A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quarta-feira, outubro 31, 2007

As trevas de Fátima e do anti-comunismo


* Jorge Messias
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Nas versões fantasistas com que o Vaticano tenta corrigir o seu discurso ideológico, há sempre uma altura em as teorias emperram e a fuga para a frente se transforma em corrida veloz de regresso ao passado e ao mundo dos mitos que a Razão recusa. Os exemplos abundam, desde as intenções conciliares do aggiornamento que o papado cilindrou aos discursos vazios de sentido acerca da não-contradição entre o pensamento científico moderno e a mística da fé e da tradição. Ou no saltitar de um triunfalismo que saudou a vitória irreversível do Capitalismo sobre o Movimento Comunista das trevas e agora, sob a pressão da crise financeira mundial, volta aos velhos tempos do anti-comunismo primário. É caso para perguntar: afinal, o Comunismo morreu ou continua a ser para a Igreja a expressão de um risco letal?
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O grande problema do Vaticano é ser-lhe cada vez mais difícil manter no papel as promessas não cumpridas, continuar a falsear o sentido das palavras e disfarçar as redes de intrigas e de falsas virtudes que inspiram os cardeais, radicalmente sectários e conservadores.Ora, se as falsas promessas não chegam para convencer, então é preciso esmagar. E quando é este o panorama da história a igreja não hesita: dá o dito pelo não dito, faz contravapor e retorna aos tempos do imobilismo, da contemplação e do terror, quando a resignação se representa ao homem como a única alternativa possível.
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Esta gélida versão combate-se com o exercício da razão, pela força popular da unidade de acção e com o reforço da luta de classes.

Sócrates, o Capital e a Igreja

O espaço é pequeno e o texto sobre Fátima e o comunismo seria longo. Pode ir-se por outro caminho. Que efeitos têm tido no panorama nacional os actos da actual administração socialista? Crise na produção, crise monetária, pior distribuição da riqueza, mais desemprego, péssimos salários, desvio de recursos essenciais para o que é acessório, menos educação, menos saúde, corrupção pública, fraude, escândalos, miséria moral, degradação.
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Como é evidente, tal quadro desencadeia os aplausos, quer do grande capital que atingiu as alturas jamais sonhadas das taxas máximas de lucros e da constituição de impérios monopolistas, quer dos seus homens de mão que aspiram ao retorno ao poder autoritário das elites fascistas ou fascizantes a que pertencem. Defendem a ideia de que, se a riqueza dos ricos provoca a pobreza dos pobres e esta, no pior dos casos, pode vir a agravar o choque entre as classes sociais, o poder repressivo dissuasor continuará firmemente entre as mãos das polícias, do patronato e da igreja. Da polícia, por ter as armas e deter as redes de informação. Do patronato, que separa e decreta quem deve sobreviver e quem deve morrer. Da igreja – a sábia e experimentada – que fornece às massas os ópios moderadores e possui o dom do domínio das palavras. Não foi certamente por acaso que nos dias que antecederam a consagração da faraónica basílica de Fátima, a comunicação social entrevistou e deu voz a um dos mais fanáticos representantes da hierarquia, o poderoso reitor do Santuário, monsenhor Luciano Guerra. No jogo das perguntas e respostas, muito do que transparece (aquilo que se diz e aquilo que se cala) contém informação reveladora vinda dos limbos do poder católico. A este respeito, apenas alguns apontamentos.
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A Igreja da Santíssima Trindade custou entre 70 e 80 milhões de euros. Está apta a receber 5 milhões de visitantes por ano. Em cada fim-de-semana da época turística, vende 12 toneladas de velas de cera por dia. O santuário lançou-se, também, no ramo da electrónica. Se, por hipótese, o padre Luciano recebesse mais 80 milhões para outra igreja, prometia «dar metade aos pobres». O painel dourado que decora o altar-mór tem 500 metros de largura. O templo é servido por 12 portas monumentais, em bronze. A encenação é perfeita.
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Veja-se só como monsenhor Luciano controla as regras da psicologia de massas. Numa altura em que, na sociedade civil crescem as dificuldades e as incertezas, o padre acena com uma igreja milionária e ultrapoderosa. Uma igreja que, se tiver ofertas dos crentes, dará esmolas principescas para compensar as falhas fraudulentas do Estado civil. Uma igreja que inspira confiança aos ricos, desmobiliza e tolhe de respeito os pobres. Uma igreja das Arábias. Fátima, é isto.
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Uma última nota. A Concordata de 1940 e a Lei da Liberdade Religiosa tratam confusamente, de forma deliberada, a questão dos benefícios e privilégios da igreja católica e do infindável número das suas organizações, desde as que funcionam na área social, às fundações e ao mecenato, às ONGS e às Misericórdias. A igreja de Fátima terá custado 80 milhões. Mesmo que assim seja, é muito dinheiro. E é alarmante ver como tudo isto se passa num país atravessado de lés-a-lés pela corrupção, pelo tráfico de divisas e de influências, pelo compadrio das parcerias e pelo reforço permanente do autoritarismo elitista.
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Quem fiscaliza as caves subterrâneas do Vaticano?
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in Avante 2007.10.18
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Quadro - José Gusmão

O arruaceiro



* Henrique Custódio
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São conhecidas as penas que por aí andam a opinar ao serviço e ao sabor das conveniências do poder. Compreende-se porquê: não se morde a mão do dono. Hoje, os grandes órgãos de comunicação social ou pertencem a meia dúzia de grupos económicos ou dependem do Governo.
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Daí que não seja novidade o branqueamento que, mais uma vez, a alfurja desses comentadores tentou espraiar sobre as graves ocorrências desencadeadas na sequência de manifestações frente ao primeiro-ministro José Sócrates, nomeadamente o «sequestramento» e identificação de manifestantes atrás de uma fita realizado pela GNR em Montemor-o-Velho ou a inacreditável «visita» de dois agentes da PSP ao Sindicato dos Professores na Covilhã, para intimidar a luta dos sindicalistas.
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Um comentador houve, contudo, cujo encarniçamento na defesa de Sócrates atingiu tal desvario nas páginas do CM, que merece alguma referência. Falamos de Emídio Rangel, autor de uma prosa com o mimoso título «Os arruaceiros».
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Depois de perguntar se «é democrático» que «um cidadão, legitimado pela escolha dos portugueses em eleições livres, chamado a ser primeiro-ministro» tenha de «suportar, sempre que se desloca em serviço pelo País», diversas «ofensas e indignidades» vindas de «uma “manifestação espontânea” com trinta ou quarenta cidadãos vindos de fora», Rangel denuncia, citando uma fonte chamada «toda a gente»: «Creio que toda a gente sabe que essas “manifestações espontâneas”, ilegais, são da inteira responsabilidade do Partido Comunista, que as prepara meticulosamente».
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Posto isto, lança a «hipótese» de o PCP ter «um centro de preparação de arruaceiros desta estirpe» e denuncia, agora sem citar «fontes», como é que se organiza a coisa: «São mobilizadas vinte ou trinta pessoas comuns» (pelos vistos os comunistas também podem ser «comuns»), com umas «faixas com as mensagens decididas no partido, os atestados médicos para os libertarem do emprego naquele dia, um “autocarrozito” para os levar», mais «umas lancheiras para o “almocito” do dia e lá vão eles, cumprir a arruaça programada».
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E para que não restem dúvidas sobre o pensamento que o move, conclui que «ainda não percebi, em toda esta mistificação, a razão pela qual os Serviços de Segurança permitem que os arruaceiros façam o seu “teatro” ilegal e ofensivo a poucos metros do primeiro-ministro».
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Só lhe faltou acrescentar que os tais «arruaceiros» deveriam ser presos ou corridos a tiro -como no fascismo -, mas não faz mal, a gente percebe.
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Convém recordar ao prosador que as manifestações – longe ou perto do primeiro-ministro - não são «ilegais» nem «teatros»: são direitos democráticos conquistados com Abril e consagrados na Constituição.
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Registamos, contudo, o repentino desvelo de Rangel para com as «escolhas dos portugueses em eleições livres». Para quem, não há muito tempo, fanfarronava do alto da sua proeminência à frente da SIC que «elegia Presidentes da República como quem vende sabonetes», configura um passo em frente.
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Quanto a seu anticomunismo, pela amostra, já deixou de ser primário e tornou-se bacoco.
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«Central de arruaceiros»?!... «Mensagens do Partido» com «lancheiras» e «almocitos»?!... Francamente...
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Assinalamos, finalmente, que Rangel não se deve iludir com o facto de ter começado a ser notícia e «notável» da comunicação quando arrombou à marretada as portas da TSF. Se sonha recuperar o poder doutros tempos na televisão adulando José Sócrates, deve ter em conta que a marreta não será a pena mais adequada para redigir panegíricos...
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in Avante 2007.10.18
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Foto - O Fado - de Maurice Mariaud - Col Cinemateca Portuguesa

Máfia estende tentáculos


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A associação dos comerciantes e pequenos empresários italianos (Confesercenti) denuncia no seu relatório anual que o volume de negócios das organizações mafiosas (fora o tráfico de drogas) ascende a 90 mil milhões de euros, ou seja, cerca de sete por cento do produto interno bruto do País.
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O documento, divulgado dia 22, alerta para «a infiltração crescente de organizações criminosas de carácter mafioso no tecido económico» da península, que não poupa sequer «as grandes empresas cotadas em bolsa, com sede em Milhão ou em Turim».
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O estudo, intitulado «SOS Empresas», afirma que têm sido particularmente visadas as empresas com actividades ligadas à construção e obras públicas como a Italcementi (cimentos), Impregilo (a maior construtora italaiana) e a Condotte (construção civil e adução de águas)
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in Avante Nº 1770 - 01.Novembro.2007

Por quem dobram os sinos? - - «Tocam pela Justiça e pelo Direito»(1)


* Odete Santos
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A história reporta-se ao século XVI numa aldeia perto de Florença onde um homem se pôs a tocar os sinos a finados, num dia em que ninguém morrera.
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Perguntado sobre os motivos que o tinham levado a tão insólita atitude, teria respondido:
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«Toco pela Justiça e pelo Direito que morreram.»
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Não seremos tão radicais.


