A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, agosto 30, 2010

Principais tendências da história que os grandes factos dos últimos 100 anos revelaram


  • Jorge Messias

Organização e ruptura
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Se alinharmos na memória as principais tendências da história que os grandes factos dos últimos 100 anos revelaram, chegaremos provavelmente à conclusão de que os tempos que hoje vivemos fazem parte da mesma espiral que agrupou acontecimentos decisivos que mudaram a face do mundo mas, depois, ficaram esquecidos, em suspenso, embora sem uma finalização definitiva. Por isso, muito do que agora nos parece novidade, já anteriormente deu lugar a terríveis lutas e indescritíveis sofrimentos. A história não se repete mas também não se esgota no esquecimento. Regressa quase sempre.
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Há de tudo neste passado recente que medeia entre o final da I Guerra Mundial e a ascensão do fascismo. A criação de novos focos de tensão que prepararam a expansão das potências imperialistas, a concentração das fortunas nas mãos de potentados financeiros e o incremento fulminante das indústrias de armamentos.
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Em contrapartida, a partir dos anos 20 presenciou-se um panorama social novo e desconcertante: a popularização dos novos meios de comunicação, como foi o caso da TSF, permitiu à extrema-direita, secretamente apoiada pelo poder capitalista supostamente «democrático», explorar os cenários políticos da demagogia, da propaganda e da cultura do mito. Os êxitos propagandísticos das forças fascistas junto de minorias influentes da população (nomeadamente entre os soldados desmobilizados e os desempregados) acabaram por criar elites que deram impulso aos novos exércitos de agressão e à sofisticada formação de polícias secretas de investigação e tortura. O nazismo «antes de o ser já o era», bem visível na famosa «Democracia de Weimar».
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Finalmente, embora deixando muito por citar, a própria organização capitalista conheceu viragens retumbantes. A nível do cume da pirâmide do poder, surgiram as Confederações empresariais apoiadas nos rendimentos astronómicos garantidos pelo Rearmamento e pela espoliação dos mais pobres: a Confederação do Aço, a Confederação da Potassa, a Confederação dos Armamentos, a Confederação do Comércio, etc. Os lucros amontoaram-se, deram lugar a apoios secretos de outros núcleos capitalistas mundiais e foram o gatilho da II Guerra Mundial – apocalíptica, devastadora, mas «criadora» de um punhado de fabulosas fortunas. No pólo oposto, vegetavam multidões crescentes de desempregados, de cidadãos sem lar, de famintos, de vítimas do racismo e de excluídos de toda a natureza – velhos, deficientes, ciganos, católicos progressistas, etc. - particularmente quando neles se pressupunham ideais marxistas.
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Veja-se só como quase tudo isto é actual, ainda que encoberto por nova “gramática” entretanto inventada; e como velhos factores letais, esquecidos e julgados definitivamente mortos, vão ressurgindo aos poucos nos cenários actuais.
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O apoio firme do Vaticano aos objectivos capitalistas do III Reich e às ambições delirantes do «Duce» italiano, raramente chegavam às colunas dos jornais e, muito menos, aos microfones da radiodifusão. Mas os factos passavam de boca em boca, sempre propagados pelo resistência antifascista, quase toda ela enquadrada por corajosos comunistas. Foi assim que se começou a murmurar acerca da existência de campos de extermínio nazis, das relações ocultas entre o nazismo fascista e o Vaticano ou quanto à verdadeira natureza de classe de obras como o «Socorro de Inverno» ou a «Sopa dos Pobres». A caridade, aparentemente movida pelos ideais cristãos, interessava aos governos fascistas para atenuarem os protestos das populações exploradas e condenadas à miséria. Caridade que se manifestou, por exemplo, na recolha de roupas quentes para os soldados nazis e na confecção de sopas aguadas que bichas infindáveis de judeus procuravam como única forma de sobrevivência. Estes laços de dependência produzem a submissão do explorado ao explorador. Desde o seu aparecimento sempre estiveram ligados a ordens religiosas, sobretudo às Misericórdias. Mas não deixa de ser curioso que a Igreja, impulsionadora inicial da «sociedade civil» e sua presente tutora, reclame agora para o Estado capitalista e liberal a paternidade e condução desta forma específica de «luta contra a pobreza»: «O papel dos poderes públicos é essencial (deverá ser o motor da estratégia) mas é indispensável que os numerosos actores que constituem a sociedade civil – associações de cidadãos, sindicatos, universidades, fundações, ONG's, associações de vários tipos, igrejas – contribuam também para o aparecimento de um entendimento correcto sobre o fenómeno da pobreza e a situação dos pobres e participem na estratégia a delinear.» (C. N. Justiça e Paz, 2008). Para a Igreja, declara-se também neste verdadeiro contrato-padrão entre o poder político e o poder religioso, a acção a desenvolver nas estratégias da luta contra a pobreza devem ser antimercantilistas. Mas que dizer, então, das montanhas de subsídios estatais pagos pelos governos às hierarquias católicas (só nos EUA, os montantes públicos desviados para instituições religiosas sob pretexto da sua participação no «combate à pobreza», orçam os 100 mil milhões de dólares anuais) ou do «milagre» dos multimilionários mundiais serem de súbito tocados pelo espírito da Caridade e “oferecerem” metade das suas fortunas para a constituição de novas Fundações capitalistas que façam diminuir o fosso entre ricos e pobres… Que manobras, que negócios, que alianças a alto nível, que «mafias», tudo isto ocultará?
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Avante
N.º 1917
26.Agosto.2010
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