O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, endossou neste domingo (14) o resultado das eleições que reconduziram o atual presidente Mahmoud Ahmadinejad ao cargo, praticamente enterrando qualquer esperança do candidato derrotado Mir Hossein Moussavi, que mais cedo havia pedido a anulação do pleito. Ao mesmo tempo, as autoridades iranianas criticam imprensa internacional por fomentarem protestos no país ao alimentar denúncias sobre fraude no processo eleitoral.
Em conferência de imprensa neste domingo (14), o presidente reeleito do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, acusou a imprensa internacional de lançar uma ''guerra psicológica'' contra o Irã. Segundo ele, a imprensa internacional reflete uma imagem negativa e equivocada do Irã e se intromete nos assuntos internos do país.
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''As eleições iranianas criaram uma guerra psicológica na imprensa (internacional), que não aprendeu as lições do passado'', disse Ahmadinejad, reeleito com 64% dos votos nas eleições presidenciais de sexta-feira passada.
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''Mas o povo iraniano demonstrou que está mais unido que antes e mais comprometido com o Imame e os princípios da revolução'', afirmou Ahmadinejad, em uma declaração anterior à entrevista coletiva concedida neste domingo.
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O presidente iraniano assegurou que isto não é nenhuma novidade. É uma estratégia da imprensa que se repete desde o triunfo da Revolução Islâmica, em 1979, que tirou o último Xá da Pérsia, Mohammad Reza Pahlevi, do poder.
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''A imprensa fez o mesmo (nas eleições passadas) e durante 30 anos. Não querem uma democracia que não esteja ligada a seus interesses'', disse.
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''Eles dizem que tudo está ruim (no país), porque não era o que eles esperavam. São eles que estão mal. Os 40 milhões de pessoas que votaram são contra essa intromissão internacional'', acrescentou o presidente iraniano.
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Ahmadinejad acusou a mídia estrangeira de transmitir uma imagem negativa do Irã, cheia de erros, e que depois é passada para seus Governos, que também criam uma idéia errada sobre o país.
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''Estão errados e fazem relatórios equivocados que são entregues a seus Governos, o que gera mais erros. Essa visão tem que ser mudada. Os erros do passado não podem se repetir, já que 40 milhões de pessoas votaram e apóiam o Governo'', afirmou.
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A imprensa internacional deu destaque para as denúncias de fraude apresentadas pela oposição reformista depois das eleições.
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A suposta fraude foi denunciada oficialmente pelo candidato derrotado, o reformista Mir Hussein Mousavi, através de uma carta ao Conselho dos Guardiães - divulgada em seu site, que logo depois foi censurado.
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Segundo as autoridades iranianas, a manipulação midiática sobre o processo eleitoral obrigou que se tomassem medidas para controlar o fluxo de informações que parte de fontes ocidentais, enquanto manifestantes contrários ao governo realizaram protestos pelo segundo dia neste domingo.
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Máquina de propaganda sionista
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Para o palestino radicado no Brasil, Mahmud Hassam, ''a despeito do que temos recebido de notícias das fontes ocidentais interessadas no enfraquecimento da posição iraniana, frente a 'guerra fria'' que está em pleno curso, precisamos ter cuidado com o ''bombardeio' de informações que interessa à frente judeu-sionista formada por Israel, EUA e UE sobre supostas 'fraudes' na reeleição de Mahmud Ahmadnejad''.
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Em carta divulgada na internet, Hassam avalia que ''nossa mídia está comprometida com os planos sionistas, uma vez que obtêm como fonte internacional, através de contratos, a BBC, EFE, Reuters, UPI, France Express e GLOBO International. As informações são distorcidas, os protestos contra o resultado são inexpressivos e mercenários''.
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Milhares participam de comício
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Rechaçando os protestos dos opositores, dezenas de milhares de pessoas participaram neste domingo, em Teerã, de um comício para comemorar a reeleição de Ahmadinejad.A multidão se concentrou ao longo da rua Vali Asr, uma das áreas mais centrais da cidade.
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Em seu discurso, Ahmadinejad negou acusações de irregularidades na votação e disse que o povo escolheu livremente seu candidato.''Algumas pessoas querem democracia apenas para seu próprio bem'', disse ele, referindo-se a seus opositores dentro de fora do Irã.
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''Eles querem eleições, liberdade, mas apenas os reconhecem se o resultado lhes favorece'', disse.
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O líder iraniano disse que o povo do Irã está unido, mas reconheceu que com a ida de 40 milhões de eleitores às urnas, é natural que alguns estejam decepcionados.
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O assessor da presidência do Brasil pra Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse neste domingo que o resultado do pleito no Irã foi um ''sintoma de democracia''. ''Houve uma reação na sociedade muito grande. A eleição mesma foi um sintoma já de vida democrática no país, debates, manifestações de rua, isso é ótimo. Isso é bom'', afirmou. ''Eu acho que o fundamental é isso, foi uma eleição na qual houve uma participação muito grande da sociedade. Veja bem, mais de 70% votaram, o que não era uma tradição'', disse Garcia, que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma viagem a Genebra, na Suíça.
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Da redação,
com agências
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in Vermelho - 15 DE JUNHO DE 2009 - 02h24
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