Contribuição para a reflexão realizada no passado dia 3 de Outubro, no teatro, promovida pela Associação para a Defesa dos Direitos e Liberdades Democráticas – Fronteiras – que teve lugar na Barraca, em Lisboa. A iniciativa debruçou-se especialmente sobre os problemas originados para a liberdade e segurança dos cidadãos com a entrada em vigor do novo Código de Processo Penal e a limitação crescente do acesso pela generalidade dos cidadãos ao direito e à justiça.



Aliás o lema com que iniciámos a apresentação da nossa Associação, contém palavras de esperança que Nazim Hikmet tão bem sintetizou num poema:
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«Mas é para a frente que vamos, não é verdade? É para a frente que vamos.»
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Contudo, o que se passa na área da Justiça, é motivo para sérias preocupações.
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A reforma do Código do Processo Penal desencadeou um toque a rebate, que bem prova que os cidadãos não abdicam do seu sentido crítico apesar de uma bem urdida teia que lhes é reservada, neste caso, pelo Pacto da Justiça que teve como protagonistas o PS e o PSD.
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Enquanto o PS se aprimora em medidas arbitrárias contra a propaganda política, reprimindo sobretudo jovens, preparou à moda da Santa da Ladeira milagrosas receitas, para poupar ainda mais na área da Justiça e para a colocar sob a sombra benfazeja do poder político.
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E sempre que alguém avança com alguma bem fundada crítica é certo e sabido que das bandas do Governo e da sua maioria, um ruído ensurdecedor faz lembrar que «ninguém dá lições ao PS».

A reforma do processo penal

Afirma-se que a mesma foi congeminada há muito tempo.
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Pasma-se então com o produto de tão profundas congeminações.
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É que, desde evidentes e clamorosos erros de palmatória, até à fundamentação em falsas asserções e às consequências já sofridas pela máquina judiciária (e ainda os embates que estão para vir) de tudo se compõe esta reforma do processo penal.
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Com efeito, a respeito da prisão preventiva, o Governo propôs à Assembleia, induzindo-a em erro, um regime especial e mais grave de prisão preventiva para algumas espécies de crimes. Mencionando expressamente os referidos nos artigos 312.º n.º1 e 315.º n.º 2 do Código Penal, sendo certo que estes artigos já foram revogados em 2003. De resto na republicação do Código resultante das alterações aprovadas apenas uma semana antes da aprovação do Código do Processo Penal consta expressamente que tais artigos foram revogados pela Lei 100/2003. Qual Fénix renasceram das cinzas uma semana depois, e ninguém sabe como ou porquê.
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Mas ainda de acordo com o estudo da procuradora Odete Maria de Oliveira a que nos estamos a reportar, outros crimes expressamente referidos como elevando para o dobro o prazo da prisão preventiva, não admitem essa medida de coacção e outros nem sempre a admitem.
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A isto conduz a arrogância de quem se julga detentor da verdade absoluta por exercer o poder absoluto.
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Aliás, desconformidades semelhantes encontramo-las na proposta de lei para constituição de Bancos de ADN, onde se refere que constará expressamente desses bancos o ADN dos condenados a uma pena concreta de 3 ou mais anos de prisão ainda que esta tenha sido substituída. Ora, compulsando o Código Penal, verificamos que apenas num caso (crime cometido no exercício de profissão, função ou actividade, públicas ou privadas) pode ser substituída uma pena de prisão concreta de 3 anos. Todas as outras penas só podem ser substituídas nuns casos quando a pena concreta for de 1 ano, e noutros de 2 anos. Ou será que não é erro, e o que o Governo quer «fichar» são os trabalhadores, ainda que o crime não tenha a ver com as funções?
Mas não param aqui as imperfeições do legislador Governo e do legislador da maioria.
Se recorrermos à lei de política criminal veremos que esses legisladores nem sequer sabem que a prisão por dias livres é uma pena privativa da liberdade.
Acresce ainda que os últimos indeferimentos dos pedidos de habeas corpus requeridos por condenados que ainda não tinham sido notificados do último acórdão, no dia 14 de Setembro, provam que não havia necessidade de arrostar com mais pedidos de habeas corpus se se tivesse cuidado da redacção de alguns artigos (ou, já agora, se a vacatio legis do Código fosse como a do Código do Processo Penal de 1987- cerca de 1 ano.

A prisão preventiva

Durante anos e anos quiseram convencer a opinião pública de que Portugal era o país com maior número de presos preventivos.
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Contudo, a bota nunca bateu bem com a perdigota.
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É que, se por um lado, essa era a voz corrente nos meios políticos, por outro lado, as forças policiais queixavam-se de que os Tribunais libertavam os presos por elas detidos.
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É verdade que durante muito tempo se cometeram abusos na prisão preventiva. Mas evoluiu-se na aplicação do Código do Processo Penal, tendo como referência a Constituição da República.
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E sem prejuízo de melhorias que eram necessárias, a verdade é que a vozearia do Governo e do legislador da maioria (a vozearia foi sempre o estratagema usado para que não se ouvisse a razão das críticas) essa vozearia não quis deixar ouvir os dados concretos sobre o número de presos preventivos em Portugal
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Porque a estratégia foi sempre poupar dinheiro nas prisões.
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Por isso, sobre as falsidades que foram veiculadas durante anos, é preciso reafirmar de novo que, segundo o International Center for Prison Studies do King´s College of London, Portugal, entre os países analisados (da Europa, mas também o Canadá e a Austrália) encontra-se no 2.º ranking de países com menos presos preventivos. Apesar de a nossa Constituição e a lei considerar (e bem) que a prisão preventiva só termina com o trânsito em julgado da condenação, ao contrário do que sucede noutros países.
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E assim, dúvidas não parecem restar, de que na base das proclamadas «boas intenções» do legislador da maioria estão propósitos meramente economicistas.

O direito à liberdade e à segurança
A Constituição de Abril proclama no seu artigo 27.º:

Todos têm direito à liberdade e segurança


E estes todos são não só aqueles injustamente perseguidos penalmente, como aqueles a que não pode ser aplicada prisão preventiva por desproporcionada relativamente ao crime cometido, como os milhões de cidadãos que não cometeram qualquer crime.
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É justo que estes se alarmem porque são restituídos à liberdade pessoas que, na vigência da lei antiga, cometeram crimes graves. Sentem em perigo a sua liberdade e segurança.
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Mas a segurança dos cidadãos também se faz através da reinserção social dos reclusos.
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A reinserção social é aliás proclamada no Código Penal como uma finalidade das penas.
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E é tanto do interesse dos reclusos essa reinserção, como do interesse dos milhões de cidadãos titulares do direito constitucional atrás referido.
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Porque com a reinserção social se previne a recidiva no crime.
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Mas é ponto assente que essa finalidade da pena foi abandonada.
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Agora, o que interessa é ter cada vez menos reclusos, o que é conseguido através de mecanismos contidos em diversas leis:

1 - Ou através da mediação penal permitida para crimes graves;

2 - Ou através da imposição ao Ministério Público por via da lei de política criminal do dever de pedir a aplicação de penas não privativas da liberdade, mesmo quando o arguido tenha cometido vários crimes, por exemplo de furto, e da imposição ao Ministério Público do dever de recorrer em favor do arguido, quando o Juiz não tenha aceite o requerimento para aplicação de uma pena não privativa da liberdade. Ou quando se proíbe o Ministério Público de recorrer quando o Juiz não decretar a prisão preventiva

3 - Ou através da aplicação do novo Código do Processo Penal a pessoas já condenadas por decisão transitada em julgado, sempre que o regime daquele seja mais favorável. É isto que consta de dois novos artigos, um incerto no Código Penal e outro no Código do processo Penal..

E isto para quê?

Para que pessoas condenadas a uma pena concreta não superior a 5 anos, e em cumprimento da mesma possam requerer novo julgamento para que a pena seja suspensa.

Este é um facto inaudito que nunca sucedeu no ordenamento jurídico português.

4 - Ou através da flexibilização do regime de liberdade condicional, para que os reclusos saíam mais depressa das prisões, ainda que se não possa garantir a sua ressocialização.

Poupar o mais possível, ainda que à custa da liberdade e segurança dos cidadãos, e arrecadar o mais possível, o que o Governo faz com maestria ao elevar o quantitativo diário da pena de multa em 500%.



Perguntar-se-á, e com razão, por que é que foi gasto uma parte do Orçamento do Estado com 2 estudos sobre a reforma das prisões (um promovido no tempo do Governo PS) e outro no tempo do Governo PSD/CDS, se o resultado pretendido era, afinal, o que agora transparece de vários diplomas?

