A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Cartas de Longe à companheira Dilma - Eron Bezerra *

Colunas

\Vermelho - 22 de Fevereiro de 2011 - 0h01 
.
Quando a primeira etapa da revolução soviética eclodiu, em março de 1917, Lênin estava exilado na Suíça. Como naquela época não havia essa maravilha da internet, ele só podia opinar sobre o mais notável acontecimento do século XX por cartas, as quais se tornaram famosas, após publicação, com o título de “cartas de longe” ou “cartas de um ausente”.

Nessas famosas cartas Lênin analisava os acontecimentos, emitia sua opinião, fazia recomendações aos camaradas e travava o bom combate ideológico - uma de suas características mais notáveis – alertando que os aliados do proletariado russo eram os proletários de todos os demais países e não os sociais-chauvinistas, como Plekhánov, Gvózdev e Potréssov que haviam se bandeado para o lado da burguesia.

Não estou exilado. Apenas estou na Amazônia, esse mundo à parte, e não tenho a pretensão de dar conselhos à presidenta Dilma. Minha pretensão é tão somente dizer que ela pode e deve avançar mais em relação à superação desse enorme fosso social que a direita brasileira criou em nosso país. E o tratamento dispensado ao salário mínimo, que novamente será votado no Senado da República, é simbólico.

Não se impressione minha cara presidenta com a facilidade com que a proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados. A tendência natural é senhora ter menos trabalho do que teve o nosso companheiro Lula. Afinal, a esquerda finalmente vai entendendo que quem ganha governa e quem perde faz oposição, a qual hoje, no Brasil e em boa parte do mundo, é exercida por uma direita desqualificada sob qualquer aspecto, o que lhe retira condições de fazer de fato oposição. Faz demagogia.

No primeiro momento do governo Lula reinou a confusão no seio do movimento social e das forças de esquerda, tal qual ocorreu com o proletariado russo na revolução soviética, os quais se deixaram impressionar pela demagogia dos sociais-chauvinistas.

No caso brasileiro o movimento social e a esquerda foi aos poucos se dando conta que a sua defensiva decorria da falsa percepção coletiva de que governo é “direita” e oposição é “esquerda”. Percepção, aliás, construída por uma prática de 500 anos de governos de direita e de 500 anos de resistência oposicionistas da esquerda.

Mas governo ou oposição é apenas e tão somente um posicionamento político, enquanto esquerda e direita é a expressão de uma prática ideológica. Hoje, portanto, a esquerda é governo e, felizmente, a direita lhe faz oposição. O que é natural.

Assim, apenas alguns poucos incautos e os vigaristas de sempre que se aglutinam em torno da esquerda por conveniência, lhe negaram o voto. Os demais, mesmo condenando e demonstrando a viabilidade de um aumento maior do salário mínimo, votaram com a política de valorização e recuperação do valor real do salário mínimo. Não se prestaram à demagogia e jamais se aliariam com a direita. Deram-lhe um voto de confiança, mas não estão satisfeitos porque sabem que as contas públicas jamais seriam comprometidas com uma sinalização mais generosa e justa de sua parte.

A sua base política, portanto, é ideologicamente mais sólida e naturalmente mais madura do que a de seu antecessor. Aproveite para consolidar os avanços sociais que esse país tanto reclama. Não permita que a direita faça demagogia e iluda algumas parcelas sociais desarmadas. Avance, ouse muito mais, ouça menos os “guarda livros” e mais a sua própria história.

Os 47 milhões de brasileiros que de uma forma ou de outra tem seus vencimentos indexados ao mínimo agradecerão penhoradamente. A diferença eventual de 15 reais custará aos cofres públicos 705 milhões de reais por mês.

É muito? É bem menor do que os 3 bilhões de reais que serão gastos a mais com a dívida pública em decorrência da elevação de 0,5% da taxa de juros, apenas da parcela da dívida indexada a selic.

5 comentários
* Engenheiro Agrônomo, Professor da UFAM, Deputado Estadual, Membro do CC do PCdoB, Secretário Nacional da Questão Amazônica e Indígena.
* Opiniões aqui expressas não refletem necessariamente as opiniões do site.
.
  • Eron

    22/02/2011 23h17 Tento de varias formas conjugar um pensamento a respeito. Mas agora lendo o seu artigo consegui colocar minhas ideas em ordem. Mto bem!!!! Abraço
    Valeska grazziotin
    Curitiba - PR
  • Na linha!

    22/02/2011 16h22 Gostei muito do texto, camarada. Em poucas palavras, tudo o que precisava ser dito!
    Rita
    Brasília - DF
  • Eron é um grande pensador

    22/02/2011 15h47 Camara vc sempre nos privilegiando com seus bons posicionamentos e criticas bem fundamentadas e construtivas. Parabéns.
    Sandreia Costa
    Manaus - AM
  • Até que vc...

    22/02/2011 15h41 Camarada Eron, sempre vinha na minha cabeça de quem sua figura me fazia recordar. Agora você matou a charada camarada Lênin. Bricaneiras a parte torço para esta nobre mensagem tome conta das idéias e da atitude de nossa presidenta, pois pessoalmente acredito que teremos que ir além da luta idelógica para acumularmos força mais rapidamente e podermos de fato fazermos o Brasil avançar.
    christian Barnadd
    Manaus - PB
  • Certeiro

    22/02/2011 13h38
    Parabéns mais uma vez camarada Erón. Foi certeiro na análise e na critica.
    Marcelo Buraco
    Santo André - SP
    .
    .

Sem comentários: