Em Março as forças de Telavive mataram 119 pessoas |
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| Mais de 400 palestinianos morreram desde a conferência israelo-palestiniana de Annapolis, em Novembro. No terreno, o exército israelita continua o massacre enquanto se avolumam as informações contraditórias sobre o processo de diálogo. . Anteontem, o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmud Abbas, esteve em Washington com o objectivo de concertar com a Casa Branca a reanimação das negociações com Israel na base de Annapolis, isto depois de uma breve passagem por Moscovo com semelhante fito e os mesmos escassos resultados. . Paralelamente às iniciativas da ANP, no Médio Oriente corre a informação de que o Hamas, movimento independentista que controla a Faixa de Gaza, não só não obstaculizará as acções de Abbas junto do Quarteto, como aceita «viver como um vizinho [de Israel] do lado, em paz». . A “mensagem” foi divulgada pelo ex-presidente norte-americano, Jimmy Carter, que na semana passada se encontrou com o líder do Hamas, Khaled Mechaal, exilado em Damasco, capital da Síria. . Mechaal, citado pela BBC, desmentiu prontamente que o movimento esteja na disposição de reconhecer Israel, precisando que o Hamas oferece «uma trégua de dez anos depois da retirada de Israel para as fronteiras de 4 de Junho de 1967 [anteriores à Guerra dos Seis Dias, quando Israel ocupou os Montes Golã, na Síria, os territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza] como uma alternativa ao reconhecimento. Esta é, claramente, a visão do Hamas». . Certa, mesmo, só a oposição dos governos de Telavive e Washington à mediação de Carter, mas o antigo presidente não deixou Ehud Olmert e George W. Bush sem resposta, considerando que «o problema não é eu ter-me encontrado com o Hamas na Síria, mas o facto de Israel e os Estados Unidos recusarem encontrar-se com alguém que tem de ser envolvido». . Quanto à Síria, país que acolheu Carter na sua audiência com dirigentes do Hamas, o presidente, Bashar al-Assad, reiterou que Damasco «é favorável a uma paz justa e duradoura», mas não irá abdicar dos Montes Golã, anexados definitivamente por Israel em 1981. . Balanço trágico . Seguro, também, é que este jogo contra-informativo e diplomático só beneficia Israel na sua campanha de aniquilação da resistência popular, e perpetua as condições inumanas em que sobrevivem a esmagadora maioria dos palestinianos, agravadas depois do bloqueio decidido por Israel a meio do ano passado. . Na Faixa de Gaza os raides aéreos e os assassinatos selectivos de militantes e activistas independentistas sucedem-se. Domingo, outro membro do Hamas foi morto pelas tropas israelitas, engrossando o número de vítimas resultantes do conflito desigual. . De acordo com dados revelados por organizações locais, divulgados no sítio www.vermelho.org.br, só durante o mês de Março as forças de Telavive mataram 119 pessoas, incluindo mulheres e crianças, feriram 443 e prenderam ou sequestraram mais de 500. . No mesmo período, o número de ataques superou os 362 - 213 na Cisjordânia e 149 em Gaza -, aos quais acrescem 132 incursões em zonas densamente povoadas dos territórios autónomos, 18 demolições de casas, 29 ocupações e uma investida de grupos de colonos ligados ao movimentos fundamentalistas de Israel . .in Avante 2004.04.24 . .
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