Argumentos de régua e esquadro

O legislador da maioria pôs-se a fazer contas de cabeça, e como haveria uma diferença para menos, no tempo da prisão preventiva, concluiu que os presos libertos se não fossem soltos no dia 15 de Setembro, seriam soltos daí a dois meses.
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E até afirmou, sem esclarecer, que até tinham aumentado, nalguns casos, o tempo da prisão preventiva.
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Ora, pergunta-se: Que provas concretas nos fornecem de que isso iria acontecer? O Supremo Tribunal de Justiça poderia em dois meses inscrever na Tabela para Julgamento, o recurso dos arguidos que cometeram crimes graves contra o casal inglês.
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O Ministério Público deduziu acusação contra um arguido que detinha em sua casa um arsenal de armamento, impedindo a sua libertação. Se calhar à custa da promoção de diligências de prova, o que pode repercutir-se no julgamento.
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Quanto ao endurecimento da prisão preventiva em certos casos, está já esclarecido que não se aplica aos processos anteriores, por ser o Código velho o mais favorável. Mas é também o Código Velho que não permitiu a libertação de arguidos, pois que o aumento da prisão preventiva apenas se aplica aos casos de confirmação da sentença em sede de recurso. E não ao período anterior.

A marca de classe

Não se deixará de referir que os poderosos precisavam, como do pão para a boca da alteração que conseguiram relativamente ao segredo de justiça. Para, mais facilmente, inutilizarem uma investigação na área da criminalidade económico.
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Sendo parcos os meios para a investigação deste tipo de crimes, é óbvio que estão em risco investigações dos chamados crimes de colarinho branco.
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Mas a marca do passado perpassa ainda pelo regime da publicidade das escutas telefónicas, que cerceia o direito à informação e a ser informado, que é o mesmo que dizer, que cerceia direitos dos jornalistas.
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O Governo deitou-se no divã do psicanalista, e confessou-se através deste Código.

E o mais que adiante se ouvirá…

Estão na forja outros diplomas que contêm aspectos de extraordinária gravidade, e que desferem ataques à autonomia do Ministério Público e aos Tribunais.
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A Lei da organização criminal que atrás se refere atinge com as primeiras saraivadas aquela autonomia e a independência dos Tribunais.
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A proposta de Lei Orgânica da Polícia Judiciária omite a fiscalização processual da Polícia Judiciária pelo Ministério Público.
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A Lei de organização da investigação criminal introduz uma nova eminência parda no mecanismo, o Secretário Geral da Segurança Interna, da confiança e na dependência do Primeiro Ministro, com funções nada transparentes, entre as quais a de repartir os meios destinados à investigação criminal.
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E a Justiça sem meios, ou sem meios suficientes, pode justificar um toque a rebate.
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E depois de tudo isto, não haverá quem proceda à recolha do ADN do Governo, e de quem com ele pactua, para que conste de um Banco, onde armazenemos os nossos pesadelos?


(1) Extracto de um editorial do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público que relata uma parte da intervenção (uma história) proferida pelo prémio Nobel José Saramago no Congresso do organismo espanhol que congrega os magistrados do Ministério de Espanha.
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in Avante Nº 1767 - 11.Outubro.2007

«Morte lenta» no arrendamento


PS é «fiel representante» dos grupos económicos
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A JCP manifestou-se contra a revogação do Incentivo ao Arrendamento Jovem (IAJ), através do Decreto-Lei n.º 308/2007 de 3 de Setembro que também cria o programa Porta Aberta 65.

«Desde há vários meses que vimos denunciando a estratégia do Governo PS de uma “morte lenta e agoniada” para o IAJ, agora a extinção deste incentivo que abrangia cerca de 25 mil jovens, deixa claro as nossas piores previsões», acentua a JCP.
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Em nota de imprensa, distribuída na passada semana, os jovens comunistas desmascararam as promessas do PS, em 2005, que apregoou a intenção de «desburocratização» do processo de candidatura ao IAJ.
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«Para este Governo, a intenção de desburocratizar é sinonimo de extinguir», acusam, recordando que «o Orçamento de Estado para 2007 previu uma redução de 50 por cento na despesa para este incentivo».
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O processo de candidatura tornou-se então mais moroso, e menos certo de que haveria resposta afirmativa de acesso ao IAJ para os muitos milhares de jovens candidatos.
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Entretanto, ao mesmo tempo que o Governo PS preparava a extinção do IAJ, o PCP apresentava um Projecto de Lei sobre a mesma matéria, no qual sublinhava a importância da desburocratização da candidatura e a renovação para obtenção do IAJ, bem como a duplicação do valor máximo.
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A proposta dos comunistas pretendia eliminar qualquer injustiça com base nas disparidades salariais entre jovens, e com base nas assimetrias dos valores mensais de arrendamento nas diferentes regiões do país, o calculo do valor fosse feito com base no pressuposto de que nenhum jovem deve suportar mais que uma taxa de esforço de 20 por cento em gastos de arrendamento.

«Parente pobre»

Em substituição do IAJ surgiu o Porta 65 – Jovem. Para a JCP as «desvantagens» e «limitações» deste programa são inúmeras, sendo as mais gravosas o «funcionamento por concurso, com número de vagas sujeito às opções políticas orçamentais, num quadro de crescente desinvestimento por parte do PS nesta área», a «redução do tempo de atribuição para três anos, em vez de cinco», a «diminuição do montante em cada ano de atribuição» e a «exigência de entrega de documentos relativos aos rendimentos dos pais que poderão determinar a exclusão de candidatos ao apoio Porta 65 – Jovem».
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«O Governo PS, fiel representante dos grandes grupos económicos, toma assim a opção política de favorecimento da banca por via indirecta, “empurrando” os jovens e os trabalhadores portugueses para a contracção de empréstimos e endividamento das famílias, em detrimento da construção de habitação social», critica a JCP, acrescentando: «São milhares os jovens portugueses confrontados com baixos salários, precariedade, falta de direitos laborais, insegurança e instabilidade na sua vida pessoal».
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in Avante Nº 1767 11.Outubro.2007

Um estudo encomendado


* Vasco Cardoso
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Na segunda-feira pela manhã, o Diário de Notícias – DN - chegou às bancas exibindo na capa como título principal a seguinte afirmação: «Estudo do Estado arrasa imagem do sector público». Nada melhor do que começar a semana com mais uma baforada da bafienta tese de que serviços públicos e funcionários públicos não prestam.
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Por encomenda do Instituto Nacional de Administração à Universidade Católica – dificilmente uma instituição pública de ensino superior estaria habilitada para tão «exigente» exercício -, e sob a coordenação de Roberto Carneiro, foram entrevistadas cerca de 300 pessoas, para se concluir aquilo que se queria que concluísse, e que o próprio DN fez questão de destacar – «Estado funciona pior do que o sector privado».
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Dias antes, e pelo sétimo ano consecutivo, assistimos à divulgação do «Ranking das Escolas», uma trafulhice produzida na base da comparação das médias obtidas pelos alunos de cada escola em exames nacionais e que, mais uma vez, projecta a ideia de que é nas instituições privadas onde melhor se ensina e aprende. Para Novembro, a revista Sábado já fez anunciar que dará a conhecer «Os dez melhores hospitais», e não será difícil imaginar o que dali irá sair.
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Claro está, que não é uma notícia que faz mudar o mundo e muito menos um «estudo» encomendado pelo governo PS a um ex-ministro PSD. Mas o que é significativo, é a continuada campanha contra os serviços e funcionários públicos, multiplicando até à exaustão mentiras que, de tantas vezes repetidas, se tornam «verdades» na boca de quem as diz e publica, e uma referência para quem as ouve e lê.
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O processo de envenenamento das populações contra os serviços públicos, para mais adiante justificar a sua entrega a privados (mas continuando os mesmos a serem financiados pelo Estado), joga-se em múltiplos tabuleiros. Desde logo porque é necessário convencer milhões de pessoas que têm como adquirida a ideia de que ir ao Hospital, frequentar a Escola, passear por uma rua limpa ou simplesmente beber água, é um direito que decorre de um tipo de organização social onde cabe ao Estado garantir cada uma dessas coisas.
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Daí o boicote, os encerramentos, a asfixia financeira, a retirada de direitos, a detracção e as campanhas contra a «coisa pública» em que este governo se especializou, não por maldade, mas por obediência e lealdade com o compromisso assumido com o Capital de lhe vender o país e ainda lhe pagar-mos por isso.
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in Avante Nº 1770 01.Novembro.2007

