Impressões
Seguro de vida
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* José Luís Ramos Pinheiro, Jornalista
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A degradação de alguns aspectos na vida do Interior chega a ser chocante
As últimas sondagens confirmam a subida dos partidos à esquerda do Governo e o enfraquecimento dos que se situam à direita.
O PS parece controlar o eleitorado do centro, facto essencial para ganhar eleições; falta-lhe não perder muito à esquerda, objectivo indispensável para garantir a maioria absoluta.
Neste quadro, é visível a preocupação do PS em olhar para o eleitorado mais à esquerda, provando-lhe que o seu Governo é capaz de responder a alguns dos seus anseios.
O acordo com os professores e a nova proposta sobre o divórcio surgem como dois elementos desta estratégia: controlado o centro, mobilizar a esquerda.
Com esta clareza e ainda a uma distância considerável, o PS prepara as eleições legislativas do Outono de 2009.
É uma campanha eleitoral longa, o que é sempre um risco. Dois factores podem sempre condicionar as expectativas eleitorais: o factor económico-social e o factor partidário. Neste momento, para o PS é mais preocupante o primeiro do que o segundo.
De facto, Portugal continua a não crescer o suficiente para encurtar distâncias com a Europa e para garantir melhores condições a quem vive pior. Mesmo a classe média não consegue viver actualmente de acordo com as expectativas que, mais ou menos artificialmente, criou.
A degradação de alguns aspectos na vida do Interior chega a ser chocante, potenciada também por medidas governamentais, designadamente na área da Saúde.
A conjuntura económica internacional não ajuda, bem pelo contrário. Restam as obras públicas que o Governo promete agora acelerar, para conter o desemprego e semear um efeito positivo na economia, cujo perfume se faça sentir ao longo do próximo ano.
Menos preocupante, para o PS, é a concorrência partidária. O único dos partidos com aspirações à chefia do Governo, o PSD, parece incapaz de lá chegar. Falta mais de um ano para as eleições, é certo. Mas todo o tempo é pouco, para o PSD recuperar credibilidade e rumo.
Por enquanto, Luís Filipe Menezes não convenceu o partido nem seduziu o País. O actual Governo deu o flanco em muitas áreas, designadamente no plano social e a conjuntura económica é o que se sabe.
Mas as dificuldades governamentais não geraram, até agora, uma política alternativa e uma liderança mobilizadora.
Costuma dizer-se que são os partidos que governam que perdem as eleições. Com outra Oposição, talvez isso acontecesse. Mas no estado em que se encontra, a Oposição que temos é o melhor seguro de vida para o actual Governo.
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