Presidente apanhado no banco laranja...
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Numa declaração feita ontem ao fim da tarde, o Presidente da República fez uma alusão à manchete de "um jornal de fim-de-semana", remetendo os jornalistas para o comunicado da Presidência da República de 23 de Novembro de 2008.
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Ora nesse comunicado emitido pela Presidência da República é referido que o Presidente não tem nem nunca teve acções do BPN. Sejamos rigorosos: nem Cavaco nem ninguém, pois o BPN era detido a 100% pela SLN, a holding do grupo. A SLN é que tem (ou tinha) cerca de 400 accionistas, entre os quais Oliveira e Costa, Joaquim Coimbra... e Cavaco Silva.
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Vejamos alguns factos:
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1. O Presidente comprou acções a um euro e vendeu-as a 2,4 euros. Ganhou, em menos de dois anos, 140%.
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2. Entre 2001 e 2003, a economia mundial registou um abrandamento significativo e os mercados accionistas caíram 11% nesse período de dois anos. A economia portuguesa atingiu o ponto mais baixo da crise precisamente em 2003, com uma queda do PIB de 1,2%.
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3. No mesmo período, o índice de holdings financeiras na Europa, sociedades com o mesmo perfil da SLN (embora cotadas em bolsa), caiu 31%. A título de curiosidade o BCP caiu no mesmo período 57%.
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4. A SLN é composta por diversos activos. A BPN SGPS é, de longe, o mais relevante deles. Logo, o valor da SLN é, acima de tudo, função do valor do BPN e dos seus resultados.
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5. Entre 2001 e 2003, o valor contabilístico da BPN SGPS passou de 266 milhões de euros para 298 milhões de euros, o que representa um acréscimo de 12%.
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6. No mesmo período, os resultados gerados subiram de 26,7 milhões de euros para 33,1 milhões, ou seja um aumento de 24%.
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Partindo do pressuposto de que as contas da SLN reflectiam a actividade do grupo (o que a comissão parlamentar de inquérito parece infirmar), qual o preço a que deveriam ser vendidas as acções de Cavaco Silva (e da filha)? Duas hipóteses:
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a) Se utilizássemos os dados de balanço para determinar o valor justo de saída, o valor de venda deveria ter sido 1,12 euros;
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b) Se utilizássemos a demonstração de resultados, o valor de venda deveria estar próximo de 1,24 euros.
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Este conjunto de factos suscita um conjunto de questões:
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1. Por que decidiu Cavaco Silva comprar acções da SLN?
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2. Sendo então Cavaco Silva, além de professor de Economia, um alto quadro do Banco de Portugal, não teve conhecimento do “cartão amarelo” mostrado pelo banco central ao BPN e revelado nas páginas da Exame?
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3. A quem comprou Cavaco Silva as acções?
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4.. Por que decidiu Cavaco vender as acções, sabendo que, não estando cotadas em bolsa, a sua liquidez era pequena?
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5. Por que determinou Oliveira Costa que as acções fossem adquiridas pela SLN-Valor e pelo valor que fixou por despacho?
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6. Tendo o Presidente da República dito ontem que a aplicação das suas poupanças era feita pelo seu gestor de conta, e uma vez que a carta que enviou a solicitar a venda das acções é dirigida a Oliveira Costa, pode concluir-se que o seu gestor de conta era o próprio presidente da SLN e do BPN?
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Ora nesse comunicado emitido pela Presidência da República é referido que o Presidente não tem nem nunca teve acções do BPN. Sejamos rigorosos: nem Cavaco nem ninguém, pois o BPN era detido a 100% pela SLN, a holding do grupo. A SLN é que tem (ou tinha) cerca de 400 accionistas, entre os quais Oliveira e Costa, Joaquim Coimbra... e Cavaco Silva.
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Vejamos alguns factos:
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1. O Presidente comprou acções a um euro e vendeu-as a 2,4 euros. Ganhou, em menos de dois anos, 140%.
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2. Entre 2001 e 2003, a economia mundial registou um abrandamento significativo e os mercados accionistas caíram 11% nesse período de dois anos. A economia portuguesa atingiu o ponto mais baixo da crise precisamente em 2003, com uma queda do PIB de 1,2%.
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3. No mesmo período, o índice de holdings financeiras na Europa, sociedades com o mesmo perfil da SLN (embora cotadas em bolsa), caiu 31%. A título de curiosidade o BCP caiu no mesmo período 57%.
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4. A SLN é composta por diversos activos. A BPN SGPS é, de longe, o mais relevante deles. Logo, o valor da SLN é, acima de tudo, função do valor do BPN e dos seus resultados.
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5. Entre 2001 e 2003, o valor contabilístico da BPN SGPS passou de 266 milhões de euros para 298 milhões de euros, o que representa um acréscimo de 12%.
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6. No mesmo período, os resultados gerados subiram de 26,7 milhões de euros para 33,1 milhões, ou seja um aumento de 24%.
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Partindo do pressuposto de que as contas da SLN reflectiam a actividade do grupo (o que a comissão parlamentar de inquérito parece infirmar), qual o preço a que deveriam ser vendidas as acções de Cavaco Silva (e da filha)? Duas hipóteses:
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a) Se utilizássemos os dados de balanço para determinar o valor justo de saída, o valor de venda deveria ter sido 1,12 euros;
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b) Se utilizássemos a demonstração de resultados, o valor de venda deveria estar próximo de 1,24 euros.
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Este conjunto de factos suscita um conjunto de questões:
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1. Por que decidiu Cavaco Silva comprar acções da SLN?
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2. Sendo então Cavaco Silva, além de professor de Economia, um alto quadro do Banco de Portugal, não teve conhecimento do “cartão amarelo” mostrado pelo banco central ao BPN e revelado nas páginas da Exame?
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3. A quem comprou Cavaco Silva as acções?
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4.. Por que decidiu Cavaco vender as acções, sabendo que, não estando cotadas em bolsa, a sua liquidez era pequena?
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5. Por que determinou Oliveira Costa que as acções fossem adquiridas pela SLN-Valor e pelo valor que fixou por despacho?
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6. Tendo o Presidente da República dito ontem que a aplicação das suas poupanças era feita pelo seu gestor de conta, e uma vez que a carta que enviou a solicitar a venda das acções é dirigida a Oliveira Costa, pode concluir-se que o seu gestor de conta era o próprio presidente da SLN e do BPN?
LINKS:
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Cartão amarelo mostrado pelo Banco de Portugal, relatado por Camilo Lourenço (Março de 2001)
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Nota do Expresso (com cópia das cartas do Cavaco e da filha e despachos do Oliveira e Costa)
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