LITERATURA ANGOLANA DE TRADIÇÃO ORAL
E A SUA RECOLHA: BREVE HISTÓRIA
Introdução
Reza um velho provérbio dos Ovimbundu que “Os brancos escrevem livros, nós escrevemos no peito.” (J. F. Valente, 1964b:101). O emérito angolanista Carlos Estermann, numa alocução proferida no I Encontro de Escritores de Angola, realizado
"[...] tal perspectiva não é muito animadora para a literatura oral nativa e isto não só na região de que nos ocupamos, mas em toda a África Negra. Num futuro mais ou menos próximo os povos deste continente vão ser privados do instrumento tradicional da sua expressão. É este o processo que está em plena evolução em toda a parte." (Estermann, 1983 (II vol.:280)
Quase cem anos mais tarde, em 1993, Pepetela mantinha o mesmo tom pessimista:
Em relação à literatura oral, as recolhas realizadas até agora são muito poucas e, no caso de Angola, essa tradição está-se esboroando por causa dessa guerra prolongada. As populações saem do interior, perdem os laços tradicionais e a figura daquele mais velho contador de histórias, o griot, desapareceu praticamente. Isto em termos de campo. Encontramos apenas alguns griots suburbanos, mas é uma coisa que está desaparecendo. (Entrevista de Pepetela a E. M. de Melo e Castro, in Público de 1993.10.19)
Será o passado tão negativo e o futuro tão pouco promissor? Na parte final, tentaremos esclarecer esta questão.
A "literatura tradicional de transmissão oral" faz parte dum campo mais vasto que se convencionou apelidar de "tradição oral" e que mais não é que a "memória colectiva duma sociedade que não revestiu a forma escrita" (Colloque, 1985:114). Abarcará, deste modo, um vasto domínio, também designado "folclore", que recobre áreas como os contos, provérbios, adivinhas, relatos históricos, canções, danças, teatro, farmacopeia, etc...
São vários os especialistas em tradição oral, africana, e cada um utiliza, habitualmente, uma tipologia específica (1). A primeira tipologia classificativa da tradição oral angolana é de Mário Milheiros que a denomina "folclore", subdividindo-o em "contos, fábulas e adivinhas; danças e festas; música, canções e instrumentos; contagens; jogos e entreténs; o tempo; fenómenos atmosféricos." (Milheiros, 1967:79; 79-104).
A mais completa tipologia da tradição oral angolana é-nos fornecida por José Redinha (Redinha, 1975b:286-287) que, embora reconhecendo a inexistência de um inventário geral do "folclore angolano", e a consequente dificuldade da "sua partilha por temas e classes", reparte o "folclore angolano" por vários grupos e ciclos temáticos, conforme quadro que, pela sua extensão, apresentamos em anexo.
Vansina (1982, vol. I:160) considera as seguintes "formas fundamentais das tradições orais": 1. "poema" ("de forma estabelecida e conteúdo fixo"); 2. "fórmula" ("de forma livre e conteúdo fixo"); 3. "epopeia" ["de forma estabelecida e conteúdo livre (escolha de palavras)"]; 4. "narrativa" ["de forma livre e conteúdo livre (escolha de palavras)"]. Veja-se do mesmo autor (1966 [?]:156) a “Tipologia de las tradiciones orales”, mais completa.
Honorat Aguessy (1985:44-45) distribui o campo da tradição oral por cinco sectores: 1. tradição oral; 2. toponímia e antroponímia; 3. arte e artesanato; 4. mitos e elementos culturais veiculados pelos relatos e rituais religiosos; 5. fitoterapia e psicoterapia, e, em sentido restrito, a farmacopeia.
