A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

terça-feira, fevereiro 12, 2008

D'O Tempo das Cerejas - Eleições e lutas nos EUA

Combates da memória ( 19)

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* Victor Dias

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in O Tempo das Cerejas

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Os E.U.A. e o caminho da história

Remetendo sempre para o que aqui escrevi sobre a minha atitude face aos EUA como país e jurando não querer estragar nenhuma festa, hoje não venho de facto discutir o que muitos outros andam legitimamente a discutir sobre as primárias das presidenciais norte-americanas.
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Não, não venho discutir se esta é a pré-campanha que já atesta o triunfo das «ideias» sobre as «imagens».
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Não, não venho discutir a qualidade dos discursos dos candidatos ou os específicos méritos discursivos e poéticos de Barack Obama, não só porque em geral quer na Casa Branca quer nos «sttafs» dos candidatos sempre houve excelentes ghost writers mas também porque poucos discursos resistem à prova do tempo, dos factos e das políticas ( o discurso de Clinton sobre A Ponte para o Século XXI era belíssimo e quem se lembra dele hoje?).
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Não, não venho discutir o sistema das primárias estaduais e dos «caucus» e muito menos a espantosa democraticidade daqueles (sobretudo republicanos) em que o «winner takes all».
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Não, não venho lembrar as diferença que há entre discursos entre candidatos do mesmo partido nas primárias, depois entre os dois candidatos escolhidos na campanha e, por fim, a prática e a política do eleito na presidência.
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Não, não venho apostar, invocando décadas de experiência, que o candidato democrata, a partir da Convenção em que for eleito, logo começará a «recentrar» ou «endireitar» o discurso e os compromissos.
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Não, não venho lembrar que o insuspeito comentador Miguel Monjardino já nos disse na SIC Notícias que nem Hillary, nem Obama, nem Cain mudarão nada de significativo na política externa norte-americana, designadamente quanto ao Iraque.
Não, não venho discutir as putativas boas intenções ou convicções de candidatos nem distingui-las das reais consequências do cilindro compressor do sistema ecónomico, político e institucional dos E.U.A.
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Não, não e não. Venho apenas lembrar que só há 43 anos, através do The Voting Rights Act de 1965, assinado pelo Presidente Lyndon Johnson, é que ficou final e razoavelmente garantido o direito de voto dos negros americanos, designadamente nos Estados do sul.
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Venho apenas lembrar que a grande alavanca para a real conquista desse direito fundamental foi a luta travada e organizada pelo CORE - Congress of Racial Equality - e pela determinação, coragem e audácia de milhares de activistas.
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Sim, como toda a gente diz ou reconhece, pela primeira vez é possível que os EUA possam vir a ter um Presidente negro. Não seria mau que muita gente soubesse que o alicerce mais fundo dessa possibilidade foi construido e amassado, entre 1961 e 1965, com o sacrifício de muitas vidas, com muito sangue, com muito e minucioso trabalho organizativo e com uma histórica valentia.
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Nas fotos que se seguem, todas da Agência Magnum (ver outras 14 fotos aqui), não há os confettis, os balões, as majorettes, a alegria ou os cartazes coloridos na base do azul e do vermelho das primárias ou da campanha eleitoral para a Presidência dos EUA. São, literal e substantivamente, fotos a preto e branco mas em que, também por isso, mais se respira a força da dignidade, a paixão dos combates justos e o caminho certo da história do nosso tempo.

WASHINGTON, D.C.—Cidadãos negros
votam pela primeira vez, em 1963.
©Leonard Freed / Magnum Photos

BATON ROUGE, Luisiana: olhada por um funcionário
branco, uma cidadã negra treinada pelo CORE
dos trabalhadores do campo responde a um
rigoroso questionário numa diligência
para se registar para votar no
«Verão da Liberdade», em 1964.
© Bob Adelman / Magnum Photos

NEW YORK CITY—Ruby Dee, Ossie Davis e os seus filhos
protestam durante uma manifestação pacífica, em 1962.
© Bruce Davidson / Magnum Photos

RULEVILLE, Mississipi—Escolas da liberdade organizam
aulas sobre literacia, história e recenseamento eleitoral
nas cidades rurais em todo o Estado do Mississipi,
no Verão de 1964.
© Danny Lyon / Magnum Photos
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