"Com a eleição de Obama muitos foram os que, nos EUA e no Mundo, foram levados a acreditar, pela esmagadora campanha conduzida pela mídia, que o imperialismo renunciaria à sua natureza. Apesar da curta vida da administração Barack Obama, os fatos encarregam-se de desiludir as, afinal, infundadas esperanças. Como seria normal esperar, se a razão dominasse a emoção", comenta o editorial do jornal americano Workers World, de 28 de junho.
"Quando se tornou claro que os países da Organização dos Estados Americanos, com uma excepção, iriam votar a 3 de Junho a readmissão de Cuba como membro, a Secretária de Estado americana, representante da excepção, abandonou a sala.
Cuba aplaudiu os esforços dos países membros para finalmente inverterem a sua expulsão da OEA, engendrada por Washington em 1962 depois do fracasso da invasão de Cuba. Contudo, Havana disse “não, obrigado” à reentrada na OEA, que durante meio século foi impedida por Washington.
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A justificação que Clinton deu para ter saído foi ser a OEA uma organização de estados “democráticos” e Cuba "não ser democrática".
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Este argumento não vale um tostão furado para a América Latina atual. É do conhecimento geral que Washington tem tentado minar os governos democraticamente eleitos da Venezuela, da Bolívia e do Equador. A razão é evidente: combatem na defesa dos interesses dos seus povos as empresas transnacionais sediadas principalmente nos EUA.
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Há também história que chegue para desmascarar o argumento “democrático” de Hillary Clinton. Apenas um exemplo: em 1973 um golpe militar de direita conduzido no Chile pelo general Augusto Pinochet depôs o governo progressista do presidente Salvador Allende, dando início a um regime de terror. Milhares de pessoas de esquerda foram caçadas e mortas, outras torturadas e “desaparecidas”. Mais tarde, um grande leque de forças políticas condenaram os métodos fascistas de Pinochet e da sua ditadura.
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No entanto, a OEA nunca suspendeu o Chile.
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De fato, em junho de 1976 o então Secretário de Estado Henry Kissinger fez uma viagem especial a Santiago, no Chile, para uma reunião da Assembleia Geral da OEA. Num encontro confidencial com Pinochet a 8 de Junho, Kissinger garantiu ao ditador chileno que, embora o representante dos EUA tivesse que publicamente dizer algumas palavras sobre “direitos humanos” no seu discurso à OEA, Pinochet não tinha que se preocupar.
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“O discurso não está dirigido contra o Chile,” disse Kissinger a Pinochet. “As minhas declarações e a nossa posição estão pensadas de modo a permitir-nos dizer ao Congresso que estamos em conversações com o governo chileno e que portanto o Congresso não precisa de intervir.” Se o projeto de lei pendente no Congresso contra Pinochet fosse derrotado, prometeu que o Chile teria um fornecimento de aviões de combate F-5E.
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Para garantir que Pinochet percebia bem, Kissinger frisou “Agradou-nos a derrubada do governo pró-comunista daqui. (…) Não vamos enfraquecer a sua posição.”
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Uma nota interna do Departamento de Estado que descreve esta conversa foi finalmente desclassificada em 1998. Kissinger, como é óbvio, não foi ainda pronunciado pelos seus muitos crimes.
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Um dia apenas após a derrota de Washington na OEA, o Departamento de Justiça anunciou a prisão de um antigo funcionário do departamento de Estado e sua mulher sob a acusação de espionagem a favor de Cuba, não por dinheiro, mas por convicção pelas mudanças lá acontecidas.
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Na sua coluna de 8 de junho no jornal cubano Granma, Fidel Castro apontou a “estranha” oportunidade das prisões, dado que ambos com setenta anos estão agora reformados e, se as alegações contra eles fossem verdadeiras, teriam podido ser presos há muito tempo. Acrescentou que “Talvez a prisão tenha sido determinada não só pelo tremendo desaire sofrido em San Pedro Sula [local da reunião da OEA – WW], como também pelas notícias segundo as quais houve contatos entre os governos dos Estados Unidos e de Cuba sobre importantes questões de interesse comum.”
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Muita gente esperou que Washington aliviasse o implacável bloqueio a Cuba depois do fim da guerra-fria. Não aconteceu. Depois, a eleição de Barack Obama como presidente e o regresso do Partido Democrático ao controle do governo animaram nova especulação de que a política americana iria mudar. No entanto, se alguma coisa está a levar o governo a ensaiar mudanças nas relações com Cuba será o esmagador apoio que a ilha socialista tem conseguido por parte dos povos do mundo, especialmente da América Latina, da África e do Caribe.
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Washington está totalmente isolada na sua hostilidade aberta contra Cuba.
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O olho de Hillary Clinton está também treinado para o outro lado do mundo. A Secretária de Estado, ao aparecer no programa This Week da ABC, em 7 de junho, fez novas ameaças contra a República Popular Democrática da Coreia (RPDC), outro país que seguiu o caminho socialista. Disse que o governo procurava maneira de "interditar" navios e aviões suspeitos de transporte de armas ou tecnologia nuclear para a RPDC.
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Pondo as coisas claramente, os EUA procuram cometer um ato de guerra contra a Coreia. Trata-se de ato de guerra interceptar ou apreender um navio de outro país.
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Hillary Clinton disse também que o governo procura uma maneira de inverter a decisão tomada por George W. Bush no ano passado de tirar a RPDC da lista de "apoiadores do terrorismo." Mais belicosa do que Bush? Aparentemente, sim.
É que, de fato, o Partido Democrata é responsável pela maior parte das guerras imperialistas dos EUA nos últimos 70 anos".
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Texto publicado no jornal americano Workers World (www.workers.org). Traduzido por Jorge Vasconcelos, para o Diário.info
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