Alô Cuba


* Anabela Fino
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O presidente dos EUA, George W. Bush, protagonizou há dias uma encenação grotesca mas muito esclarecedora do que a actual equipa da Casa Branca entende por «defesa da democracia». Perante os membros do seu gabinete e as câmaras da CNN, Bush deu asas à imaginação e falou sobre a vida em Cuba. Quem teve oportunidade de o ouvir – e poucos terão sido os mortais que escaparam à prelecção, com honras de difusão em horário nobre nos noticiários – ficou a «saber» coisas interessantíssimas, tais como que em Cuba é proibido «mudar de trabalho», «mudar de casa», a reunião de «mais de três pessoas», «ler livros diferentes dos publicados no país», ou ainda que os cubanos «são forçados a andar de cavalo», e que os jornalistas pedem encarecidamente aos amigos que lhes levem «esferográficas e tinta para as máquinas de escrever». Numa palavra, que em Cuba se vive na idade da pedra ou perto disso, o que só não é de todo dramático porque, sempre segundo Bush, há «cada vez mais manifestações pacíficas contra o governo», que por acaso é uma feroz e sanguinolenta «ditadura».
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Certamente por esquecimento, Bush não falou das criancinhas comidas ao pequeno almoço, mas disse que «a palavra chave para Cuba não é estabilidade mas sim liberdade», pelo que instou a comunidade internacional a conjugar esforços para a «libertação do povo cubano».
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Como estas coisas não se fazem sem ajuda – que o diga o povo iraquiano, há quatro anos a viver as delícias da «liberdade duradoura» prometida por Bush – o presidente norte-americano logo ali apelou ao Congresso para ratificar o bloqueio que há quase 50 anos mantém contra a pequena ilha caribenha e, em jeito de quem acena com a cenoura ao burro, prometeu a criação de um fundo, mais um, para os empresários que hão-de colher os frutos da economia do país quando se registarem «mudanças profundas».
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Com a enorme subtileza que o caracteriza, Bush pediu a colaboração das Forças Armadas e da polícia cubanas, exigiu a prisão dos actuais dirigentes e deixou claro quem serão os «eleitos» do futuro delineado por Washington ao afirmar que «os dissidentes de hoje serão os líderes de amanhã».
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Nesta «lição de democracia», sem direito a público nem a perguntas (ao contrário do que sucede com o tão criticado programa Alô Presidente, de Hugo Chávez), Bush teve ainda tempo para se solidarizar com os cubanos que «com grande risco» acompanhavam o seu discurso através dos canais norte-americanos que transmitem para Cuba.
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O que Bush não disse – e muitos outros calaram – é que apenas cinco horas depois deste patético Alô Cuba, o canal público Cubavisión (do tenebroso regime cubano), no programa Mesa Redonda, retransmitia a sua intervenção na íntegra, e, ao contrário do que fez a CNN, sem sequer intervalo para publicidade.
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Embora seja público e notório que a Casa Branca está sempre pronta para apaparicar Cuba, vale a pena dizer que esta encenação bushiniana não ocorreu por acaso. É que estamos em vésperas de mais uma Assembleia Geral da ONU onde – surpresa!!! – vai estar mais uma vez em debate a questão do bloqueio, o tal que em nome da democracia obriga o povo cubano aos mais severos sacrifícios para defender a sua Revolução.
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in Avante Nº 1770 01.Novembro.2007
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Política externa do Governo PS - A submissão às grandes potências


O Governo associa-se às mais perigosas e retrógradas visões da situação internacional
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O PCP considera que a política externa do Governo PS «colide com os interesses nacionais» e com a Constituição, defendendo, em alternativa, uma «política de paz, cooperação e amizade com todos os povos».

Analisando os desenvolvimentos da nossa política externa no quadro da presidência portuguesa da União Europeia, Ângelo Alves, da Comissão Política, em conferência de imprensa na passada segunda-feira, acusou o Executivo de José Sócrates de adoptar neste capítulo uma postura de «submissão às estratégias das grandes potências europeias e dos EUA», associando-nos à «política de crescente militarização das relações internacionais».
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Contrariando as próprias declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros, que chegou a afirmar que a presidência serviria para «promover os nossos interesses económicos e culturais», o que tem caracterizado a actuação governativa é essencialmente o «obediente cumprimento da agenda e dos objectivos previamente definidos pela presidência alemã», acusou aquele dirigente do PCP, garantindo que nenhuma questão relevante foi suscitada em «defesa dos interesses nacionais» nem qualquer contributo foi dado «para contrariar o actual rumo da União Europeia».

Objectivos militaristas

«Associada a uma política caracterizada por uma ofensiva global contra os direitos dos trabalhadores portugueses e o próprio regime democrático, a política externa do Governo PS insiste em dar prioridade à chamada reforma dos tratados – acentuando o carácter negativo que muitas das suas disposições têm para os trabalhadores e os povos –, à militarização da UE e à chamada “política comum de relações externas”, peças centrais do processo de transformação da União Europeia num bloco político, económico e militar de cariz imperialista que, apesar de contradições reais, se concerta com os EUA para o domínio do mundo», denunciou Ângelo Alves, reiterando a total oposição do PCP a tais objectivos.
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Verberado, a este propósito, foram ainda as recentes declarações do Ministro da Defesa, Severiano Teixeira, durante a reunião informal de Ministros da Defesa. Classificando-as de «inaceitáveis», o dirigente comunista Ângelo Alves considerou que o titular da pasta da Defesa se assumiu «como paladino da militarização da União Europeia (no quadro da NATO), do desenvolvimento do complexo industrial militar europeu, do intervencionismo em várias regiões do globo e do aumento das despesas militares».

Alinhamento vergonhoso

«Registando a gravidade de tais declarações, o PCP lamenta profundamente que o Governo PS se associe, e se torne mesmo porta-voz das mais retrógradas e perigosas visões da situação internacional que estão a conduzir o mundo para uma cada vez mais insustentável situação de instabilidade e insegurança», afirmou o dirigente do PCP, antes de expressar a sua «profunda inquietação» pelo «envolvimento activo do Governo no relançamento do chamado eixo transatlântico, de que o recente encontro de José Sócrates com George W. Bush em Washington é um episódio elucidativo».
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«O silêncio cúmplice do Primeiro Ministro perante os agradecimentos de Bush pelo apoio nas guerras do Iraque e do Afeganistão envergonha todos aqueles que manifestaram em 2003 o seu repúdio pela Cimeira da guerra dos Açores e pelo o que ela significou – entre eles militantes e eleitores do PS - e todos aqueles que prosseguem no nosso país a luta pelo fim da participação portuguesa nestas guerras de ocupação», acrescentou, fazendo notar, por outro lado, que «as posições de José Sócrates são tão mais indignas e inquietantes quando surgem no quadro de outras declarações suas, como as proferidas recentemente em torno da questão iraniana, alinhando objectivamente com os propósitos de agressão militar formulados por Sarkozy e Bush, ou ainda, quando em Março deste ano, em Montevideu, afirmou não encontrar melhor exemplo em matéria de visão humanista e de respeito pelos direitos humanos, que os EUA e a sua política externa».

Projectos neocolonialistas

Pronunciando-se sobre a próxima cimeira UE/África, que considerou estar «já ferida por propósitos e tendências neocolonialistas», «independentemente das incertezas que a rodeiam», Ângelo Alves manifestou a preocupação do PCP por o Governo PS estar a «apadrinhar e a servir de intermediário» na prossecução daqueles «projectos neocolonialistas e intervencionistas» que visam «intensificar a política de rapina dos recursos e riquezas do continente africano, nomeadamente do petróleo, causa primeira do sofrimento de centenas de milhões de seres humanos naquele continente».
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Na sua declaração aos jornalistas, o dirigente do PCP denunciou ainda a «política de hipocrisia» da EU e de Portugal em relação à questão Saharaui, expressando, por outro lado, a sua oposição ao envio de uma missão militar para o Chade e a República Centro-Africana.
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Reafirmada foi também a rejeição ao projecto de Tratado e ao «processo anti-democrático que o procura impor», não abdicando os comunistas, como foi sublinhado, da exigência e do imperativo democrático que é a realização de um referendo onde o povo português tenha a oportunidade de se pronunciar.

in Avante Nº 1767 11.Outubro.2007

ver também: Autor: Mbuyi Kabunda Badi (Presidente de Sodepaz) Relaciones de dependencia ultidimensional institucionalizada entre Europa y África

terça-feira, outubro 30, 2007

O método


* Henrique Custódio
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No «Forum TSF» da passada terça-feira abriu-se a antena para os ouvintes se pronunciarem sobre a inacreditável «visita» de dois polícias à paisana, no dia anterior, à sede do Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) na Covilhã, onde se apropriaram de documentos de informação e deram «conselhos» intimidatórios sobre as palavras de ordem a utilizar numa manifestação, durante uma deslocação do primeiro-ministro José Sócrates.
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No coro generalizado de protestos por parte dos ouvintes que telefonaram para a TSF – e onde as classificações a este acto policial oscilaram entre o «autoritarismo inadmissível» e o «semelhante ao fascismo» - foi proferida uma frase lapidar: «Neste caso lamentável não se deve criticar a PSP, porque a polícia é um braço armado às ordens do Governo. O grande responsável deste acto pidesco é o primeiro-ministro José Sócrates».
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É o que se chama acertar no alvo. De facto, e incontornavelmente, José Sócrates é o grande protagonista da semana, tendo o seu actual descalabro começado exactamente nas cerimónias do 5 de Outubro.
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Nesse dia, após as festividades, o chefe do Governo foi interpelado sobre os protestos dos professores contra a política na Educação, tendo respondido esta coisa extraordinária: «protestos dos professores, não, o que há são protestos de sindicalistas, o que é uma coisa muito diferente».
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Ficava dito, sem tergiversações, que para o «socialista» José Sócrates os sindicalistas não são trabalhadores, não representam os seus camaradas de profissão e, pelos vistos, nem legitimidade têm para falar por quem os elegeu e mandatou. Já que assim pensa, como se atreve José Sócrates a brandir a sua famosa maioria absoluta para justificar todos os desmandos sociais da governação? Segundo o seu raciocínio, o Executivo que chefia também não é quem o elegeu, não representa sequer quem o elegeu e, assim sendo, como pode reivindicar o direito – ainda por cima absoluto - de governar em seu nome?!...
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.Dois dias depois, em Montemor-o-Velho, nova manifestação o aguardava durante mais uma inauguração, e aqui a fleuma democrática do primeiro-ministro estalou num instante: enquanto subia a parada com a declaração, em sorriso amarelo, de que «os comunistas, onde quer que eu vá, fazem manifestações utilizando os seus dirigentes sindicais» - usando, sem rebuço, a argumentação do fascismo para silenciar protestos sociais -, a GNR no local tirava faixas aos manifestantes, identificava outros e acabou a encurralá-los atrás de uma fita, fora da qual só permitiam quem fosse aplaudir o governante, que entretanto presenciava tudo isto com flagrante anuência.
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Parecia o ensaio do episódio supracitado da Covilhã: num acto sem precedentes desde o 25 de Abril, dois agentes da PSP entraram na sede de um sindicato para amedrontar os sindicalistas e condicionar uma manifestação programada para o dia seguinte.
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Tão chocante escalada repressiva desencadeou a indignação generalizada por todo o País, com declarações de repúdio partidário da Esquerda à Direita e a vergonhosa tergiversação do PS, o que levou o Ministério da Administração Interna a promover «um inquérito» ao episódio da Covilhã, que classificou de «inaceitável», e o próprio José Sócrates a recuar com a afirmação ridícula de que «só soube do assunto pelos jornais», acrescentada com a ironia pacóvia de que «sentiria a falta» dos manifestantes do PCP se estes «deixassem de o acompanhar».
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Porém, tudo isto evidencia mais factos incontornáveis. Um, que José Sócrates é o óbvio e directo responsável de tudo isto: na verdade, as polícias cumprem sempre ordens e quem as determina é o Governo. Outro, que José Sócrates tem uma visão tão autoritária do poder, que se atascou em métodos perigosamente antidemocráticos e, já, a confundir-se com o que se usava no fascismo.
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in Avante Nº 1767 11.Outubro.2007

