O presidente da Esquerda Unida Europeia/Esquerda Verde Nórdica, Francis Wurtz, afirmou nesta segunda-feira (8), em um artigo publicado no site da organização após a divulgação dos resultados da eleição parlamentar europeia, que as forças conservadoras da região obtiveram uma vitória eleitoral, mas que isso não significa que obtiveram "luz verde" para dar continuidade às políticas aplicadas por elas.
Para Wurtz, a grande abstenção verificada expressa a falta de credibilidade do Parlamento Europeu diante da população do continente, em relação à forma pela qual a União Europeia tem sido construída.
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Leia abaixo a íntegra do artigo assinado por Francis Wurtz:
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As forças conservadoras na Europa conseguiram apenas uma vitória eleitoral. Elas estão erradas, entretanto, em tomar isso como uma "luz verde" para dar continuidade às suas atuais políticas.
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Assim, a alta taxa de abstenção expressa uma crise de confiança cada vez mais alta entre os cidadãos e a Europa, de como ela está sendo construída. Esconder esse fato com a desculpa de que isso deixa com as mãos livres aqueles que seguram as rédeas do poder, não é somente indigno, do ponto de vista democrático, mas é perigoso para o futuro da integração europeia. Como podemos imaginar que a "visão de 27 povos e nações vivem na indiferença, até mesmo na hostilidade, em relação à grande maioria de seus cidadãos" pode ser mantida viva?
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Indo mais longe, o peso das forças da direita no novo Parlamento Europeu não é o resultado de uma grande maioria de votos em seu favor, mas é devido à cada vez maior insatisfação pelo universo dos trabalhadores e por uma parcela significativa da "classe média", aos partidos situados à esquerda do hemiciclo. Precisamente devido ao fato da recusa obstinada por esses partidos de enfrentar e compreender a dominação liberal atual na União Europeia.
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Neste contexto, estou maravilhado em perceber que o grupo da Esquerda Unida Europeia/Esquerda Verde Nórdica — considerando a redução no número de deputados na nova assembléia — mais ou menos manteve o peso que tinha durante o último mandato. Desnecessário dizer que sofremos, com grande tristeza, os efeitos da divisão entre a esquerda italiana, que perdeu inteiramente sua representação no Parlamento Europeu. Por outro lado, em vários outros países, os partidos associados a nós estão progredindo, por vezes de forma excelente.
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Longe de considerar que "a diferença entre os votos favoráveis e negativos (aos tratados) já está para trás), a Esquerda Unida vê a si própria, tanto hoje como no passado, como um grupo de esquerda que assume suas escolhas de esquerda, que pratica uma democracia de cidadania e faz o melhor para trabalhar e mobilizar todos que estão ao redor rumo às opções que são favoráveis às verdadeiras mudanças.
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No momento da eleição, o senhor Jean-Claude Juncker, presidente do "Eurogroup", comentou a seus pares "o risco de seguir adiante com o debate profundo sobre nosso modelo socio-econômico" — uma situação temida por ele, que pode ser "explosiva por natureza". Deve ser uma prioridade para a Esquerda Unida contribuir para que esse debate tenha continuidade e seja aberto, para que se possam expressar as demandas por mudanças.
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