- Francisco Murteira Nabo – Os economistas têm um papel decisivo num mundo cada vez mais caracterizado pela pressão tecnológica, pela mudança dos hábitos de consumo, pela desregulamentação, isto é por todo o enquadramento que leva à globalização. Aquilo a que chama crise, a questão das finanças públicas, é um problema conjuntural que levou a que o País tivesse dificuldades e afectou o seu desenvolvimento. Portugal não mudou a base tecnológica da sua economia, o que lhe colocou dois problemas: ao não deixar que as finanças públicas estivessem saudavelmente equilibradas atrasou-se em relação aos outros países no que se refere ao conteúdo da economia.
– Então apostámos num mau modelo de desenvolvimento?
– Nos últimos 20, 25 anos, Portugal cresceu, mas não criou sustentabilidade em termos da mudança da base tecnológica da sua economia. Tivemos uma estratégia muito concentrada nas obras públicas, nas infra-estruturas físicas, não apostámos naquilo que é hoje determinante para a criação de valor, que é a qualificação e as tecnologias. Continuamos a ser um país de baixa qualificação e baixa tecnologia, que aposta no crescimento de sectores amadurecidos.
– Já há desemprego entre os jovens economistas?
– Começa a haver. A Ordem dos Economistas agrega os macro e os micro economistas, dois terços dos nossos associados já são da área da gestão, isto é, da micro economia. É aí que começa a haver desemprego. O jovem economista, como o jovem de outras profissões qualificadas, é competitivo. O problema não está aí.
– Quais são as principais dificuldades que os profissionais de economia enfrentam actualmente em Portugal?
– As dificuldades sob o ponto de vista profissional prendem-se com o facto de, cada vez mais, o economista ter uma maior importância, porque cada vez mais a competição assenta na mudança, exigindo decisões económicas permanentes. Esta necessidade vai obrigar à formação contínua ao longo da vida. No futuro, os profissionais competentes serão os que melhor perceberem que a formação é uma questão crítica, fundamental para a sua competitividade no mercado de trabalho, que melhor se adaptarem à mutabilidade e que melhor pensarem em termos internacionais.
PERFIL
Francisco Murteira Nabo nasceu em Évora, em 1939. Licenciou-se em Economia, pelo Instituto
Superior de Ciências Económicas e Financeiras (ISCEF), em 1969. Foi ministro do Equipamento Social no XIII Governo constitucional. De 1996 a 2003 foi presidente do conselho de administração da Portugal Telecom. Actualmente é presidente da COTEC e chairman da Galp Energia.
GLOBALIZAÇÃO E MUDANÇA
“Ninguém sozinho resolve problema algum. Temos de arranjar parcerias, ter a noção de que a vida das empresas é feita de produtos e negócios com vida cada vez mais curta. Este é o mundo do economista e estas são as suas questões: internacionalização, globalização, mutabilidade , formação ao longo da vida e empreendedorismo”, diz Francisco Murteira Nabo na véspera da realização do II Congresso Nacional dos Economistas que vai juntar em Lisboa, durante dois dias, o Prémio Nobel da Economia, Edward Prescott, o Presidente da República, o primeiro ministro, o governador do Banco de Portugal e o ministro das Finanças.
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in Correio da Manhã 2007.10.11
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Comentários no CM on line
Sexta-feira, 12 Outubro
- Chico Pereira Aqui na horta do Ti Alfredo há muito serviço para ser feito.
- Alberto Gomes Há desemprego entre todas as profissões - não percebo o que é que os economistas tem de especial (muitos dos desempregados estudam tanto o mais anos que um economista).
.Quinta-feira, 11 Outubro
- helena r. Pois! E este sai da política a seguir da PT e agora está numa de bastonário! Sim senhor, a lotaria vai-lhe aindo aos poucos!
- edu Economistas ou economistas. Doutores ou doutores. Engenheiros ou engenheiros. Professores ou professores, Todos devem sentir na pele o que é estar desempregado.
- Maquiavel Economista desempregado? Então, economista não é aquele que se especializou em 'dinheiro'? Drucker dizia : "Não há economista que valha que tenha preocupações sobre donde virá a próxima refeição".
- Portugal Um País para se desenvolver precisa é de apostar em cursos tecnologicos e nao em treta de cursos só para encher vejam o exemplo dos EUA no tempo da recessão davam bolsas de estudo para quem envereda-se nos cursos de fisica matematica etc, nós só nos vamos desenvolver quando soubermos criar transformar e nao comprar á china e vender com lucro.
- mimi Já? será inverdade?
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