Os media, a democracia e a luta

A comunicação social transformou-se em órgão oficial
da reunião dos Ministros da guerra
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* Ângelo Alves
Membro da Comissão Política
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Os portugueses que não tiveram acesso à edição do Avante! da passada semana foram privados da informação sobre uma importante iniciativa nacional e internacional realizada recentemente no nosso país.

Falamos do encontro europeu de movimentos da paz que sob o Lema «Desmilitarizar a Europa, Defender a Paz» juntou em Lisboa, nos dias 28 e 29 de Setembro, vinte organizações de 14 países da Europa; vários dirigentes do Conselho Mundial da Paz, entre os quais o seu secretário-geral, Athanasios Pafilis; cinco deputados do Parlamento Europeu oriundos de outros tantos países; autarcas, dirigentes sindicais e dezenas de personalidades, dirigentes e activistas de organizações portuguesas comprometidas com a luta pela paz e a cooperação entre os povos.
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Para a comunicação social dominante este Encontro não existiu. Esta forma de censura política e ideológica é tão mais grave quanto o referido Encontro coincidia no tempo com a reunião informal de Ministros da Defesa da União Europeia realizada em Évora. Era portanto impossível argumentar com a atoarda da «falta de actualidade» com que habitualmente se brindam as iniciativas ou ideias que se pretende silenciar.
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Como foi referido no próprio Encontro da Paz as duas reuniões eram o exemplo de duas visões do mundo diametralmente opostas.
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De um lado a apologia da militarização da UE; a defesa do intervencionismo; a «adoração» à NATO e as ameaças mais ou menos veladas a povos e à soberania e integridade territorial de vários países, como a Sérvia. Enfim, o imperialismo puro e duro em versão europeia.
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Do outro o testemunho das lutas pela paz que se desenvolvem um pouco por toda a Europa; as denúncias sobre a «militarização à velocidade da luz» da União Europeia e a defesa da necessidade urgente do desarmamento, da resolução política dos conflitos e do respeito pela soberania de países e povos.

Um fenómeno que cresce

A comunicação social optou por esconder dos portugueses uma das reuniões e uma das visões, a da paz, tentando apresentar a contrária como se única e incontestada fosse. Ao fazê-lo transformou-se em órgão oficial da reunião dos Ministros da guerra, que foi disso que se tratou em Évora.
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Tal atitude não é isolada nem nova. É um fenómeno que cresce à medida da concentração dos meios de comunicação social portugueses em três ou quatro grandes grupos económicos e do ataque aos direitos laborais e intelectuais dos jornalistas que, ou fortemente condicionados na sua actividade ou já formatados pelo sistema, são empurrados cada vez mais para a condição de executores de agendas decididas à luz de critérios completamente estranhos aos princípios da isenção, independência e rigor jornalísticos. Conceitos como «agenda mediática» ou «opinião publicada» tentam encobrir o óbvio, ou seja que existe uma classe, a dominante, que se apropria dos meios de comunicação social por via do seu poder económico e os põe ao serviço dos seus interesses de classe. O reverso da medalha é o silenciamento, a difamação, ou mesmo a criminalização na praça pública das ideias dissonantes.
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Falamos de Portugal como poderíamos falar do fluxo de informação a nível internacional, controlado por um punhado de agências ligadas directa ou indirectamente às grandes multinacionais que criam autênticas cadeias mundiais de difusão do discurso oficial do sistema. O modo como se vendeu a todo o mundo a guerra do Iraque, com mentiras; como se tenta hoje mitigar a crise económica e financeira mundial; como se propagandeia a falsa guerra contra o terrorismo; como se tentam diabolizar os processos e os dirigentes progressistas na América Latina ou ainda como se está a tentar impor a nova redacção do Tratado Constitucional para a Europa são, entre muitos outros, exemplos de como hoje se controla à escala global a informação, se propagam mentiras e se adultera a realidade.
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O silenciamento das ideias progressistas e de sinais importantes de confiança para a luta dos povos – como foi o Encontro da paz ou recentemente a Festa do «Avante!» ou ainda o resultado dos comunistas nas eleições gregas – mais do que uma afirmação de força é um sinal de fraqueza da ideologia dominante. Mas, usando as palavras de Marx, o sistema não cairá de podre. É pois necessário prosseguir com confiança todas as lutas e responder à barragem antidemocrática da informação com mais organização, intervenção e ligação às massas. Por isso o PCP apoia e está a mobilizar para a grande manifestação do próximo dia 18 organizada pela CGTP/IN. Porque ela rompe com o marasmo «mediático», afirma a alternativa e vai com certeza ser impossível de esconder dos portugueses… nem que seja porque eles vão lá estar!
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in Avante Nº 1767 11.Outubro.2007

POBREZA - Vergonha!? A hipocrisia anda à solta!

Foram os dirigentes do PS, PSD e CDS que alteraram as leis laborais
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* Armindo Miranda
Membro da Comissão Política
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O Instituto Nacional de Estatística (INE) deu a conhecer o que já se sabia e se vê à vista desarmada no País: a pobreza tem vindo a aumentar e os pobres já ultrapassam os dois milhões, quase 20% da população portuguesa, e destes 1,4 milhões, ou seja 13% da população, vivem com um rendimento abaixo dos 300 euros.

Outros dados vieram a público e indicam a existência de mais de 200 mil portugueses, a grande maioria assalariados que não ganham o suficiente para sobreviver, passam fome. Estas notícias colocaram a hipocrisia à solta e deram-nos a conhecer as «profundíssimas preocupações» com esta terrível situação exactamente daqueles que são os principais responsáveis por o País ter chegado a este ponto. Mais, tais dados são igualmente denunciados por comentadores que há muitos anos apoiam – e para isso são pagos – a política de classe a favor do grande capital. Mais, Marcelo Rebelo de Sousa, na sua missa dominical, classificou-os mesmo como «uma vergonha para todos»! Que a culpa é das obras do metro no Terreiro do Paço e no túnel do Rossio, que custaram muito mais do que estava previsto.
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Enfim, todos quiseram dar a conhecer a pena que sentem pelos coitados dos pobrezinhos! Até Cavaco Silva se mostrou profundamente envergonhado com tanta pobreza no nosso país, referindo de imediato que, sendo de tão grande tamanho, o Estado só por si não conseguiria resolver o problema, o que terá levado a sugerir que se pagasse a instituições de solidariedade social para o fazer. .

Ora, só por grande hipocrisia é que Cavaco e outros tais podem falar da pobreza como falaram, uma vez que foram eles que entregaram ao capital nacional e estrangeiro sectores e empresas públicas, ferramentas estratégicas para o aumento da produção e da riqueza no nosso país e que faziam entrar nos cofres do Estado muitos milhões de euros que, bem utilizados, podiam ajudar a combater a pobreza. Hoje, porém, vão direitinhos para a conta bancária dos senhores do dinheiro.
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Foram eles, dirigentes do PS, PSD e CDS, que alteraram as leis laborais, permitindo ao patronato despedir de forma fácil, em muitos casos quando e como quiser, colocando no desemprego, e em muitos casos na miséria e infelicidade, milhares de famílias cuja única riqueza é a sua força de trabalho. Foram os governos destes três partidos que, ao longo dos últimos trinta anos, consideraram o salário e o aumento do poder de compra dos trabalhadores e dos reformados como um inimigo do desenvolvimento económico.

Eles comem tudo!

