A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sábado, agosto 14, 2010

Ameaça Nuclear

  • Ângelo Alves

O que é novo é a profunda hipocrisia que os rodeia
A «Nobel» hipocrisia
Se é um dever assinalar, a cada ano que passa, o crime dos EUA em Hiroshima e Nagasaki, no ano em que se assinalam os 65 anos do holocausto nuclear esse dever e essa responsabilidade é ainda maior. Infelizmente nem as autoridades, nem a imprensa em geral, deram o destaque necessário a este trágico aniversário e quando o fazem esforçam-se por ocultar ou mitigar um dos mais importantes factos dos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki: O lançamento das duas bombas atómicas sobre estas duas cidades foi um acto de puro terrorismo de Estado. Não foi sequer um acto de guerra, já de si fortemente condenável. A Segunda Guerra Mundial estava na prática terminada e o Japão imperial preparava-se para assinar a sua rendição na sequência da decisão da URSS de abrir a frente contra o Japão.
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Mas se o recorrente branqueamento deste inegável facto histórico é, para a memória das vítimas de Hiroshima e Nagasaki e para os amantes da paz, um insulto, o que aconteceu este ano no Japão nas cerimónias oficiais que assinalaram os 65 anos do holocausto nuclear revestiu-se de contornos tenebrosos.

No mesmo exacto período em que os EUA – potência nuclear que nunca efectuou sequer um pedido de desculpas ao povo Japonês pelo hediondo crime que cometeu - estão envolvidos em gigantescas e «explosivas» provocações contra o Irão e a Coreia do Norte em nome de um suposto «combate à proliferação nuclear», as referidas cerimónias contaram pela primeira vez com a presença do mbaixador John Ross que, por via de um hipócrita comunicado da representação diplomática dos EUA em Tóquio, afirma ter estado ali presente «para expressar respeito por todas as vítimas da Segunda Guerra Mundial», declarando simultaneamente que os EUA e o Japão «compartilham o objetivo comum de avançar na visão do presidente Obama de conseguir um mundo sem armas nucleares»(1)
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Mas, se as afirmações de John Ross são carregadas de hipocrisia e reveladoras do estado de coordenação entre Japão e EUA na estratégia do imperialismo, as declarações do primeiro-ministro japonês não se ficam atrás e são de extrema gravidade. Naoto Kan, o homem que substituiu o anterior primeiro ministro Yukio Hatoyama - forçado a demitir-se na sequência da declaração da intenção de encerrar, pelo menos em parte, a base militar dos EUA em Okinawa e da decisão de revelar tratados secretos entre os EUA e o Japão que previram, durante a «guerra fria», o trânsito de armas nucleares no País – afirmou em conferência de imprensa que o Japão necessita «contar com a disuassão nuclear»(2), realçando «a importância que tem para o país o guarda-chuva nuclear» dos EUA.

As declarações de Naoto Kan são bem reveladoras da «reviravolta» política operada em Junho no Japão. Uma reviravolta operada com evidente «dedo» norte-americano, que pode não estar desligada da muito mal contada «estória» do afundamento da corveta sul-coreana Cheonan, e que fez pressionar a fundo o acelerador da militarização do Japão, do ataque à sua Constituição pacifista (apesar de declarações de cirscunstância e de divisões no poder político japonês importantes) e da participação activa no projecto de criação de uma «nova NATO» para o extremo oriente e de aí se desenvolver também a versão moderna da guerra das Estrelas de Reagan.
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Estas não são tendências e projectos imperialistas propriamente novos. O que é novo é a profunda hipocrisia que os rodeia
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(1) Agência EFE – 6 de Agosto
(2) Agência EFE – 9 de Agosto
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N.º 1915 - Avante
12.Agosto.2010
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