A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, junho 15, 2009

A Coreia e a questão nuclear

A questão nuclear

Os media dominantes noticiaram com especial destaque a realização de um teste nuclear subterrâneo pela República Democrática Popular da Coreia (RPDC). O ensaio nuclear agora realizado traz para a ordem do dia a questão nuclear. E esta é uma discussão que interessa aos comunistas portugueses, conhecidas que são as suas posições e luta pela abolição de todos os arsenais nucleares e outras armas de destruição massiva. Desde há muito que o PCP, e muitos outros partidos comunistas em todo o mundo, defendem não só o respeito pelos tratados de não-proliferação, mas o seu aprofundamento, apontando nomeadamente para a urgência da proibição efectiva e generalizada da produção de armamento nuclear, de investimento no desenvolvimento científico-militar de novas e mais sofisticadas armas de destruição massiva e da realização de testes nucleares.
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Se é inegável que a realização de um ensaio nuclear é em todos os casos condenável e aponta no sentido contrário ao da não-proliferação, não é menos verdade que existem outros e maiores perigos de uma aventura militar com utilização de armas nucleares. Existem no mundo cerca de 30 000 ogivas nucleares com capacidade para destruir o planeta, das quais a maioria pertence aos estados membros da NATO (com destaque para os EUA que sozinhos detêm mais de 10 500) e seus mais directos aliados, como Israel. Na sua recente cimeira de Estraburgo/Kehl a NATO afirmou: «Dissuasão, baseada numa combinação adequada de capacidades nucleares e convencionais, continua a ser um elemento central da nossa estratégia global».
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A realização de um teste nuclear na península coreana é motivo de preocupação. Porque, entre outros, constitui um novo factor de tensão numa das regiões mais militarizadas do Mundo. E porque, na sequência do bloqueio das conversações a seis (Coreia do Norte e do Sul, EUA, Japão, China e Rússia), introduz novas dificuldades na reunificação pacífica da península coreana.
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Mas, se tal é verdade, não se pode deixar de chamar a atenção para a política de «dois pesos e duas medidas» que caracteriza as posições das grandes potências relativamente à questão nuclear. Aqueles que agora invocam a «não-proliferação» para condenar o ensaio da RPDC, são os mesmos que rasgam o tratado ABM ao avançar na instalação do sistema «antimíssil» no Leste europeu e nas costas asiáticas do Pacífico. São os mesmos que avançam para acordos nucleares com a Índia, potência nuclear que muito recentemente realizou um novo teste de míssil balístico com capacidade nuclear. Aqueles que agora falam de «paz e estabilidade no continente asiático» são os mesmos que intensificam a matança no Afeganistão e alastram a guerra ao Paquistão, potência nuclear. Aqueles que agora invocam o «direito internacional» são os mesmos que o espezinharam no Iraque ou mais recentemente no apoio à declaração unilateral de independência do Kosovo. Aqueles que agora exigem «respeito pelas resoluções da ONU» são os mesmos que objectivamente dão cobertura ao desrespeito de inúmeras Resoluções e acordos internacionais por Israel. São os mesmos que se recusam a condenar Israel pela utilização de armas proibidas na agressão a Gaza. São os mesmos que assobiam para o lado perante a realização de exercícios militares israelitas para um eventual ataque ao Irão ou perante as declarações do líder de um dos partidos integrantes do governo israelita afirmando que «Israel deveria lidar com o Irão como os EUA lidaram com o Japão na II Guerra Mundial». Como é fácil de ver, o perigo existe, e é grande! Mas há os que têm moral política para se oporem à realização deste e de outros ensaios nucleares – como os 210 ensaios nucleares franceses realizados entre 1960 e 1996 - e há os que a perderam há muito.
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Artigo publicado na Edição Nº1852 Avante 2009.05.14
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