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(1) Para Shorter (1974:117, in Altuna, 1985:37-38), "o elenco de formas literárias orais africanas resume-se no seguinte: a) fórmulas rituais: orações, invocações, juramentos, bênçãos, maldições, fórmulas mágicas, títulos, divisas; b) textos didácticos: provérbios, adivinhas, fórmulas didácticas, cantos e poesias para crianças; c) histórias etiológicas: explicações populares do porquê das coisas, evolução das coisas até ao estado actual; d) contos populares: histórias só para divertir; e) mitos: todas as fórmulas literárias que utilizam símbolos. Melhor, são mitos certas histórias transmissoras de tradições arcaicas, de tipo religioso ou cosmológico, relacionadas com Deus ou com a criação; f) récitas: heróico-épicas, didácticas, estéticas, pessoais, mitos etiológicos, memórias pessoais, migrações; g) poesia variada: amor, compaixão, caça, trabalho, prosperidade, oração; h) poesia oficial: (histórica), privada (religiosa, individual), comemorativa (panegírica); poesia culta, ligada às castas aristocráticas e senhoriais; poesia sagrada, cantada nos ritos religiosos e mágicos, em cerimónias de sociedades secretas, em ritos fúnebres, poesia que interpreta a filosofia e os mistérios da vida e da morte; poesia popular, cantada nos jogos à volta do fogo, transmissora de ensinamentos morais e históricos; i) narrações históricas: listas de pessoas e lugares, genealogias, histórias universais, locais e familiares, comentários jurídicos, explicativos, esporádicos, ocasionais".
2. Algumas tipologias da literatura angolana de tradição oral
Em 1894, o grande angolanista Héli Chatelain (1964:9, a edição original,
Terem europeus inteligentes vivido, durante quatrocentos anos, com a população nativa e nunca terem registado um único exemplo de literatura oral nativa não será isso prova bastante da inexistência desta? Assim parece. No entanto, logo que inteligente e persistentemente a procuramos, essa literatura revela-se-nos de uma forma exuberante .
Pertence, de facto, a Héli Chatelain (1888-1889, Chatelain, 1888-89:XVIII-XIX) a primeira classificação da "literatura oral" angolana, stricto sensu: provérbios ou adágios; contos ou apólogos. O mesmo autor acrescenta que se poderão "juntar": as "tradições historicas e mytologicas", os "ditos populares", "ora satyricos ou allusivos, ora allegoricos ou figurados"; enigmas (1) ou cantigas. No respeitante à qualidade, Chatelain afirma que a "literatura oral angolana pode competir com qualquer outra" (2):
[...] litteratura oral [angolana] [...] puramente nacional [...] consta de um rico thesouro de proverbios ou adagios (= jisabu, sing. sabu [Nota do autor]), de contos ou apologos (= misoso, sing. musoso), de enigmas (= jinongonongo, sing. nongonongo) e de cantigas, aos quaes se podem juntar as tradições historicas (= malunda) e mythologicas, os ditos populares, ora satyricos ou allusivos (= jiselengenia), ora allegoricos ou figurados (= ifikila) ; em todos os quaes se condensou a experiencia dos seculos e ainda hoje se reflecte a vida moral, intellectual e imaginativa, domestica e politica das gerações passadas: a alma da raça inteira (Idem, ibidem:XVIII).
Héli Chatelain, - um pouco mais tarde (1894, na primeira grande obra de literatura tradicional angolana, apelidada, Contos populares de Angola, edição
O maior colector de "literatura tradicional angolana" é, sem dúvida, Óscar Ribas. Debruçando-se sobre a área dos Ambundos [Ambundu] (Língua Quimbunda [Kimbundu] e Portuguesa), mais especificamente a zona de Luanda (4) e periferia, Óscar Ribas reparte e classifica esse enorme acervo em várias obras: no Misoso I (5) [1979 (1961, 1.ª ed.)]: contos e provérbios; no Misoso II (1962): psicologia dos nomes; culinária e bebidas; desdéns (isemu); passatempos infantis; vozes de animais e epistolário; no Missosso III (1964a)): canções; adivinhas; súplicas e exorcismos; prantos por morte; instantâneos da vida negra.
Carlos Estermann (Estermann, 1960b:207), ao estudar a literatura dos Povos do Sudoeste de Angola (Ambós [Ovambo], Nhanecas-Humbes [Ovanyaneka-Nkhumbi] e Hereros [Ovahelelo]), classifica-a nos seguintes "géneros literários": 1. Contos ("trechos" em prosa; 2. Provérbios e adivinhas ("[...] constituem um género intermediário entre a prosa e a poesia") (Idem, ibidem:207); 3. Poemetos ("[...] propriamente ditos, que exigem quase sempre acompanhamento melodioso vocal")(Idem, ibidem:207); 4. Cantos ("poemetos cantados").
