08-06-2009
Glórias do jornalismo português
Fatal como o destino !
Quando ontem aqui adverti para um patente truque analítico que estava em marcha nas emissões televisivas, já sabia (coisas de macaco velho) que ele se ia estender à imprensa escrita desta manhã.
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Como se pode ver pela referência de primeira página do DN (imagem à esquerda) e pela imagem em baixo extraída da primeira página do Público de hoje.
Ou seja, e como já ontem escrevi, por estes excelentes e extraordinários critérios de análise, o que passa a definir e caracterizar o resultado de uma força política não são os seus significativos progressos em relação a eleições anteriores homólogas mas sim o facto de outro ou outros terem tido mais votos e deputados ( no caso do BE em relação à CDU, mais 2499 votos em 380.000, ou seja mais 0,05 e, consequência matemática, mais um deputado). Entretanto, este critério não é para todos: no Público, entre outros jornais, ninguém parece ter reparado que, por esse critério, o «vitorioso» CDS teria passado de quarta para quinta força política.
Também na tabela de vencedores e vencidos do Público e dos respectivos movimentos de setas se revela a uma patente duplicidade de critérios. Paulo Portas tem seta para cima porque o CDS foi «vencedor contra as sondagens» (eu não sabia que as sondagens também concorriam!) embora quanto às setas dos votos do CDS nada seja possível saber porque em 2004 concorreu coligado com o PSD. Já Jerónimo de Sousa é brindado com uma seta na horizontal (que quer dizer nem subida nem descida) apesar de as setas dos votos da CDU serem para cima (mais 70 mil votos e mais 1,6% ). Muito original e criativo ainda o título do Público sentenciando que «resultado salva noite da CDU». Mas, se perguntar não ofende nem melindra, não são sempre os resultados que salvam ou afundam as noites eleitorais dos partidos ?
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Moral da história: o preconceito arranja sempre maneira de triunfar sobre os factos e os números.
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