A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sábado, março 03, 2007


Fados do Tempo da Outra Senhora (17)


OS MALTESES

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OS MALTESES PERCORRIAM O
ALENTEJO DOURADO, SEMPRE
PROCURANDO ONDE COMER E
DORMIR
.


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"Maltêz significa natural da ilha de Malta,
ou cavaleiro da Ordem de Malta.
Contudo em Portugal, sobretudo no Alentejo,
não se sabe bem porquê, atribuiu-se o nome
de maltês, a mendigos de passagem, índividuos
mal encarados, "homens desprezíveis". A pala-
vra maltês, é quase sempre empregada com sen-
tido prejorativo"


As condições de vida no Alentejo, por meados do sec XX, eram muito penosas, e o número de pessoas sem trabalho fixo, ou mesmo, sem nenhum trabalho, era muito elevado, sendo a única possibilidade de sobrevivência, a esmola.

Parte desses homens que andavam de Vila em Vila, de aldeia em aldeia, e até de Monte em Monte, eram denominados malteses.

Ao contário dos ciganos, que chegavam a permanecer num sítio, por vezes, uma semana; os malteses, esses, nunca dormiam no mesmo sítio mais que uma noite, circulando sempre, entre os locais onde sabiam ter certa uma esmola, quase sempre em alimentos, como sopas de pão alentejano , migas, etc, etc.

Na região Castro-Almodôvar, os malteses circulavam, por exemplo, entre o Pereiro, o Barrigão, Monte-Gordo (ao pé do Rosário), Várzea da Fôrca, São Marcos da Ataboeira, Torre Vã, Do Testa, etc. etc-


No Do Testa, os senhores de terras da Casa Grande, instituíram mesmo, aquilo a que chamavam a Casa da Malta, ou Casa dos Pobres, onde diàriamente permitiam que os malteses pernoitassem, fornecendo sacos que estes enchiam de palha apanhada na eira, no monturo, e também lhes davam o jantar:
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"Olhem lá, vâo ali para o pé da casa, quando soar a corneta,venham, que têm uma sopa quelhes damos", diziam os da Casa Grande aos malteses que iam chegando dos caminhos.

O Tio João Guerreiro, maltês de São Marcos da Ataboeira, que andava sempre com uma concertina, por vezes, ficava mais de um noite, animando os serões com as suas modas e as suas estórias e ditos.

Os senhores de terras tinham vantagens em ajudar os malteses, pois, estes. eram gente pacata que não roubava, aceitando de boamente o que "generosamente" lhes ofereciam, e até defendiam a propriedade com a sua presença.

Um dos principais protectores dos malteses, (além do já falado, Senhor da Do Testa) era o José Nobre da Torre Vã. Era tal o Poder do fazendeiro que, todo o maltez que se acoitasse na Torre Vã, sentia-se protegido até da própria GNR, e dizia-se, que quem não queria ir à tropa, ia trabalhar para as terras da Torre Vã.

Alguns dos malteses passavam frequentemente no Monte da Ribeira. O Blé Careto, que era de Almodôvar, chegava a fazer pequenos serviços, como arranjar paredes, muros, "porteiras" e outros trabalhos.
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"Oh Tia Felicidade, hoje venho cá
almoçar, arranjei ali uma parede...."

Mas para ser maltês, havia que adquirir alguns conhecimentos básicos, como contava o Tio Abílio, no dizer do Zé Batista;

."Havia como que um verdadeiro curso de maltês. Era tirado na Marateca, e lá os "candidatos", aprendiam a jogar o pau, e fazer migas, atiçando uma fogueira debaixo da Ponte. Diz a lenda, que eles só estavam preparados, quando atiravam ao ar as migas, e asapanhavam, correndo com a frigideira para o outro´lado da Ponte"

FONTE:

http://casa-das-primas.blogspot.com/2004_05_01_archive.html

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