Dentre os Povos não-Bantos, o único estudo da respectiva literatura oral a que tivemos acesso foi o de Viegas Guerreiro, com a obra Os Bochimanes (!Khu) de Angola (1968). "Recolha magra, sem dúvida, mas ainda assim significativa" (Viegas Guerreiro, 1968:327) de que o autor refere algumas narrativas (6).
No Grupo Vátua (pré-banto), estamos cingidos a um diminuto número de espécimes: uma prece e uma narrativa (Estermann, 1983 (II vol.):287-289). A mais recente classificação compulsada foi a tipologia de António Fonseca (1996:47): narrativas genealógicas; narrativas mítico-históricas; lendas; contos tidos como verdadeiros; fábulas; provérbios; adivinhas; comunicados/recados/notícias; jogos; poesia/canção (7).
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(1) "Os enigmas não contêem uma lição moral ou prática como os provérbios e muitas vezes os contos; servem unicamente de passa-tempo; porém mesmo assim teem valor porque elles tambem apresentam as particularidades syntaxicas e lexicologicas da lingua na sua forma mais genuina e espontanea." (Chatelain, 1888-1889:XIX).
(2) "[...] esta litteratura hereditaria dos pretos que póde rivalisar com a de qualquer raça [...]" (Chatelain, 1888-1889:XVIII)
(3) Martins Vaz, 1969, vol. I e II. A citação, entre parênteses, corresponde ao título da obra
(4) A zona dos "Luandas", no dizer de José Redinha (1975a):8, nota), ou a "ilha crioula", atributo que Mário António outorgou a Luanda, na sua obra Luanda "ilha" crioula (1968).
(5) Ribas [1979: "Antes de começar" (não paginado)] atribui à designação de Misoso o significado de histórias e, por extensão, o de "variada matéria". De facto, história, em Quimbundo, diz-se musoso (pl. misoso) (Silva Maia, 1964:337).
(6) Viegas Guerreiro (1966:39-67), no estudo efectuado sobre os Macondes de Moçambique, divide a sua "literatura oral" em: "contos", "adivinhas", "ditos sentenciosos". Os "jogos, brinquedos e outras diversões", aparecem em capítulo à parte (pp. 69-103), sendo "as vozes de animais" (pp. 303-311), que constituem a XVII divisão dos "contos", inseridas nos mesmos, porque, de facto, são "diálogos"
(7) Veja-se uma classificação um pouco diferente, do mesmo autor e na mesma obra (Fonseca, 1996: 50-52). Em anterior classificação (Fonseca, 1984:85-87), referente ao Grupo Etnolinguístico Bakongo, António da Fonseca distribui a “literatura de tradição oral” por nove “géneros: 1. Os provérbios (ingana) ("nos quais estão condensadas todas as normas de conduta social"); 2. As "histórias de ficção, inclusive as fábulas, e que têm como objectivo a extrapolação da moral social para além do recreio (insinsi, nsonsa, insamuna ou savu)"; 3. As "histórias consideradas verdadeiras (ki mona mesu), mas nelas, de uma maneira geral, ultrapassam-se as leis da natureza e atinge-se o maravilhoso. Nestas histórias são patentes as relações entre vivos e mortos e as práticas fetichistas."; 4. As adivinhas (ingunga) ("o seu objectivo é a distracção e o desenvolvimento do raciocínio dos mais novos. Iniciam-se sempre com uma fórmula especial."); 5. As canções (nkunga ou mbembu); 6. Textos de "transmissão de uma notícia, um recado ou um convite, assumindo, às vezes, a forma de uma pequena fábula cantada."; 7. Jogos e brincadeiras infantis (kimpanga); 8. Narrativas de genealogia (nvila) (feitas pelos mais velhos [...] nunca na presença de estranhos ou miúdos"); 9. Textos constituídos por uma "amálgama de diversos géneros" (mambu) ("resolução de qualquer problema da vida social, um acto de casamento ou um rito qualquer").
3. Historial da edição do acervo da literatura angolana de tradição oral
Não fugiu Angola, como antiga colónia portuguesa, ao movimento cultural internacional, materializado no "grande interesse por manifestações de cultura tradicional popular" (1), inserido no movimento romântico e que, segundo Óscar Lopes, "liga-se a uma idéia de uma inocência poética primitiva, de um estado originário de indiferenciação entre a psique individual e colectiva, entre os ritmos humanos e os ritmos naturais [...] dir-se-ia uma forma nova do mito do Paraíso Perdido ou da Idade do Ouro" (2).
