Em debate na terça-feira (22) no Fórum Mundial de Investimentos, o ministro de Cooperação para o Desenvolvimento da Holanda, Bert Koenders, afirmou que os efeitos adversos dos biocombustíveis estão subestimados. E ecoou uma preocupação mundial: "A segurança alimentar não pode ser colocada em risco pelos biocombustíveis", disse, durante debate sobre oportunidades e riscos da produção da biocombustíveis para os pequenos agricultores. O país se mostrou disposto a incentivar a criação de um selo de sustentabilidade para bioenergia.
Em seus discursos em Acra, o presidente Lula defendeu a produção de etanol e biodiesel como oportunidade de desenvolvimento para o continente africano, mas a segurança alimentar segue sendo a principal preocupação dos governos da região.
No mesmo debate, o ministro de Planejamento e Desenvolvimento de Moçambique, Victor Bernardo, deixou claro que a prioridade do país africano é a luta contra a pobreza. Todo o resto, segundo ele, é marginal. "Os biocombustíveis talvez não sejam nossa prioridade e nem nossa preocupação principal", avisou. Ele não descartou a possibilidade de estudar a viabilidade de produção em Moçambique, mas alertou: "Não podemos usar as melhores terras aráveis para [produzir] biocombustíveis".
O mesmo argumento foi usado pelo secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores do Peru, Gonzalo Gutierrez. Ele defendeu que os biocombustíveis sejam parte do desenvolvimento, lembrando a meta peruana de adição de 2% de biocombustível ao diesel já em 2009. Mas foi incisivo: "Temos nossas condições, não podemos competir com a oferta de alimentos. Para os biocombustíveis vamos usar novas terras ou terras de cultivos ilegais".
Para o coordenador de Mudança Climática e Comércio de Biocombustíveis da Unctad, Lucas Assunção, a conclusão do debate é que os biocombustíveis são bem-vindos desde que respeitadas as prioridades dos países em desenvolvimento. "Os biocombustíveis são uma opção séria e desejável para países em desenvolvimento, com um grande porém: têm que ser feitos de um maneira responsável, olhando com muita atenção para o que isso implica em termos de demanda por terra e de acordo com as prioridades dos países em desenvolvimento."
O tema promete continuar aquecendo os debates até o final da conferência, na sexta-feira (25).
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