitos, corta orçamentos e não desiste de tentar impor mais e mais sacrifícios aos trabalhadores. Por cada novo desempregado há uma família que atinge a linha da pobreza. Por isso, a «mancha de pobreza» alastra em Portugal e o número de pobres, calcula-se, é de cerca de dois milhões. Para desenvolver a economia e criar postos de trabalho, o Governo de Sócrates afirma não ter verbas. Mas, só até Setembro, os cinco maiores bancos do país registaram lucros de 1403 milhões de euros.
Não há margem para dúvidas: o grande senhor do poder em Portugal é o Fundo Monetário Internacional, o FMI. A partir de Janeiro de 2010 vai instalar no País uma rede de delegações que velarão pela imposição dos interesses argentários internacionais. Para não perder tempo, o FMI começou a divulgar, desde já, as suas «recomendações»: em 2010, cortes nos salários e nas pensões, ajustamentos na Função Pública, correcções nos apoios sociais, aumento dos impostos, revisões dos subsídios, etc., etc. Mais miséria, mais desemprego, mais falências, mais exploração.
Noutro quadrante – o militar – registou-se recentemente uma equívoca declaração do Chefe do Estado-Maior do Exército(CEME): «O Exército está disponível para ajudar na área da segurança interna.»
Para bom entendedor meia palavra basta.
Caridade cristã
Este panorama catastrófico parece não afectar os bispos, a julgar pelo seu espesso silêncio. Nem mesmo quando a degradação moral se revela em sucessivos casos de corrupção e de intrigas. Mas a pobreza, sobretudo a «envergonhada» – lembra a Igreja – é filha dilecta do episcopado. Ainda há bem pouco tempo, na quadra natalícia, a Igreja lembrou-se dos pobres e organizou, através da Cáritas e de outras ONGS piedosas, uma grande recolha de produtos alimentares oferecidos pela população e distribuídos pelas instituições da sociedade civil católica. O esquema da operação foi planificado pelo Patriarcado, organizado pelas IPSS e servido pelo Voluntariado católico que se distribuiu estrategicamente pelas «grandes superfícies» de Lisboa. Foi um êxito e as IPSS recolheram muitas toneladas de vários produtos. A população comprava nas «grandes superfícies» os produtos que quisesse oferecer, a preços do mercado; a organização católica e caritativa central recebia as ofertas, dividia-as em lotes e distribuía-os, depois pelas ONGS e IPSS, também católicas. Encargos com a iniciativa: nulos. O voluntariado não é pago e as organizações interveniente não têm intuitos lucrativos. É certo que o papel do «combate à pobreza» deveria competir ao Estado. Mas como este nada faz, ao menos que se dê uma esmola cristã aos pobres. Sem lucros materiais ou benefícios de influência.
É aqui que se pode levantar uma dúvida.
Nos supermercados, o aumento das vendas traduz-se em lucros. E se a compra das ofertas foi feita a preços correntes, esse lucro foi bem recebido pelo patronato. Em segundo lugar, a organização caritativa agiu sob estrito controlo da Igreja que distribuiu os produtos por outras instituições católicas, as quais as entregaram a pobres que elas próprias previamente seleccionaram. Aqui, os lucros foram de influência para a acção católica.
Poderá afirmar-se que a Igreja não lucrou indirectamente? Enfim, será possível. Mas só em presença da «carteira de acções» que ela detém na área dos supermercados se poderia concluir. E esse dado é confidencial. Está «no segredo dos deuses»...
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