Transportavam consigo os colectores da tradição oral, sem margem de dúvida, ideologias de cariz político e/ou religioso que, por vezes, senão sempre, os faziam apologistas do regime colonial vigente. Julgamos, contudo, que alguns, entre os quais se poderá incluir Héli Chatelain, se nortearam, predominantemente, por um ideário de defesa da cultura tradicional angolana e, até, de luta pelos valores pátrios e autonomistas no sentido de "fundar uma literatura africana autóctone" (3); ou, como Cordeiro da Matta (1857-1894), na linha duma "renascença africana em Angola que antes de mais exigia a legitimação das línguas indígenas" (4).
A recolha da literatura angolana de tradição oral acompanha de perto, embora com algum atraso, as diferentes recolhas feitas em solo africano banto (bantu). Tomando como ponto de partida o ano de 1864, inclusive, data da primeira recolha impressa de literatura tradicional angolana em geral, com a publicação de vinte provérbios por Saturnino de Oliveira e Manuel Francina, na obra Elementos Gramaticais de Língua Ndundu, são referidas, até essa data (1864), por Bessa Victor (5), oito obras sobre "folclore africano". Este autor considera, como primeira, os Études sur
Não fugiu Angola, como antiga colónia portuguesa, ao movimento cultural internacional, materializado no "grande interesse por manifestações de cultura tradicional popular" (1), inserido no movimento romântico e que, segundo Óscar Lopes, "liga-se a uma idéia de uma inocência poética primitiva, de um estado originário de indiferenciação entre a psique individual e colectiva, entre os ritmos humanos e os ritmos naturais [...] dir-se-ia uma forma nova do mito do Paraíso Perdido ou da Idade do Ouro" (2).
Transportavam consigo os colectores da tradição oral, sem margem de dúvida, ideologias de cariz político e/ou religioso que, por vezes, senão sempre, os faziam apologistas do regime colonial vigente. Julgamos, contudo, que alguns, entre os quais se poderá incluir Héli Chatelain, se nortearam, predominantemente, por um ideário de defesa da cultura tradicional angolana e, até, de luta pelos valores pátrios e autonomistas no sentido de "fundar uma literatura africana autóctone" (3); ou, como Cordeiro da Matta (1857-1894), na linha duma "renascença africana em Angola que antes de mais exigia a legitimação das línguas indígenas" (4).
A recolha da literatura angolana de tradição oral acompanha de perto, embora com algum atraso, as diferentes recolhas feitas em solo africano banto (bantu). Tomando como ponto de partida o ano de 1864, inclusive, data da primeira recolha impressa de literatura tradicional angolana em geral, com a publicação de vinte provérbios por Saturnino de Oliveira e Manuel Francina, na obra Elementos Gramaticais de Língua Ndundu, são referidas, até essa data (1864), por Bessa Victor (5), oito obras sobre "folclore africano". Este autor considera, como primeira, os Études sur
Apresentamos, no anexo II, os principais espécimes bibliográficos, referentes à recolha ou compilação da literatura de tradição oral angolana, que assumiram a forma de livro ou revista, ordenados cronologicamente pelo ano da 1.ª edição, com a indicação do número das "formas de texto" e do respectivo grupo etnolinguístico, desde
E que conclusões poderemos retirar deste elenco de “formas de texto”? Poderemos afirmar que, grosso modo, Angola possui um acervo de mais ou menos de 13.000 provérbios, 1.300 adivinhas; 1.200 canções; 1.000 narrativas tradicionais; e perto de 450 varia (motejos; passatempos infantis; vozes de animais; orações e “makas”[discussões]).
Tudo leva a crer, ¾ considerando as intervenções públicas de Virgílio Coelho e Jaka Jamba, e, essencialmente, pelos projectos encetados e a encetar pelo Núcleo Nacional de Recolha e Pesquisa da Literatura Oral (NNARP), pelo Instituto de Línguas Nacionais (INL), pelo Arquivo Histórico e pela Universidade Agostinho Neto, nomeadamente no domínio da narrativa tradicional, ¾ tudo leva a crer que um futuro promissor aguarda este país agora livre da guerra, que não da sua memória.
