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Criados com as idéias do individualismo, os norte-americanos se aborrecem com os princípios do Estado Social e não utilizam essas palavras. Indiscutivelmente, contudo, existe nos EUA um Estado Social, e neste momento seu futuro está sendo posto em dúvida.
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Por Mary Stassinákis, no Monitor Mercantil
O significado da falência da General Motors está atrelado a isso, apesar dos insolúveis problemas do capitalismo norte-americano. Em linhas gerais, o Estado Social nos EUA tem dois aspectos: o privado, no qual contribuem as empresas; e o estatal, no qual a ação é assumida pelo governo.
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E ambos estão em estado de cerco. As empresas, porque estão sendo pressionadas pela concorrência, e o governo porque agora é obrigado a aumentar o endividamento público e os impostos.
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A GM é exemplo característico de uma grande empresa que desempenha papel de "Estado Social". Formalizando acordos coletivos com os sindicatos dos trabalhadores da indústria automobilística, a empresa assumiu a obrigação de pagar salários elevados, prometeu ocupação após a aposentadoria, aposentadorias elevadas e programas de seguro saúde quitados.
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Tudo isso faz parte do passado, e vários destes benefícios já começaram a ser reduzidos ou eliminados para todos aqueles que foram contratados pela empresa nos últimos anos.
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A falência também é um sinal, tornando este modelo de ocupação e cobertura ultrapassado. As empresas seguramente continuam oferecendo atraentes pacotes de "previdência", a fim de conseguir contratar e manter os funcionários de talento.
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Em relação ao aspecto público, a maioria dos norte-americanos sintoniza a idéia do Estado Social com as ajudas às mães solteiras, o cupom para alimentos e talvez o fundo federal Medicaid, que proporciona assistência médica aos pobres.
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Mas, em relação a 1960, o Estado mudou radicalmente. Naquela época, 52% dos gastos do governo federal era destinado à defesa e 26% para "ajuda a indivíduos". Em 2008, os percentuais conformaram-se respectivamente em 21% e 61%.
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As pressões sobre os sistemas não cessarão. Em 1955, quando foram alicerçados os fundamentos da "assistência" para os trabalhadores da GM, o colosso, ao lado de seus semelhantes Ford e Chrysler, dominava 95% do mercado dos EUA.
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As três indústrias automobilísticas facilmente poderiam repassar o custo do "Estado Social" aos consumidores. Aliás, desde meados da década do 1950 estas três empresas, assim como muitas outras, desejavam ver seus trabalhadores satisfeitos, esperando assim evitar que se filiassem em sindicatos.
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Avaliando que dominariam tudo e todos no mercado, e que sua concorrência sempre seria controlada, poderiam continuar oferecendo aos seus trabalhadores os muito acalentados presentes da previdência social.
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Teoricamente, o recuo dos sistemas privados de previdência social poderia ser coberto pela expansão do público. As propostas do presidente Barack Obama para a assistência refletem exatamente esta idéia. Mas qualquer análise realista dos fundamentos e dos dados comprova que não se trata de propostas realistas.
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"Vamos tomar empréstimo hoje não para financiar o futuro, mas para cobrir as atuais necessidades dos fundos de previdência social. A lógica diz que não devemos estudar quais destes cobrem realmente os necessitados e livrarmo-nos do resto. Não devemos repetir - em nível nacional - os erros da GM, porque pagaremos muito mais caro por eles".
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Garantias mínimas
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O modelo de ocupação e cobertura previdenciária está mudando. Embora alguém possa fazer carreira em uma única empresa, as garantias de emprego até a aposentadoria não existem mais. Em 2008, apenas 50% dos trabalhadores homens com idade de 50 até 54 anos revelou trabalhar na mesma empresa há pelo menos uma década. Em 1982, eram 62% nesta situação.
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in Vermelho - 30 DE JUNHO DE 2009 - 12h07
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