25/01/11
Proposta governamental para indemnizações
Num sinal mais que óbvio de um imenso calculismo casado com uma flagrante cobardia, foi no dia a seguir às eleições e não na véspera ou antevéspera que se ficou a conhecer a indigna e revoltante proposta do governo para a alteração do regime das indemnizações por despedimento aplicável aos trabalhadores contratados após a entrada em vigor dessa nova lei.
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A proposta do governo é verdadeiramente de bradar aos céus e há 10 ou 15 anos ninguém acreditaria que tal coisa passasse pela cabeça a alguém. As alterações propostas estão aqui no Público mas fique já aqui a informação que antiquíssima regra do mês por ano de trabalho é reduzida para vinte dias, que um trabalhar despedido ao fim de um ano deixa de ter direito a três meses de indemnização e que um trabahador despedido ao fim de 13, 20 ou trinta anos de trabalho teria direito a uma indemnização como se só tivesse trabalhado 12 anos (chamo vivamente a atenção para que a criação deste tecto máximo - 12 meses - teria enorme repercussões).
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Eu não tenho dúvida de quanto isto doeria a curto, médio ou longo prazo aos trabalhadores sujeitos a estes novas regras. Mas já tenho as maiores dúvidas que estas novas regras possam vir a significar, no conjunto de volume de negócios das empresas, uma poupança de encargos com algum significado, tirando talvez os seus donos poderem comprar mais algum Audi ou BMW.
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E, se não estou equivocado, arrisco-me a conjecturar que esta alteração, para além de ser uma nova afirmação da vocação deste governo como capacho das orientações da OCDE, visa sobretudo sinalizar psicologica e ideológicamente junto das novas gerações de trabalhadores que tem de se habituar à ideia de que, nisto e em muitíssimo mais, não vão ter os direitos que gerações precedentes justa e corajosamente conquistaram.
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Dito isto, talvez aqueles que se obstinam em ver a vida política num sistema de caixas fechadas, ao olharem para isto, devessem ver como são cínicos, esparvoados e aéreos os seus suspiros e apelos para uma «unidade de esquerda» (esquerda em que, atenção, eles incluem o partido do governo que assina por baixo estes revoltantes e infames retrocessos).
P.S.: Deliberadamente, e ao contrário de outros, nem sequer venho responder ao argumento governamental de que temos de acompanhar a Espanha lembrando o valor dos salários em Espanha e designadamente até do seu salário mínimo. Respondo apenas e só, forte e feio, que as desgraças impostas aos outros não podem ser farol que nos guie ou console.
P.S.: Deliberadamente, e ao contrário de outros, nem sequer venho responder ao argumento governamental de que temos de acompanhar a Espanha lembrando o valor dos salários em Espanha e designadamente até do seu salário mínimo. Respondo apenas e só, forte e feio, que as desgraças impostas aos outros não podem ser farol que nos guie ou console.
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