Resultado: os salários estão cada vez mais desvalorizados, contam cada vez menos no Orçamento de Estado e dos tais 2 milhões de pobres, cerca de 800 mil são assalariados.
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Esta situação levou recentemente a UE a considerar o nosso país como aquele onde a pobreza tem melhores condições para continuar a crescer, pois na sua origem estão causas estruturantes. Tudo isto devido à política levada à prática por estes homens de mão do grande capital, sendo por isso mesmo que, em chocante contraste com esta situação social, se assiste ao extraordinário enriquecimento de algumas famílias e aos lucros fabulosos do capital financeiro. Só o aumento da fortuna das 100 famílias mais ricas do nosso país – 34 milhões de euros, em 2006 – dava para pagar um salário de 500 euros a 1 milhão de portugueses durante um ano.
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Assim sendo, como podem estes senhores, depois de todo o mal que fizeram aos trabalhadores, ao povo e ao País, sentir vergonha pelo resultado do que fizeram, se ainda hoje continuam a fazer e a praticar a mesma politica? Se sempre que passaram pelo poder deixaram um rasto de miséria e infelicidade para milhares de cidadãos? Como querem que, continuando a exercer a mesma política, alguém acredite nas lágrimas de crocodilo?
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A solução para a pobreza está numa nova política e num novo rumo para Portugal, numa nova política que está a ser discutida em todo o Partido, com a preparação da nossa Conferência Nacional sobre Questões Económicas e Sociais. Desta, sairá seguramente a proposta de uma política alternativa e de classe que, tendo como suporte um forte e dinâmico sector público, seja colocada ao serviço dos trabalhadores, dos micro e pequenos empresários, dos reformados e da população em geral.
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in Avante 2007.10.25

Manifestação Nacional de 18 de Outubro, em Lisboa

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in Avante Nº 1769 25.Outubro.2007

segunda-feira, outubro 29, 2007

Coisas do Circo - Um novo combate


* Emídio Rangel, jornalista (1)
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Se Santana não sucumbir aos ‘ganchos’ de Sócrates, as coisas até podem correr de feição a Menezes.
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Avizinham-se tempos de acalorados debates e de grande disputa política. O futuro vai jogar-se neste Outono, que ninguém tenha dúvidas, marcado já pela primeira sondagem Marktest que coloca PSD e PS no mesmo patamar de intenções de votos.

Como estava bem de ver, Marques Mendes saiu e o PSD subiu de imediato. Luís Filipe Menezes, ao contrário do que profetizavam os seus adversários dentro do partido, apresentou-se ao País com uma grande serenidade, sem recurso aos argumentos do tão propalado populismo.

Sempre que foi chamado a pronunciar-se sobre matérias importantes da vida política, fê-lo com um enorme bom senso e, em regra, na linha daquilo que é considerado o interesse nacional. Os resultados desta sondagem são o prémio para essa sensatez, para essa surpresa e para a retoma da esperança no eleitorado social-democrata.

Aqui não há ainda qualquer factor ‘Santana Lopes’. É a mudança de liderança, um discurso claro em relação a matérias decisivas, como a baixa de impostos ou outras tiradas demagógicas que consubstanciaram a estratégia de Marques Mendes.

Menezes, ele próprio, sozinho, fez renascer a ‘fé’ social-democrata, ganhou, à partida, as simpatias dos sectores que foram vítimas da política de contenção de Sócrates e, como sempre acontece cada vez que se regista qualquer euforia no PSD, esvaziou o CDS e meteu Paulo Portas no bolso do casaco. Parece que a direita se sente confortável com Menezes e que as teses catastrofistas de Pacheco Pereira e outros não se confirmaram.

Curiosamente, à esquerda, Menezes também não entra mal, com sectores do eleitorado socialista a vingarem-se ‘dos maus tratos’ de Sócrates. O capital de queixa do PCP, esgrimido sempre da forma mais demagógica, rendeu uma subida assinalável.

É neste pano de fundo que o ‘combate’ vai recomeçar. Um cenário bem diferente do anterior. Sócrates já não tem o saco de boxe que era Marques Mendes. Para o bem e para o mal não é Menezes que estará na Assembleia a aparar as estocadas do primeiro-ministro.

Se Santana não sucumbir aos ‘ganchos’ de Sócrates, as coisas até podem correr de feição a Menezes, que perante a opinião pública estará sempre dentro e fora das grandes discussões, sem nenhum opositor.

Eventualmente esse ‘estado de graça’ pode fazer caminho ficando Menezes como a alternativa do bom senso e do bom augúrio enquanto Santana é o ‘carregador de piano’, que faz as despesas da conversa e as provocações adjacentes.

O PS tem de se acautelar. Gastou até agora muitas forças e desafiou muitos demónios nestes dois anos e meio. Fê-lo, sem dúvida, em favor do País e de um futuro melhor para os portugueses. Mas isso interessa pouco quando o ‘outro’ oferece ‘céu azul e satisfação’, como dizem os brasileiros.

O PS precisa de uma nova estratégia e de uma maneira hábil de reganhar o seu eleitorado, nesta fase tão diferente da anterior. Provavelmente é necessário um ‘quarto defesa’ só para marcar, marcar sempre, Menezes solto no terreno de jogo, que não deve ser Sócrates.

O primeiro-ministro, deste modo, poderá assumir o resto do combate. Sobretudo precisa de mostrar sem tibiezas que tudo o que fez foi em favor de Portugal e que teve a coragem de realizar as reformas inadiáveis que todos os primeiros-ministros anteriores recusaram. Mais, precisa de provar que a bonança vem sempre depois da tempestade
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in Correio da Manhã 2007.10.27
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Sobre Emídio Rangel ver: Luís Filipe Meneses - o desconhecido


Sobre Palhaços ver: Palhaço - Wikipédia



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(1) * Victor Nogueira
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Ele há cada cambalhota e passe de mágica! ... Se leram «os arruaceiros», afinal não são meia dúzia de excursionistas com lancheira e garrafão de tinto, manipulados pelos sindicatos e pelo PCP, para «insultarem» e ofenderem o senhor José Sócrates. Afinal os «arruaceiros», dias depois, eram 18o mil a 200 mil desfilando nas ruas de Lisboa contra a política dos safados, mas disso não falaram nem os tablóides nem a imprensa de «referência». Salvo para os 200 mil que lá estiveram, a manif dr protesto não existiu..
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Diz o salazarento homem das coisas do circo que «O capital de queixa do PCP, esgrimido sempre da forma mais demagógica, rendeu uma subida assinalável.»
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E num golpe de mágica ou trafulhice reduz tudo a um novo «combate» entre PS/Sócrates e PSD/Menezes. As outras lutas são paisagem de fundo para o alterne PS/PSD arrimados quando preciso ao CDS..
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Impante na sua «sabedoria» de homem que se gaba de vender Presidentes como quem vende sabonetes. termina afirmando que «O primeiro-ministro, deste modo, poderá assumir o resto do combate. Sobretudo precisa de mostrar sem tibiezas que tudo o que fez foi em favor de Portugal e que teve a coragem de realizar as reformas inadiáveis que todos os primeiros-ministros anteriores recusaram. Mais, precisa de provar que a bonança vem sempre depois da tempestade
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E pergunto eu e não só: o POVO já não é quem ordena, ao fim de 33 anos, e ainda não sabe reconhecer os charlatães marionetas do Grande Patronato, mais interessado nas especulações financeiras do que produzir riqueza e criar postos de trabalho, respeitando simultaneamente os direitos consignados na Contituição de Abril, que Sócrates/PS ignora sem vergonha e Menezes/PSD quer «rever»?. Estamos numa de «vale tudo»?

Espanha: Bofetada é um direito paterno


Um juiz absolveu um homem acusado de maus tratos por ter dado uma bofetada à filha na sequência de uma discussão com a mãe, em Santander, Espanha. O juiz considerou que a bofetada faz parte do direito de correcção dos filhos que o Código Civil reconhece a todos os pais.
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in Correio da Manhã 3007.10.28

Tortura: tudo serve, minha gente !



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* Medeiros Ferreira
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Um grupo de militares norte-americanos, especialistas em informações durante a II Guerra Mundial, veio recentemente a terreiro dar conta dos problemas de consciência que tiveram naquela altura por colocarem microfones nas celas de prisioneiros. Por maioria de razão, condenavam o uso da tortura para obrigar o inimigo a falar.
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Mesmo a vitória aliada em 1945 não será de molde a atenuar a estupefacção entre os actuais colectores de dados Imagine-se o que seriam tais cuidados em tempo de paz!As escutas telefónicas entraram no domínio da banalidade. Com elas tanto se ouve o narcotraficante como o traficante de influências e o namorado da vizinha.
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Confessar, sem saber e sem tortura, eis o insuspeitado contributo civilizacional do novo ‘big brother’.
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in Correio da Manhã, 2007.10.28

Sentinelas - Vazios Humanos


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Há muito que muita gente se interroga sobre uma informação muitas vezes dada e nunca desmentida, a saber: há em Portugal centenas de milhares de casas sem pessoas e centenas de milhares de pessoas sem casa decente para habitar!
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Falando em casas, muita outra gente se interroga por que carga d’água se continuam a construir tantas novas habitações em vez de se reabilitarem centenas de milhar de prédios devolutos e entaipados, que constituem um atentado ambiental e social à qualidade de vida e ao direito ao acesso à habitação em condições mais acessíveis a quem não tem dinheiro para pagar especulação de terrenos e luxos provocantes de montanhas de betão armado, que cada vez mais estão a tomar conta das cidades!
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Não terá chegado a altura de colocar “vazios urbanos” ao serviço de “vazios humanos”, criando-se condições para que as pessoas, mesmo as menos abonadas, possam usufruir também do direito de habitar nas cidades?
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Um Governo e uma Autarquia eleitos pelo bom povo não poderiam assumir um compromisso político sério e a sério destinar 1% (só 1%!) das verbas previstas para o Eixo VALORIZAR O TERRITÓRIO para a Área Metropolitana do Porto, uma zona especialmente carenciada de políticas sociais de habitação?
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Vá lá... façam por merecer os nossos votos!
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in Correio da Manhã 2007.10.28.

