A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quarta-feira, abril 28, 2010

Antigo ditador do Panamá Manuel Noriega extraditado para França

Caso referente a lavagem de dinheiro


Público - 27.04.2010 - 08:33 Por Agências
O antigo ditador do Panamá Manuel Noriega chegou esta manhã a Paris depois dos Estados Unidos darem luz verde à sua extradição para França.
Manuel Noriega no aeroporto de Miami antes de embarcar no voo para
 França  
Manuel Noriega no aeroporto de Miami antes de embarcar no voo para França (Reuters)


Noriega, que tem mais de 70 anos, tinha sido julgado à revelia em 1999 e condenado a de anos de prisão por lavagem de dinheiro de lucros de cocaína através de bancos franceses – o dinheiro servira então para a compra de apartamentos de luxo. O antigo ditador, que tinha sido também informador da CIA, deverá ser sujeito a um novo julgamento em França

Noriega foi capturado pelos EUA no Panamá em Janeiro de 1990, duas semanas depois da invasão do país, na que foi na altura a maior intervenção militar norte-americana desde a Guerra do Vietname.

Noriega cumpriu entretanto a sua pena nos Estados Unidos por tráfico de droga, uma pena que terminou há dois anos, mas tinha permanecido numa prisão na Florida enquanto lutava contra a extradição para França. Os seus advogados dizem que como prisioneiro de guerra, Noriega deveria regressar ao Panamá (onde também foi condenado à revelia a uma pena de 20 anos por assassínio de opositores políticos, fraude e corrupção).

Noriega foi o chefe da espionagem militar até se tornar o comandante da poderosa Guarda Nacional e líder de facto do Panamá em 1982. Tinha sido recrutado pela CIA no final dos anos 1960, lembra a emissora britânica BBC, e gozou do apoio dos EUA até 1987 – era aliás um dos maiores aliados de Washington na América Latina.

Mas no ano seguinte foi acusado judicialmente nos Estados Unidos por tráfico de droga, e em 1989 declara “estado de guerra” depois de uma eleição marcada por alegações de irregularidades.

Seguiu-se um período de tensão entre tropas dos EUA estacionadas no Canal do Panamá e as tropas de Noriega. A morte um marine americano na Cidade do Panamá precipitou a invasão, que já estava planeada pela Administração de Bush-pai .

Noriega refugiou-se na embaixada do Vaticano mas acabou por se render depois de ter sido “bombardeado” com música pop e heavy metal em alto volume. Noriega foi então levado para os EUA e, em 1992, condenado por um tribunal de Miami.
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ENTREVISTA EXCLUSIVA COM O GENERAL NORIEGA

