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sábado, junho 13, 2009

Pesquisadores descobrem milhares de centros nazistas de detenção

Alemanha | 13.06.2009

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Nos EUA, estudiosos localizaram cerca de 20 mil presídios, guetos e campos de concentração mantidos pelos nazistas durante a Segunda Guerra, inclusive para além das fronteiras europeias.

A Encyclopaedia of Camps and Ghettos 1933-1945 (Enciclopédia de Campos e Guetos 1933-1945) pretende mapear os campos de concentração, os campos de prisioneiros de guerra, as penitenciárias e outros locais de perseguição mantidos pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Em entrevista à Deutsche Welle, o diretor do projeto, Geoffrey Megargee, do Museu do Holocausto em Washington, afirmou estar surpreso com o alcance da rede de repressão nazista.

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"Quando o projeto começou, pensamos que fossem uns 5 mil, quem sabe 7 mil locais. Mas, ao nos aprofundarmos na pesquisa para a enciclopédia, os números começaram a aumentar cada vez mais. E ao longo de alguns anos, chegamos a 20 mil", comentou.

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A rede do terror nazista

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Megargee informou que os nazistas mantinham até mais que 20 mil centros de detenção, caso se contem as infames prisões da Gestapo existentes em "todas as cidades, de qualquer tamanho" – um âmbito que a enciclopédia não poderá cobrir.

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Quando se fala em centros de detenção nazista, logo vêm à mente os grandes nomes, campos de concentração e de extermínio como Ausschwitz, Buchenwald, Dachau e Bergen-Belsen. O primeiro volume da enciclopédia trata justamente dessa categoria. Contudo, havia uma rede de prisões, campos de trabalho e outros locais de perseguição que eram fundamentais para a estratégia bélica de Adolf Hitler.

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"Temos quase 1.100 verbetes só no primeiro volume, sendo que os outros seis tratam de outras categorias, como campos de prisioneiros de guerra e de trabalhos forçados, além dos guetos", informa Megargee, acrescentando que isso representa apenas a ponta do iceberg.

Ausschwitz concentrava detentos de todas as idades

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Ausschwitz concentrava detentos de todas as idades

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"Havia aproximadamente 500 bordéis onde as mulheres eram obrigadas a servir às Forças Armadas alemãs, por exemplo; os chamados campos de 'germanização', onde crianças polonesas eram avaliadas de acordo com suas características raciais e – se aprovadas – entregues a casais alemães; os chamados centros de eutanásia, onde os nazistas matavam os deficientes de seus próprios países e internos de campos de concentração também", especifica Megargee.

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Uma parte da guerra

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A enciclopédia afirma que os nazistas começaram a instalar sua rede na Alemanha assim que Adolf Hitler subiu ao poder, em 1933. No final daquele primeiro ano, estabeleceram-se na Alemanha mais de 100 campos comandados por grupos paramilitares, como a Waffen SS, unidade de elite da milícia nazista, e a polícia propriamente dita. A introdução da enciclopédia explica que os campos eram construídos para "deter e cometer abusos contra inimigos reais e imaginários do regime".

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O regime de Adolf Hitler continuou a expandir sua rede nos anos seguintes, instalando mais campos nos territórios ocupados na Europa e para além das fronteiras europeias.

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"Em todos os lugares controlados pelos alemães e seus parceiros, do Norte da Àfrica à Noruega, do litoral da França até praticamente Moscou e Ucrânia, havia campos e guetos por toda parte", explica Megargee.

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"Muita gente pergunta: como é que eles podem ter investido tanto nesse sistema de campos, enquanto estavam tentando vencer uma guerra? Eles não faziam distinção entre as duas coisas. O que estava acontecendo nos campos era parte de seu ímpeto bélico, fosse a produção de munições, o uso de trabalhos forçados, o laboratório de um campo de concentração, os campos de prisioneiros de guerra ou o extermínio de judeus...", resume o pesquisador.

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Abrangente enciclopédia

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O Museu Memorial do Holocausto em Washington se concentra sobretudo no extermínio sistemático, industrializado e massificado de seis milhões de judeus. A enciclopédia, por sua vez, inclui todos os tipos de locais de perseguição, alguns dos quais destinados especificamente às etnias dos sintos e dos roms, aos homossexuais, a ativistas da resistência, prisioneiros de guerra e comunistas – ou seja, um grupo que incluía praticamente qualquer adversário político do regime.

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Megargee explica que o projeto abarca o sistema nazista como um todo, pois excluir os campos onde não se aprisionavam judeus não diminuiria necessariamente o trabalho de pesquisa. E seria uma pena não publicar toda a informação documentada.

Libertação do campo de concentração Wöbbelin-Neuengamme, em 1944

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Libertação do campo de concentração Wöbbelin-Neuengamme, em 1944

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"O que estamos fazendo é simplesmente tentar catalogar todos os locais sobre os quais conseguimos localizar informações. Tentamos descobrir quando cada um foi aberto e fechado, quantos e que tipos de prisioneiros ficavam detidos ali, qual a espécie de trabalho executado pelos detentos, quem vigiava e comandava o campo, como os internos viviam, quantos morreram e outras questões como essas", afirmou.

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Documentação da memória

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Megargee disse que a ideia do projeto era fazer uma obra de referência, em língua inglesa, com detalhes até então dispersos por todo o mundo em um grande número de idiomas. "Até agora, esses dados estavam reservados a quem dominasse a respectiva língua e tivesse tempo de visitar arquivos na Europa inteira", explica.

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A equipe de pesquisa achou que um projeto desses poderia ajudar a elucidar os crimes da era nazista, especialmente numa época em que a negação da existência histórica do Holocausto vem se propagando cada vez mais e as vítimas estão envelhecendo e levando suas vivências consigo para o túmulo.

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"Mais de um milhão de vítimas passaram pelos campos de concentração, sem contar, por exemplo, mais um milhão de pessoas assassinadas logo ao chegarem em Auschwitz. Eu simplesmente não disporia de números sobre todas as pessoas que passaram pelos diversos tipos de campos", comenta Megargee.

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Autor: Mark Hallam

Revisão: Carlos Albuquerque

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