Ainda as sequelas da Guerra Colonial - Deficientes: «Caridade« ou Justiça ?!


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A Associação de Deficientes das Forças Armadas (ADFA) realizou ontem no auditório do Colégio S. João de Brito, em Lisboa, uma assembleia extraordinária. A reivindicação que marcou a ordem do dia foi a assistência médica e medicamentosa, nomeadamente as ajudas ao pagamento de medicamentos e compra de próteses, entre outras.
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“Os ex-militares com mais de 60 anos não podem começar a pagar medicamentos”, avançou ao Correio da Manhã fonte da direcção da ADFA.
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Durante a assembleia fez-se um apelo ao Governo português, em especial ao primeiro-ministro, José Sócrates, “um homem sensível”, e ao Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, para que estes “não deixem os militares morrer como morreram os da I Guerra Mundial: na miséria”.
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in Correio da Manhã 2007.10.28
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» Comentários no CM on line
Domingo, 28 Outubro
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- Sérgio Azougado Passados 33 anos do fim da Guerra Colonial os deficientes militares ainda aguardam pela resolução de problemas, tais como a assistência médica e medicamentosa, na qualidade e celeridade na atribuição das ajudas técnicas (prótese/ortóteses), na marcação das consultas médicas e intervenções cirúrgicas e na desburocratização da obtenção dos cartões da ADM.

Banca: Problema informático - Apagão no Multibanco (mais um)


* Raquel Oliveira com S.R.S. e Lusa
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Máquinas multibanco e terminais de pagamento automático nos estabelecimentos comerciais estiveram ontem paralisados durante algumas horas em todo o País. Um problema informático esteve, segundo a gestora da rede, na origem da situação, que afectou milhares de portugueses.
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O facto foi detectado cerca das 09h00 e só às 13h00 a SIBS deu a rede como funcional a cem por cento. Os terminais de pagamento automático, instalados em estabelecimentos comerciais, foram os primeiros a ser recuperados, seguindo-se as caixas multibanco.

As bombas de gasolina self service ostentavam mesmo cartazes informando os clientes de que o multibanco se encontrava fora de serviço, evitando assim os abastecimentos que seriam pagos com cartão.

Nestes locais, como noutros, também não foi possível fazer os pagamentos com os cartões de crédito, uma vez que os terminais são os mesmos dos cartões multibanco.

Fonte da SIBS explicou que na origem da paralisação esteve uma operação de rotina, que “é realizada semanalmente sem que nunca tenha levantado problemas”.

Para evitar incómodos, a operação é levada a cabo de madrugada, mas desta vez, quando terminou, “verificou-se que aparelhos um pouco por todo o País não tinham ainda recuperado”.

De acordo com a mesma fonte da gestora da rede, “o problema não teve uma base de incidência regional, já que a operação de actualização é feita na rede integral nacional”, não por regiões determinadas. “Isso leva a que, por exemplo, numa mesma rua ou praça possa estar um multibanco a funcionar e ao lado um paralisado”, explicou fonte da SIBS ao nosso jornal.

REDE EXTENSA

A rede de caixas automáticas é composta por cerca de 12 mil equipamentos, sendo que – em 2007 e até ao passado mês de Setembro – 49 por cento das operações realizadas foram levantamentos, 32 por cento consultas e 16 por cento pagamentos de facturas.

A SIBS, com 27 accionistas, detém ainda mais de 160 mil terminais de pagamento automático, que proporcionam mais de 110 milhões de operações por mês.

A rede registou, no passado mês de Agosto, o maior número de sempre de transacções com cartões internacionais na sua rede.

De acordo com os dados então divulgados, foram realizados dois milhões de levantamentos, num montante de 260 milhões de euros. Por outro lado, o número de compras nos estabelecimentos comerciais foi superior a 3,8 milhões, correspondendo-lhe um valor na ordem dos 300 milhões de euros. Lisboa, Loulé e Lagos foram os concelhos que registaram o maior número de utilizações.

MAIS TERMINAIS POR HABITANTE

Portugal é o país da Europa com maior número de caixas automáticas (ATM). No total são 1508 terminais da rede multibanco por cada milhão de habitantes. Além disso, é dos países com maior número de funcionalidades nos ATM, já que na maioria dos países europeus apenas é possível fazer levantamentos, pagamento de contas, transferências e consultas de saldo e movimentos. Em Portugal, para além destas operações, é possível fazer mais de 40 outras, nomeadamente pagamentos de compras à distância, carregamento de diversos serviços financeiros, carregamento de telemóveis, compra de bilhetes de transporte ou para espectáculos, adesão ao sistema de débitos directos, adesão a modalidades de pagamento seguro na internet, entre muitas outras.

TRÊS AVARIAS EM TRÊS MESES

Esta é já a terceira vez em três meses que a rede multibanco regista problemas. No início do mês de Agosto uma falha de comunicações apagou cerca de 600 caixas automáticas nas zonas de Benfica, Amadora, Parque das Nações, Campo Pequeno e Oeiras, deixando milhares de portugueses sem a possibilidade de levantar dinheiro numa altura de início de férias. O apagão durou seis horas – entre as 11h00 e as 17h00 – e, segundo a SIBS, terá afectado apenas 40 por cento dos 1500 terminais instalados naquelas localidades. A falha nas comunicações foi atribuída a uma intervenção da Portugal Telecom com vista ao melhoramento do sistema em 11 mil terminais. Cerca de um mês depois, no início de Setembro, a rede de caixas multibanco voltou a passar por dificuldades, desta vez em todo o País. Os problemas começaram às 03h00 horas e a situação só ficou normalizada às 10h00. A SIBS atribuiu os problemas ao aumento do volume de dados de actualização transmitidos pelo sistema.

SAIBA MAIS

17,6 milhões de cartões multibanco estavam em circulação em Portugal no final de 2006. Um número que aumenta de ano para ano, segundo dados da SIBS.

2,1 milhões de euros foi quanto os portugueses levantaram nas caixas multibanco durante o mês de Agosto, por todo o País. No estrangeiro, os portugueses levantaram quatro milhões de euros por dia.

DEVOLUÇÕES

Sempre que há registo de problemas no sistema que impedem a conclusão de uma transferência ou levantamento o montante em questão é devolvido à conta de origem da operação, de modo a que não existam prejuízos para o utilizador.

BATERIAS

Os terminais multibanco estão equipados com baterias que permitem que a máquina funcione autonomamente e complete as operações em curso mesmo que haja um corte geral de electricidade.
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in Correio da Manhã 2007.10.28
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foto pedro catarino - A SIBS, entidade que gere a rede, explicou que o problema surgiu após uma operação de rotina
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» Comentários no CM on line
Domingo, 28 Outubro
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- ANONIMO Afinal o que se passa com a SIBS, empresa gestora dos Multibancos??. Será que não serão avarias a mais??. Porque é que estas situações não são investigadas??. Misterio??.

Guernica, agonia de uma guerra


* Lionel Richard
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Completam-se em 26 de abril setenta anos do massacre de Guernica por tropas da direita espanhola apoiadas por soldados nazistas. Durante quatro décadas, a autoria do crime foi ocultada: só a obra-prima de Picasso serviu como testemunha

Uma pergunta permanece: se Pablo Picasso não tivesse pintado uma obra-prima em homenagem às vítimas, a destruição de Guernica teria permanecido na memória da humanidade? Sua lembrança estaria limitada aos livros? Desapareceria?

Mas por que os franquistas quiseram destruir a pequena cidade a 35 quilômetros de Bilbao? A pátria basca estava em questão. Guernica havia conseguido, depois das eleições de fevereiro de 1936, um estatuto de autonomia política. O novo governo regional havia apenas se formado ocorreu, entre 17 e 18 de julho, o golpe militar liderado pelo general Franco. Os bascos optaram pelo respeito à legalidade e como conseqüência não escapariam do fogo do exército franquista, caso esse avançasse contra eles.

Com exceção da Catalunha e uma parte de Aragão, somente o governo basco — no norte da Espanha — manteve fidelidade à república em abril de 1937. Ele administrava uma região rica em minério de ferro, usinas siderúrgicas e indústria naval. Os insurgentes precisavam desses recursos. Um dos chefes da insurreição no comando do exército nacionalista do Norte, o general Emílio Mola informou a Franco que o assunto estaria liquidado em três semanas. Cinqüenta mil soldados e 100 aviões estavam a sua disposição. Contava, ainda, com soldados italianos, enviados por Benito Mussolini, e com os alemães da legião Condor — 6.500 voluntários, divididos em unidades blindadas, esquadrilhas de caças e bombardeiros.

Pátria livre... pátria devastada
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Um ultimato é enviado ao governo basco. Mola decidiu “terminar rapidamente a guerra no norte”. Enfatizou: “Se a submissão não for imediata, arrasarei toda Viscaya, começando pela indústria de guerra”. Sem resposta, executou sua ameaça no dia 31 de março. Sob as ordens do tenente-coronel Wolfram von Richthofen, chefe do Estado-maior, os aviões da legião Condor e os bombardeiros pesados Junker e Heinkel foram encarregados de bombardear as cidades em torno de Bilbao. No dia 26 de abril, pela manhã, os pilotos concretizaram a missão de massacrar Guernica e Durango com bombas incendiárias. A estratégia perdurou durante todo o mês de maio. Em 19 de junho de 1937, Bilbao cai. Os bascos insatisfeitos tiveram que partir para o Norte, para os Pirineus ou para o exílio.

