Economia
Vermelho - 20 de Agosto de 2010 - 18h08
Como vemos, os responsáveis pela elaboração das medidas do governo vivem assombrados por sacerdotes selvagens, que exigem o sacrifício de virgens para aplacar as divindades invisíveis do mercado de títulos. Mas o que me deixa perplexo é o seguinte: por que esses sacerdotes gozam de tamanha influência? Deixemos de lado as vítimas (elas sempre são deixadas de lado, afinal); quem quer que tenha dado ouvidos aos sacerdotes perdeu muito dinheiro.
Por Paul Krugman*
Um exemplo do que quero dizer:
O Morgan Stanley, a mais pessimista dentre as 18 principais instituições que negociam títulos do governo com o Federal Reserve, reconheceu que sua previsão de que o rendimento dos títulos do Tesouro aumentaria este ano foi equivocada.
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O Morgan Stanley previu que o fortalecimento da economia americana levaria a uma demanda por crédito particular e a preços mais altos no mercado de ações, bem como a uma redução do poder de atração dos títulos do Tesouro, vistos pelos investidores como um refúgio, e isso proporcionaria uma alta no rendimento. David Greenlaw, economista-chefe para renda fixa do Morgan Stanley, disse em dezembro que o rendimento para as principais notas com prazo de 10 anos aumentaria em cerca de 40%, chegando a 5,5%, o que corresponderia ao maior aumento anual desde 1999. Em maio, o banco de investimentos reduziu a previsão para 4,5% e, posteriormente, para 3,5%, na semana passada.
O rendimento dos títulos com vencimento em 10 anos caiu até 4 pontos-base, chegando hoje a 2,53%, o nível mais baixo desde março de 2009. Os rendimentos recuaram 10 pontos-base nos últimos 5 dias, e cerca de 46 pontos-base nas últimas 4 semanas.
Escrevi a respeito desta previsão em novembro de 2009, porque acreditava que tais previsões estavam exercendo uma influência desproporcional sobre o governo Obama. Na época, tentei indicar que as mesmas pessoas declarando com toda a confiança que havia uma bolha no mercado de títulos eram as mesmas que ignoraram completamente a formação da bolha imobiliária.
E, ainda assim, essas pessoas ainda são muito influentes no processo de elaboração das medidas públicas.
*Economista, colunista do News York Times
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