Fados do Tempo da Outra Senhora (23)
Construção
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão como um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
Intérprete: Elis Regina
Composição: Chico Buarque
FOTO: Charles Chaplin em "Tempos Modernos"
Sinopse:
O clássico do genial Charles Chaplin, Tempos modernos, retrata a interligação da vida com um relógio. O tempo marca a vida de operários de uma fábrica onde se desenvolve boa parte da acção. O filme começa com imagens de um rebanho de ovelhas que, na sequência, são substituídas pela imagem de um grupo de operários saindo da fábrica. Pela cena inicial, nota-se a pressa em mostrar que a responsabilidade de massificação do proletariado corresponde ao processo de desumanização imposto pela máquina. Tempos Modernos mostra um patrão em que ao mesmo tempo brinca de quebra-cabeça e lê gibi [banda desenhada] e paralelamente controla, de sua sala, através de um circuito fechado de televisão o trabalho de seus empregados.
Em Tempos Modernos, Carlitos é um trabalhador da fábrica, em uma lnha de montagem. O seu serviço é ajustar os parafusos a uma velocidade que não consegue nem se coçar, sem que haja quebra no ritmo de trabalho dos companheiros.
O operário fica louco com o ritmo intenso do trabalho braçal onde consegue o seu ganha pão. Demitido, acaba parando
Quando sai, é confundido durante um protesto comunista e acaba preso. Em meio a toda essa confusão, ainda arruma tempo para ajudar uma jovem órfã.
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