«Fome e morte para os pobres, subsídios e lucros para os ricos» |
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| A notícia vem no Público (6.4.08): «O número de americanos que dependem do programa federal de ajuda alimentar estará prestes a atingir um novo recorde histórico de 28 milhões, segundo as previsões do Gabinete Orçamental do Congresso [Parlamento dos EUA]. [...] Só no último ano, quando o valor do ordenado mínimo foi revisto pela primeira vez em dez anos [...] o preço do leite nos Estados Unidos aumentou 17 por cento. O valor do pão, arroz e massas subiu 12 por cento. Os ovos ficaram 25 por cento mais caros do que em 2006. E em 2008, a inflação dos preços da comida já chegou aos cinco por cento». No mais rico e poderoso país, na superpotência do grande capital, cerca de 10% da população depende de ajudas para escapar à fome. No mesmo jornal, informa-se que o casal Clinton ganhou 109 milhões de dólares, em 2001-07.
A pobreza de largos sectores da população dos EUA vai-se agravar com a grande crise económica que se abate sobre o capitalismo mundial. Já quando as vacas eram gordas, mesmo muito gordas, para a classe dominante dos EUA, a sua população trabalhadora vivia com crescentes dificuldades. O livro «Salário de Pobreza» de Barbara Ehrenreich (Ed. Caminho, 2004), ou os filmes de Michael Moore, «Roger e Eu» (1989) ou «Sicko» (2007) testemunham a queda acentuada do nível de vida da classe operária dos EUA nas últimas décadas. Uma realidade que irrompeu na campanha presidencial, com todos os candidatos a apregoarem uma «mudança» e a falarem dos males sociais do país. Uma realidade que preocupa até alguns sectores da classe dominante, assustados com as suas implicações.
Em 2006, a Presidente de um dos bancos da Reserva Federal afirmava: «a desigualdade cresceu a tal ponto que me parece valer a pena que os Estados Unidos ponderem seriamente correr o risco de tornar a nossa economia um pouco mais recompensadora para uma parcela maior da população», uma vez que «há sinais de que [essa desigualdade] está a intensificar a resistência à globalização, a afectar a coesão social e pode vir, em última análise, a minar a democracia americana» (www.usatoday.com, 7.11.06). Espantoso: «correr o risco» de dar uma parcela maior da riqueza produzida àqueles que a produzem... ! Mas as prioridades do capitalismo não estão para aí viradas. O referido artigo do Público afirma que «o ajustamento dos valores pagos em senhas alimentares é politicamente sensível, simplesmente porque não existe margem orçamental para o financiamento dos programas de subvenções estatais [...]. O peso das subvenções alimentares no orçamento federal deverá subir [...] para uns estimados 36 mil milhões em 2009». Esse total é pouco maior do que o montante (29 mil milhões) que a Reserva Federal acaba de disponibilizar para salvar da falência o banco de investimentos Bear Stearns, um dos grandes beneficiários dos «anos loucos» da especulação financeira. É uma gota de água comparada com o dinheiro que os vários bancos centrais estão a gastar para tentar conter a derrocada do sistema parasitário que ajudaram a criar e que saqueou o mundo nestes últimos anos. É nada em comparação com os 3 milhões de milhões (“3 trilhões”) de dólares que a criminosa guerra do Iraque já custou, de acordo com o título do recente livro de que é co-autor o Prémio Nobel da Economia, Joseph Stiglitz.
É caso para dizer: «diz-me onde gastas o dinheiro, e dir-te-ei quem és...». Fome e morte para os pobres, subsídios e lucros para os ricos. . in vante 2008.04.10 . .
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