A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sábado, março 03, 2007


Opinião

O Calcanhar de Aquiles
Superestrela fiscal

Este apagado personagem, com cara de querubim e cifrões a correrem-lhe nas veias, aceita pacificamente o seu estatuto de estrela.

Nos últimos meses uma nova estrela foi atirada, abruptamente, para o nosso firmamento socio-político. Paulo Macedo de seu nome, director-geral dos Impostos, onde foi colocado por Manuela F. Leite, que um dia, despromovendo-se, resolveu empregá-lo pagando-lhe muito mais do que ela própria ganhava. Graças a esta bizarria, o homem tornou-se uma peça do museu das lusas curiosidades. Do alto dos seus vinte mil e tal euros mensais, podre de dinheiro (o referencial preferido deste mundo moderno), olhava com comiseração para a ministra, o primeiro-ministro e, até, o Presidente da República. Virtuoso e grato.

Ele sabe que a consideração social continua a aferir-se muito pelo peso e grossura da carteira de cada um. E faz questão de ser alguém. E aqui o homem fala grosso. Mas este apagado personagem, com cara de querubim e cifrões a correrem-lhe nas veias, aceita pacificamente o seu estatuto de estrela, de motor da vultuosa recolha dos dinheiros públicos. Fantasias. Porque demonstrado a cem por cento está, apenas, que ele é um exímio gestor dos seus próprios proventos que ninguém iguala e são certos no fim de todos os meses. O resto é um infame esquecimento de todos os trabalhadores da DGI.

Aliás, o grande equívoco à volta das suas ‘virtudes’ está desfeito pelo facto de os seus patrões (que de bom grado o dispensaram) não sentirem a sua falta, nem parecerem desejar o seu regresso. Continuam a prescindir dele de bom grado. Ora, ninguém dispensa a colaboração de homens excepcionais. Paulo Macedo teve, apenas, a sorte de chegar à Direcção-Geral dos Impostos num momento-chave. O sistema informático começava, finalmente, a funcionar, o cruzamento de dados era uma realidade, o acesso à informação era cada vez mais fácil. Era o momento de alguma coisa acontecer. E aconteceu. Mas o mérito do director-geral era absolutamente secundário neste salto qualitativo. Mas ele próprio gosta de acreditar na mentira que se pôs a circular. Independentemente do mérito que possa ser-lhe atribuído, a sua remuneração é um festival de falta de vergonha. Dele próprio, do ministro, do secretário de Estado e de todos quantos fingem compreendê-la.

Mas, agora, o director-geral, superstar, ou passa a receber em função da retribuição atribuída ao seu cargo ou terá de ir pregar para outra freguesia. Mas os profissionais da chicana e da baixa política estão atentos e preparam o guião para um novo filme.

A que Paulo Macedo acedeu dar a sua colaboração Sem ter de abrir a boca. Basta que continue a fingir que não é nada com ele.

Os seus execráveis louvaminheiros e ele próprio sonham já com o momento da vingança. A campanha organizada que tem sido feita na imprensa para louvar as virtudes do sempre calado director-geral é sórdida porque nada tem a ver com as supostas qualidades da falsa estrela. Tem motivações exclusivamente políticas. E tem um único objectivo. Todos sabemos que é inevitável que a DGI, de cujas fraquezas e males ninguém quer falar, um dia tenha uma quebra na produtividade. É uma questão de tempo. Com Paulos ou com Pedros. A exaltação de Paulo destina-se apenas a que nesse dia (tão certo como a morte) se desencadeie mais uma imoral campanha de perseguição ao Governo porque não colaborou com a farsa e não manteve o ‘salvador’ da pátria. É a gestação de mais uma canalhice.

João Marques dos Santos, Advogado




In Correio da Manhã, 2 Março 2007

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