No dia 27 de abril, o comando das tropas insurgentes publicou um comunicado em Salamanca, capital provisória dos franquistas. Rapidamente, todos os jornais estrangeiros que sustentam os anti-republicanos o divulgam. Segundo o comunicado, seria uma calúnia responsabilizar os aviões dos nacionalistas. Os autores do massacre, declararam os franquistas, foram os vermelhos. Forçados à submissão, os republicanos teriam incendiado a cidade.

Ao tomar conhecimento dessas alegações, o presidente do governo basco José Antônio Aguirre pronunciou-se. Segundo ele, os bombardeios foram feitos “por aviões alemães a serviço dos rebeldes espanhóis”. Essa afirmação o indispõs com a Radio-Nacional, que o tratou por mentiroso. A culpa dos soldados de Hitler foi descartada pelos locutores. Para esses, os ouvintes tinham o direito de escutar protestos contra o “atentado à honra das tropas insurgentes”, já que “o exército de Franco não incendeia, mas conquista, lealmente, pelas armas. São as hordas vermelhas que destróem, pois sabem que a Espanha não lhes pertencerá nunca.”

Criminosos ocultados durante 40 anos
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Na imprensa comunista francesa e, de maneira geral, de esquerda, a responsabilidade dos nacionalistas nesse “bombardeio vergonhoso de populações civis”, efetuado pelos aviões da legião Condor, é incontestável. Nos momentos seguintes, as provas a favor dessa tese se acumulam. Porém, fizeram muito pouco para impedir o discurso dos mistificadores. Típica, foi a obstinação de Charles Maurras, chefe da extrema direita francesa. No dia 11 de maio de 1937, o jornal “L’action française” denunciou a “fábula dos aviões alemães” que “teriam despejado toneladas de bombas” como uma manipulação bolchevique para mascarar os “crimes dos vermelhos”.

Na Espanha, a farsa persistiu até a morte de Franco em 1975. No fim dos anos 1960, os tenentes da história oficial criaram uma nova versão para absolver os nacionalistas e restaurar uma conveniente imagem de seu país na Europa. Atribuíram toda a culpa a Hitler, Göring e aos chefes da legião Condor.

A escapatória era fácil, 20 anos depois do tribunal internacional de Nuremberg. Os bajuladores da direita anti-democrática espanhola não ousaram sequer desaprovar o levante contra a república. Tampouco, a aliança dos Estados fascistas com os franquistas. Ao contrário, eles aderiram a suas fábulas de uma forma diferente, dedicando-se a minimizar o alcance do bombardeio de Guernica. Reduziram o número de vítimas a uma centena.

Segundo eles, o comando franquista não estava a par do ataque previsto pelas esquadrilhas da legião Condor. Além disso, os aviadores alemães não obedeceram a nenhuma ordem de “terror premeditado”. O alvo era, na realidade, uma manufatura de armas em uma aldeia próxima ao rio. Eles teriam apenas errado a mira. Os incêndios e a massa de cadáveres teriam sido conseqüência do “erro de pontaria”. Os comentários sobre a “cidade mártir” eram apenas ornamentos de um “mito”.

Arquivos denunciam acordo Franco-Hitler
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E no lado alemão, como teria sido? Somente depois da vitória do general Franco, em abril de 1939, as “proezas” da legião Condor foram relatadas à população. Muitas publicações procuraram exaltar seu desempenho. Werner Beumelburg, que antes havia louvado os soldados de 1914-1918, relatou, em seu livro Combat pour l’Espagne, todas as peripécias da guerra civil espanhola, avaliando com precisão a ajuda hitlerista às forças franquistas.

Mas nenhum desses livros fala sobre a sinistra fama - estabelecida mundialmente - da legião Condor. Mesmo Beumelburg considera a tese popularizada por Völkischer Beobachter, porta-voz oficial da Alemanha nazista. Guernica foi “totalmente destruída pelos vermelhos”, insiste.

Diferente do divulgado, o marechal Hermann Göring, comandante chefe da Luftwaffe, não confessou, no tribunal de Neremberg, a culpa nazista nessa tragédia. Ele apenas reconheceu ter dado sinal verde para que a Espanha fosse campo de teste da aviação alemã. Quanto a Goebbels, foi lacônico. Forçado pelas alegações de inocência dos nacionalistas, o ministro da propaganda acreditou na inocência da legião Condor e atrapalhou-se ao negar, sistematicamente, sua participação.

O papel indispensável de Picasso
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Muito depois de 1945, o mistério ainda não tinha sido resolvido. Relatos de antigos combatentes — como o do piloto Wilfred von Oven, refugiado na Argentina — retratam o ato como “o capítulo mais apaixonante da história”. Com a abertura dos arquivos alemães, percebeu-se que a cooperação entre as autoridades nazistas e nacionalistas estava muito bem documentada. A hipótese de que o Estado franquista não tinha conhecimento do plano de ataque da legião Condor é desarrazoada. No dia 20 de junho de 1937 (dia seguinte à queda de Bilbao), o general Franco enviou um telegrama a Hitler. Agradeceu a confiança que ele e "o grande povo alemão” depositaram em sua pessoa.

Muitas vezes o bombardeio de Guernica é condenado sob o pretexto de que nenhum fim militar o legitimava. Mas o argumento é desmascarado pelas intenções do general Mola. O bombardeio revela a natureza bárbara que, na época, ameaçava toda a Europa. Violência extrema: fatos forjados e desejo insano de aniquilar fisicamente o adversário.

Hoje, muitos se mobilizam para evitar o esquecimento em Guernica. Um museu da paz foi aberto em 2003. Mas é preciso, sobretudo, agradecer Picasso. Graças a ele, ficou claro o tom que deve se atribuir à palavra “fascismo”.

Tradução: Leonardo Abreu
leonardoaabreu@yahoo.com.br
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in Le Monde Diplomatique BR
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Quadro - Picasso (Guernica)
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Vaticano beatifica 498 espanhóis franquistas


* Pedro Chaveca
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Quase meio milhar de clérigos espanhóis assassinados durante a guerra civil e nos anos que a antecederam foram proclamados beatos e considerados "mártires do século XX."
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Do grupo de 498 homens e mulheres assassinados entre 1934 e 1939, que esta manhã foram proclamados beatos pelo Cardeal português, José Saraiva Martins, apenas sete são laicos, o que fez desta cerimónia a maior beatificação em massa na história da igreja católica.
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Na Praça de São Pedro na cidade-Estado do Vaticano estiveram cerca de 40 mil pessoas, especialmente espanhóis, que ouviram as palavras em castelhano do Cardeal luso. José Saraiva Martins, em nome do Papa Bento XVI, que não esteve presente na cerimónia, leu o nome de todos os beatos, referindo-se a eles como "mártires do século XX". Um termo que já o falecido João Paulo II tinha utilizado.
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Se a fé e as palavras elogiosas fizerem parte deste momento histórico a polémica marcou igualmente presença, com muitas vozes criticas a levantarem-se contra o facto do Vaticano só estar a prestar homenagem a uma das partes da guerra civil espanhola, um conflito que fez 250 mil mortos, entre eles 10 mil clérigos e antecedeu uma ditadura que arrastou o país durante 36 anos.
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A Igreja continua a ser acusada de só reconhecer quem esteve ao lado das tropas franquistas e esquecer constantemente os republicanos que contavam com o apoio da União Soviética e do comunismo internacional. A resposta da igreja católica sublinhou que esta é uma altura de "reconciliação e não de ressentimento".
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Uma polémica que parece ter ficado resolvida ainda dentro de portas, pois o governo socialista liderado por José Luís Zapatero enviou o ministro dos negócios estrangeiros, Miguel Angel Morantinos, para estar presente nas cerimónias.
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Três anos de guerra que ecoarão para sempre
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Entre 1936 e 1939 republicanos afectos à esquerda e falangistas de ideologia fascista combateram numa das mais sanguinárias guerras civis que atormentaram a Europa. Durante esse conflito que contou com o apoio da Alemanha nazi e da União Soviética comunista, a igreja não primou pela neutralidade e desde o início da contenda que se portou como um apoio de peso para os exércitos franquistas.
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Assim sendo a igreja tornou-se num alvo a abater pelos republicanos, que ainda antes da guerra viam nos elementos do clero uma força de bloqueio às acções socialistas que queriam impor em Espanha.
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Um dos primeiros alvos dessa fúria, e hoje beatificado, foi o Bispo Cruz Laplana y Laguna, feito prisioneiro pelas forças de esquerda apenas dois dias depois da guerra ter eclodido e fuzilado nas semanas seguintes.
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As últimas palavras terão sido dirigidas aos seus carrascos e que hoje já pertencem ao ideário católico: "Que Deus os perdoe assim como eu vos perdoo-o e abençoo-o". Agora, Laplana y Laguna é um beato a caminho da canonização.
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A Guerra Civil espanhola, longe de ser uma ferida sarada, continua a ser uma chaga aberta no coração de muitos espanhóis. Numa tentativa de apaziguar velhos fantasmas e de encontrar uma reconciliação que teima em não chegar, o parlamento de Madrid está prestes a aprovar uma lei que obrigará todas as igrejas católicas a removerem qualquer monumento referente ao franquismo.
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Uma medida que agrada a muitos espanhóis, mas que é vista com desagrado pela igreja católica, e que em vez de pacificar o país, está a trazer de volta velhos ódios.
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in Expresso 2007.10.28

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Foto - Andrew Medichini/AP
(Os rostos dos padres assassinados foram recordados pela assistência)

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