Salazar, porquê?
Recordando José Afonso
Luís Alves de Fraga
A ideia surgiu e está em marcha. Escolher o Português mais famoso de todos os tempos. Não se sabe bem qual o motivo e eis que surge entre os dez primeiros a figura de António de Oliveira Salazar.
O homem que durante quase quatro décadas foi responsável por uma retrógrada ditadura política em Portugal aparece agora entre os mais famosos portugueses de sempre.
Parece perfeitamente irracional que um Povo, vivendo já há trinta e três anos em regime democrático, faça arribar da neblina da História recente um ditador cruel, mesquinho e medíocre. Que fado estará na origem de tal aberração?
Pessoalmente, parece-me simples explicar tal fenómeno. Para tanto, terei de decompor as várias estruturas que o suportam.
Em primeiro lugar, tudo se justifica com base na manifestação da vontade expressa de uma pequena, mas activa, clique de velhos admiradores do antigo governante. Manifestam-se com o mesmo entusiástico proselitismo com que no passado marcharam nas fileiras da Mocidade Portuguesa ou, em casos mais raros, nas da Legião. São saudosistas de um sistema do qual só conheceram os aspectos menos perversos; saudosistas de uma ordem construída sobre contra-valores dos quais ainda não tinham idade para se aperceberem completamente; são saudosistas de uma situação que, parecia, os havia beneficiado ou iria beneficiar. Seja como for, esses são poucos e pouca ou nenhuma influência têm no normal decurso dos acontecimentos nacionais.
Depois, vem um muito maior e mais perigoso grupo de cidadãos que, por andarem mal informados, por serem verdadeiros ignorantes do passado, por ouvirem dizer aos anteriores coisas que lhes perecem maravilhosas, se tornaram nos continuadores ideológicos dos saudosistas. Não fazem a mais pequena ideia do que é viver sob um regime ditatorial; não imaginam o que é a falta de liberdade de expressão do pensamento, nem o terror da perseguição constante por se estar em desacordo com as decisões de quem ilegitimamente manda, nem a desinformação que cai sobre toda a sociedade. É gente que idealiza a ditadura como uma bela solução para os destemperos dos governantes democráticos. Mas pior do que a ignorância é que muitos desses vendilhões da democracia são descarados oportunistas capazes de cederem os mais queridos valores sociais em troca do usufruto de vantagens superiores às dos seus concidadãos. E se quisesse mencionar nomes conhecidos de quem viveu o Estado Novo em tal situação, gastaria algumas páginas a citá-los. É o atrevimento da ignorância que movimenta este vasto grupo ou, o que é pior, o escondido oportunismo de quem espera beneficiar com a mudança.
Há, depois, uma mole imensa de supostos simpatizantes de Salazar e do que ele representou. É composta por todos aqueles a quem eu designo por revanchistas. Umas vezes, são ignorantes do passado, mas simpatizantes quase convictos da democracia, e outras, é gente que alimenta em si um forte sentimento de despeito político. Curiosamente, este grande grupo só se manifesta
A Pátria está à venda, está sujeita a discussão, porque quem se arvorou em seu defensor não a defendeu e não honrou a confiança recebida de todos nós.
Não, não estou nem nunca estarei com quem clama por Salazar. Mas não posso estar a defender todos quantos malbarataram um valor que nós, os militares que estivemos com os ideais de Abril, lhes entregámos de boa fé esperançados que saberiam gerir o que nós não quisemos por não sabermos como o fazer da forma mais correcta e justa para o Povo. Povo com o qual nos identificámos desde a primeira hora, porque, afinal, todos, sem excepção, éramos filhos do Povo donde provínhamos. Tínhamos as armas e a força para servir e não para recalcar aos pés a vontade da Nação.
Hoje já quase todos nós, os militares de Abril, ultrapassámos a barreira dos sessenta anos de idade, mas, continuando a acarinhar um sonho de justiça social, cada vez mais, somos as primeiras vítimas do Poder que quisemos equilibrado e ponderado, justo e respeitado. Contudo, quem souber olhar-nos bem no fundo dos olhos, ainda lá vê brilhar o fulgor de um grande ideal plasmado nos versos de Grândola, Vila Morena, pois ainda acreditamos ser possível que, «dentro de ti, oh cidade», haja «em cada esquina um amigo, em cada rosto igualdade».
Luís Alves de Fraga
mail to [__@portugalclub.org]
Enviada: sábado, 3 de Março de 2007 21:00
Para: Undisclosed-Recipient:;
Assunto: A Pátria está à venda,
Itálicos. manipulatórios e mistificatórios, da responsabilidade do PortugalClub, que intitulou o artigo como «Portugal está à venda» e o distribuiu num mail intituado A VOZ DO POVO, quando a Voz dos responsáveis do PortugalClub é livre, reverente e descaradamente a de Salazar ou seus saudosistas, defensores dum pretenso Portugal do Minho a Timor, NAÇÃO que nunca existiu, pois negou os direitos de cidadania à esmagadora maioria dos povos que o habitavam, cujas culturas nunca respeitou por basear-se num mítico e mistificatório conceito de RAÇA, cuja superioridade pertencia aos «brancos». PortugalClub que em tudo o que se passou depois do 25 de Abril de 1974 vê a mão dos «pró-suviéticos», (sic) «traidores» «a s0ldo de Moscovo» (sic), neles incluindo e destacando, «inocente» ou «deliberadamente» o Partido Socialista, mas também Mário Soares.
VN
2 comentários:
Senhor Luís Alves de Fraga
Acredito que a sua intenção seja desacreditar aquele que foi o melhor e maior gavernante do século XX. Se acha que não foi, como pretende fazer crer no seu escrito, indique-me quem, nesta democracia podre e corrupta melhor do que SALAZAR nos pode governar. Deus o ilumine um pouco mais a si e aos seus camaradas.
Manuel da Costa Andrade
Nota - comentário retirado do PortugalClub
Os comunistas juntaram em Santa Comba Dão cerca de 15o elementos , (chamamos-lhe camaradas), porque o PCP os mandou para ali em camionetas alugadas, não por causa do museu mas sim para perturbar a votação que decorre na RTP, naquele que foi o maior Português de todos os tempos, SALAZAR. O museu vai ser construido e a estátua reconstruida, disso não temos dúvidas. (são palavras do Autarca daquela nobre terra). Manuel da Costa Andrade
Comentário retirado do PortugalClub
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