Atualizado em 11 de abril de 2008 �s 16:33 | Publicado em 01 de fevereiro de 2005 �s 17:27
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* Luís Carlos Azen ha
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No dia 20 de dezembro de 1989, milhares de páraquedistas americanos foram lançados sobre o Panamá. Foi mais uma das muitas intervenções dos Estados Unidos no quintal deles, a América Latina. Quem autorizou a invasão?O presidente George Bush, pai, que eleitores americanos chamavam de "wimp", fracote.
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Preso como bandido, o ditador panamenho Manuel Noriega foi levado para Miami e julgado. Pegou 40 anos de cadeia sob a acusação de facilitar o tráfico de drogas. O que fez este homem cair em desgraça com os gringos? Noriega foi assalariado da Central de Inteligência Americana, a CIA. Levava 100 mil dólares mensais para dedurar comunistas da América Central, na época em que Estados Unidos e União Soviética ainda estavam envolvidos na Guerra Fria - o confronto ideológico entre as superpotências que durou de 1945 a 1990.
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Estivemos com o general Noriega quando ele ainda mandava no Panamá. Assessores o chamavam pelas costas de cara de piñata, abacaxi, por causa da pele esburacada. Eu trabalhava como correspondente da Rede Manchete, em Nova York. Fui escalado para cobrir a crise que envolvia a Casa Branca e o então líder panamenho.
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Vocês já notaram como os americanos estão sempre em guerra contra alguma coisa? É para assustar o populacho e torrar dinheiro público com a indústria armamentista. Na época Noriega desafiava Washington, dizendo-se vítima de um complô imperialista. Os americanos o acusavam de lavar dinheiro sujo de traficantes da Colômbia. 
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Eu e o cinegrafista Hélio Alvarez desembarcamos na capital panamenha para acompanhar a crise que precedeu a invasão do país. Noriega, como bom político, dava uma no cravo, outra na ferradura. Permitiu a volta de um líder exilado bastante popular com a classe média panamenha, Arnulfo Arias. 
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Arias tinha vencido a eleição presidencial de 1984. Noriega deu um jeito de cancelar o resultado e, pasmem, recebeu apoio americano - Arias era ultranacionalista e poderia oferecer maiores riscos aos interesses de Washington. Na época de nossa viagem, em 1988, Noriega tinha o apoio dos mais pobres - feito Hugo Chavez, hoje, na Venezuela. 
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Não dá para ser muito nacionalista num país tão vital para os interesses americanos. O Canal do Panamá reduz em 35 mil quilômetros a distância marítima entre Nova York e a Califórnia. Os americanos não queriam um canal tão estratégico sob controle de um inimigo. Assim que desembarcamos na Cidade do Panamá contratamos um guia.
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Ele trabalhava para a TV estatal panamenha e tinha contatos no governo. Numa noite de folga, depois de algumas cervejas, se ofereceu para nos ajudar a conseguir uma entrevista exclusiva com o presidente. Pediu 100 dólares de gorjeta. 
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Dei o dinheiro como parte do pagamento pelo trabalho que ele estava fazendo, sem acreditar muito na promessa da entrevista. Na época, o ditador panamenho se negava a falar com os jornalistas americanos que acompanhavam a crise. Um ou dois dias depois, o guia nos deu a dica: Noriega iria a um bairro popular para um encontro com lideranças locais. 
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Fomos ao lugar, ainda descrentes de que o general iria aparecer. Noriega foi. Fez um discurso típico de república bananeira, brandindo um facão e prometendo resistir aos gringos. Presumo que àquela altura nosso guia já tinha se acertado com os seguranças. Na confusão, encostei no ditador e estiquei o microfone. 
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Ele aceitou dar entrevista quando soube que éramos do Brasil. Noriega disse não acreditar numa intervenção americana. Meses depois, seria bombardeado em pleno quartel-general. Feita a entrevista exclusiva, que foi ao ar no Jornal da Manchete, nosso próximo passo era acompanhar o desembarque do líder exilado. 
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Uma multidão acompanhou Arnulfo Árias pelas ruas da capital panamenha. Estávamos tranquilos. Não havia sinal dos brucutus que defendiam Noriega. Quando entramos nos becos do centro antigo da Cidade do Panamá, fomos pegos de surpresa. 
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A tropa de choque cercou os manifestantes, disparou bombas de gás pimenta e cassetadas em quem encontrava pela frente. Na confusão, nosso guia correu para um lado e Hélio Alvarez para outro. Bombas de gás explodiram perto da gente, num posto de gasolina. Fugi correndo para um beco. O gás pimenta queimava a pele, provocava lágrimas e dificultava a respiração. 
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Por alguns segundos, achei que ia desabar. É aquele momento em que a gente se pergunta: será que escapo dessa? De repente, alguém me puxou para dentro de uma casa de madeira. Recebi um pano molhado, que usei para cobrir o rosto. Deitei no chão da casa e comecei a recuperar a respiração. Minutos depois, refeito, corri para uma avenida. 
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Um carro identificado com a palavra "Press" no párabrisas parou para me resgatar. Eram colegas da tevê canadense. Voltamos ao hotel, onde reencontrei o Helinho ainda impregnado pelo cheiro de gás. Pela janela do quarto notamos que os brucutus do Noriega entravam pelo estacionamento do hotel, distribuindo pancadas em quem encontravam pela frente. Com frieza, Helinho usou uma fresta da cortina para filmar tudo. 
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Apagamos a luz do quarto, deitamos ao lado das camas e não respondemos quando alguém bateu na porta. Mais tarde, o então correspondente Moisés Rabinovitch, do jornal "O Estado de S. Paulo", se juntou a nós. Ele tinha contato com diplomatas brasileiros e recebeu a sugestão do embaixador de que deveríamos sair do hotel. Depois de transmitir o material exclusivo, o Helinho decidiu ficar, cuidando do equipamento. Fomos, eu e o Rabino, dormir na Embaixada Brasileira. 
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Foram os americanos que financiaram a construção do Canal do Panamá. Antes fizeram aluguel perpétuo de uma faixa de terra panamenha. Pagaram U$ 10 milhões de entrada e U$ 250 mil por mês. Esses gringos são mesmo bons de negócio. O canal só voltou ao controle panamenho em 31 de dezembro de 1999, depois de um acordo fechado entre Panamá e Estados Unidos nos anos 70, durante o governo Jimmy Carter. Quando decidiu invadir o Panamá, Bush pai despachou 20 mil soldados para enxotar Noriega do poder. 
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Bush pai foi diretor da CIA, a quem Noriega serviu muitos anos como delator. Quando deixou de interessar aos americanos, tomou um bico - como tantos outros. A invasão americana levou Noriega a buscar refúgio na embaixada do Vaticano. Depois de muito resistir, o ditador derrubado se entregou. Ainda hoje, cumpre pena nos Estados Unidos. 
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Quando penso naquela viagem, não festejo a entrevista com Noriega, nem as imagens exclusivas do Helinho.Lembro da boa alma que salvou a minha vida, me puxando pelo braço para dentro de um barraco.Sei que era uma mulher. Mal tive o tempo de olhar para o rosto dela. Quem quer que seja, que Deus a abençoe. 
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Publicado originalmente em 2005
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O general Noriega está acabando de cumprir a pena a que foi condenado, por tráfico de drogas, em uma penitenciária da Flórida. Ele foi condenado a 40 anos de prisão no dia 10 de julho de 1992. A pena foi reduzida para 30 anos.
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Noriega teria direito a liberdade no dia 9 de setembro de 2007. Porém, a Justiça americana deve aceitar o pedido de extradição da França, onde Noriega também responde a processo. Se condenado, pode pegar mais 10 anos de prisão por lavagem de dinheiro. No Panamá, Noriega foi condenado por homicídio "in absentia".
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O general é um dos veteranos da famosa Escola das Américas, na qual os Estados Unidos formaram alunos que figuraram com destaque em violações dos direitos humanos em toda a América Latina.
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Atualizado em 11 de setembro de 2007
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http://www.viomundo.com.br/arquivo/a-morte-de-perto/entrevista-exclusiva-com-o-general-noriega/
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