«A Somália vive emersa no caos e em permanente guerra civil» | | Mais de um milhão de refugiados em 16 anos
| Espiral de violência na Somália põe milhares de pessoas em fuga, sem refúgio e sem alimentos, alertam agências da ONU, que temem uma catástrofe humanitária.
Desde o início do ano, mais de 64 mil pessoas abandonaram a capital somali, Mogadiscio, o que dá uma média de mais de 20 mil deslocados por mês, revela o mais recente relatório do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).
A maioria das pessoas teme ser apanhada no fogo cruzado entre as milícias da União dos Tribunais Islâmicos (UTI) e as forças leais ao Governo Nacional de Transição do presidente Yusuf Ahmed, apoiado pelas tropas etíopes. Inicialmente sediado em Baidoa, a 200 km a noroeste de Mogadíscio, o governo reconhecido pela comunidade internacional (mas não reconhecido internamente) só conseguiu instalar-se na capital no ano passado com o apoio das tropas da Etiópia, que efectivamente o suportam.
Na prática, a Somália vive emersa no caos e em permanente guerra civil desde o derrube do presidente Siad Barre, em 1991, que abriu caminho para a divisão do país em feudos controlados por «senhores da guerra». Em 1992, forças das Nações Unidas encabeçadas pelos EUA intervêm no conflito, mas o massacre de soldados norte-americanos levou à sua retirada. Um ano depois, segundo as estimativas, já tinham morrido mais de 250 mil pessoas, vítimas da fome e da guerra.
No final de 2006, tropas etíopes entraram na Somália para apoiar o governo interino. Alegando que a UTI tem ligações à Al'Qaeda, os EUA e a Grã-Bretanha aprovaram a intervenção, mas a ajuda etíope revelou-se insuficiente para impor a autoridade do governo de Yusuf. O mesmo sucedeu com as diversas tentativas de negociação com a UTI, pois apesar de sucessivos acordos e planos de paz, a violência continuou a aumentar.
Força da ONU reforçada
Desde o ano passado que as organizações locais e internacionais vêm alertando para o perigo de uma catástrofe humanitária. No final de 2007, a ACNUR, tal como o Programa Mundial para a Alimentação (PAM), e a UNICEF, entre outras, estimavam que mais de dois milhões de somalis dependiam da ajuda humanitária para sobreviver. Na semana passada, o director do PAM para a Somália, Peter Grossens, afirmou que a falta de segurança em muitas zonas impede o fornecimento de ajuda humanitária a centenas de milhares de mulheres e crianças.
É neste contexto que surge uma informação da ONU dizendo que o Conselho de Segurança deverá discutir uma proposta do secretário-geral Ban Ki-moon sobre o envio para a Somália de uma força de pacificação, integrada por 27 mil efectivos. A concretizar-se, este contingente irá substituir o da União Africana, formado por cerca de dois mil soldados do Uganda, que actualmente se encontra no território e que não tem sido capaz de conter a violência.
No final do ano passado, estimava-se em mais de um milhão o número de refugiados somalis.
Após mais de 16 anos de guerra, a economia da Somália, que é um dos países mais pobres do mundo, é controlada por uma minoria que explora o narcotráfico, a venda de armas e o comércio de alimentos. . in Avante 2008.04.03 . Foto por yulunga1 (refugiados) | |
Sem comentários:
Enviar um comentário