Segunda-feira, Janeiro 24, 2011
Cavaco 2011
Como era de esperar Cavaco recusou-se a dar explicações sobre os seus negócios colocando-se acima dos portugueses e apostando numa vitória eleitoral como prova da sua honestidade. Para Cavaco o português comum é julgado nos tribunais enquanto os políticos são julgados em eleições, como se os eleitores tivessem sido empossados no estatuto de juízes.
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Ao apostar na vitória numa primeira volta Cavaco pretendeu retomar o estatuto de presidente no pressuposto de que com a cobertura da dignidade institucional do cargo põe fim ao escrutínio da regularidade dos seus negócios. Vivemos num país em que são os cargos que dignificam as pessoas e não estas que dignificam os cargos, na nossa história não são raros os casos em que a justiça aguarda pelo fim dos mandatos para actuar, até com dirigentes desportivos isso já sucedeu no passado.
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O facto é que os negócios de Cavaco Silva suscitaram dúvidas que ele se recusou a esclarecer, dúvidas que são adensadas pelo facto de alguns dos seus parceiros de negócios terem sido os responsáveis pela maior fraude financeira na história de Portugal, e porque alguns dos benefícios financeiros obtidos por Cavaco Silva terem em comum com essa fraude a mesma fonte de dinheiro.
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O Cavaco reeleito nestas presidenciais tem menos credibilidade do que o foi eleito há cinco anos, depois de um mandato medíocre manchado por episódios obscuros como o das escutas a Belém recusou-se a prestar os esclarecimentos necessários para dissipar quaisquer dúvidas quanto à sua honorabilidade. Pior, desculpou-se de forma ridícula, chegando ao ponto de se armar em mísero professor ignorante em mercados financeiros ou de um ignorante em negócios onde só assinava os cheques.
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A máquina de Belém e as vastas influências do cavaquismo institucional poderão calar uma boa parte da comunicação social o que, aliás, já sucedeu na segunda semana da campanha. Até poderá levar a justiça a fazer vistas largas, a mesma justiça que se deu ao trabalho de investigar coisas tão delituosas como as licenças de construção da autarquia da Covilhã ou um diploma da Independente. Mas dificilmente silenciará toda a comunicação e muito menos este poderoso instrumento de comunicação que é a internet.
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Cavaco ganhou as presidenciais mas sofreu pesadas derrotas, não viu o seu mandato legitimado com o voto esmagador que as falsas sondagens previam, a sua honradez foi questionada sem que a tivesse sabido defender, teve menos votos do que nas eleições anteriores, foi o presidente reeleito com menos percentagem e com menos votos, deixou de estar acima de qualquer suspeita.
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Cavaco teve uma amarga vitória.
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http://jumento.blogspot.com/2011/01/cavaco-2011.html
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