De facto, como diz o poeta, “de que futuro pode haver temor // para quem tanto acumula do passado?” (8)
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(1) Óscar Lopes (1972:70). O título do capítulo é deveras sugestivo: "Estará o folclore condenado?" Óscar Lopes opina a favor da sobrevivência do folclore, como "cultura popular social". Augura, num futuro superador da "contradição rústico-urbano" com o consequente tempo de lazer e convivência, um "enorme surto de actividades sociais com o cunho de arte ou jogo, isto é com o cunho de vita gratia vitae, que é a única possibilidade real de ars gratia artis. [...] na medida em que a vida passe a constituir um fim superior em si mesma, em vez de, por exemplo um processo de caça ao lucro [...] o folclore entrará em renascença efectiva, e toda a grande arte será também mais popular" (ibidem:76-77).
(2) Óscar Lopes, 1972:70.
(3) Hamilton, 1981:53.
(4) Idem, ibidem :53.
(5) Bessa Victor, 1975:15-16. O autor serve-se de alguns dados de Chatelain (1964:96-99).
(6) Chatelain (1964:96) menciona o ano de 1840.
(7) Não é essa a opinião de Okpewho (1992:164): "Of all branches of African oral Literature, oral narratives have received widest attention in terms of collection and study. Work in this connection by both amateur and profissional scholars goes back as far as 1828, when the Frenchman Jean-François Roger published (in
(8) Carvalho, Ruy Duarte de (1976:351), “Fala da Rainha de regresso ao kimbo”, in MEC, Poesia de Angola. Luanda: Nova Editorial Angolana.
FOLCLORE ANGOLANO: GRUPOS E CICLOS TEMÁTICOS
(J. Redinha, 1975b: 286-287)
Canções, Poemetos, Provérbios e Adivinhas
Mitos, Lendas e Contos
Magia, Religião, Feiticismo e Crenças
Música, Danças, Festas e Trajes
Tradições e Festejos Populares.
Procurando um esboço de ciclos temáticos [negrito do autor] nenhum tema se apresente isolado, mas apenas predominante, sobre o fundo mais ou menos comum, podemos determinar, com a aproximação possível, ou indicar como posição numa área ainda a determinar, os seguintes ciclos:
- Mitos de submersões, afogamentos ou micro-dilúvios (o Nordeste de Angola apresenta a zona mais importante deste mito)
- Contos de maquixes ou makichi [monstros antropófagos] (para norte do Cuanza, entre Quimbundos e Congueses)
- Lendas anióticas (1) (na região do Uíge e dos Dembos)
- Mitos de sirenídeos (na zona costeira desde Cabinda ao Rio Cuanza, com penetração para o distrito do Cuanza-Norte e outras regiões)
- Provérbios figurados (Cabinda).
- Mitos de torres, de andaimes sobrepostos e de outros processos para a escalada do céu - por vezes mesclados do mito de Babel (Moxico e Cuanza-Sul) (2).
- Canções clânicas (Sudoeste de Angola).
- Poesia pastoril (Sudoeste de Angola - região dos Ambós ou Ovambos).
- Contos de anões (Faixa norte de Angola - Cabinda, Zaire, Uíge, Malanje e Lunda).
- Lendas genesíacas (Norte e Leste, principalmente).
- Génios silvícolas (Nordeste da Lunda).
- Mitos de monstros aquáticos (Lunda e casos isolados como o do Cutato).
- Mitos de Ngola (do litoral de Luanda até Pungo Andongo).
- Lendas de tesouros (Sudoeste de Angola).
- Contos míticos (mágico-religiosos) da caça (Nordeste de Angola).
- Mitos de forjadores (Alto-Zambeze).
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(1) "Anióticas, de anioto, nome nativo para os 'homens leopardos', na linguagem de Stanleyville" (Redinha, 1975b):312, nota) [Nota da nossa responsabilidade].
(2) "Este mito também se encontra na Lunda, aludindo à conquista da lua" [Nota do autor].
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(1) Obs.: A datação das obras bibliográficas corresponde à edição consultada.
(2) J. Samuila KAKUEJI e J. Samuila CACUEJI (vide, supra) são denominações do mesmo autor, respeitantes a diferentes obras.
http://www.angolanistas.org/ZAZprincipal/LiteraturaOral.htm
IMAGENS : Mapas das Principais Etnias e dos Grupos Etno-Linguísticos de Angola
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Muito bom esse conteúdo. Vai ser muito útil para o meu pré-projecto.
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