Correio da Manhã
Vítor Mota O BPP deixou ontem de funcionar como banco
Fecho do BPP custa 925 milhões
A falência do BPP, fundado por João Rendeiro, deverá custar ao Estado e ao sistema financeiro português, em conjunto, 925 milhões de euros.
Ontem, o Banco de Portugal revogou a licença do banco, uma iniciativa que, inevitavelmente, abriu portas à insolvência da instituição e ao accionamento do Fundo de Garantia de Depósitos (FDG) e do Sistema de Indemnização a Investidores (SII), mecanismos que, numa primeira fase, pagarão aos clientes de retorno absoluto.
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O empréstimo de 450 milhões de euros concedido ao BPP em 2008, com aval do Estado, está garantido por activos que rondam os 600 milhões. Apesar disso, fonte do BPP confirmou ao CM que "o banco admite virem a existir perdas dentro da instituição no valor de 200 milhões de euros". A mesma fonte admite, por isso, que "o Estado possa vir a perder 50 milhões de euros" com todo este processo.
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A somar a este valor, juntam-se os 125 mil euros que o Governo garantiu pagar aos clientes do banco através do accionamento dos dois sistemas de indemnização (FDG e SII). Ao que o CM apurou, foram cerca de sete mil os clientes do BPP aderentes ao Fundo Especial de Investimento (FEI).
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Feitas as contas, o accionamento dos dois sistemas de compensação deverão custar à banca cerca de 875 milhões. O que, tudo somado, representa um custo total de 925 milhões para o Estado e sistema financeiro português.
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Num comunicado emitido ao fim da tarde, o Banco de Portugal anunciou que, para os clientes que divulgaram o seu Número de Identificação Bancária (NIB), "a primeira parcela, até 10 mil euros, será paga no prazo de sete dias" e o remanescente, até ao limite de 100 mil euros, será pago "no prazo máximo de vinte dias úteis".
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O SII também já foi accionado e deverá começar a pagar aos clientes a partir de 5 de Maio.
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Contactada pelo CM, a Associação Portuguesa de Bancos (APB) – representante dos maiores bancos – disse que tomará a posição quando for oficialmente notificada da decisão dos reguladores.
ADÃO DA FONSECA SAI DO BANCO ATÉ AO FINAL DO MÊS
Adão da Fonseca, que foi nomeado pelo Banco de Portugal para gerir o BPP, vai sair do banco até ao final do mês, confirmou ao CM fonte do BPP. O banqueiro tinha já avisado que não ficaria no banco a cumprir funções de "comissão liquidatária". "Há pagamentos que têm de ser autorizados," adiantou a mesma fonte, explicando que "no final destes procedimentos [Adão da Fonseca] sairá".
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Recorde-se que, antes da nomeação, Adão da Fonseca era quadro do BCP, instituição à qual deverá regressar após a saída.
PORMENORES
FUTURO
O Sindicato dos Quadros e Técnicos Bancários vai propor a constituição de uma cooperativa ou mutualista para se candidatar a nova licença do BdP e assegurar o emprego aos funcionários do BPP.
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FUNDADO EM 1996
Em Novembro de 1996 foi lançada oficialmente a actividade de negócios do Private Banking do BPP, com um concerto de Montserrat Caballé no Centro Cultural de Belém.
Diana Ramos / Miguel A. Ganhão
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