Economia | 16.06.2009
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Com um final para a crise econômica ainda distante, os governos de muitos países ricos estão aumentando a pressão para que os imigrantes retornem aos seus países de origem.
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Um exemplo é o Japão, onde o percentual de estrangeiros na população já é pequeno. O governo japonês está oferecendo dinheiro para que descendentes de japoneses vindos de países latino-americanos – como o Brasil – deixem o país asiático.
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Na União Europeia (UE), a Espanha e a República Tcheca também oferecem vantagens materiais para que imigrantes de países de fora do bloco voltem para casa.
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Enquanto o modelo japonês proíbe o retorno dos que decidirem deixar o país, a Espanha permite que os imigrantes retornem após três anos, desde que comprovem ter uma oferta de trabalho.
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Demanda pelo programa é baixa
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Para o cientista político Dietrich Thränhardt, da Universidade de Münster, é compreensível que alguns países, em tempos de crise, tentem reduzir o número de imigrantes na sua população.
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No entanto, alerta: "O modelo faz sentido desde que os imigrantes possam escolher se querem aceitá-lo ou não. Alguns podem preferir voltar para casa, outros podem preferir ficar. Enquanto eles puderem decidir livremente, considero este um bom procedimento", afirma.
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De acordo com a porta-voz da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Jemini Pandya, a procura pelo modelo espanhol não tem sido muito elevada. A maior parte dos imigrantes pensa duas vezes antes de aceitar a oferta, avalia. A maioria teve dificuldades para chegar ao país e sabe que um novo ingresso não será assim tão fácil.
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México e Brasil: menor envio de dinheiro
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É difícil avaliar o grau com que a crise econômica está afetando os imigrantes em todo o mundo. Segundo Pandya, muitos países simplesmente não têm os meios para documentar os movimentos migratórios e as consequências financeiras da crise sobre os estrangeiros. Pode levar anos até que haja informações confiáveis.
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Construção civil emprega muitos estrangeiros na Europa
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Um dos casos mais bem documentados vem do México. Segundo o Banco Central do país, as transferências de dinheiro de mexicanos vivendo no exterior caíram 19% em abril de 2009 em comparação com o mesmo mês de 2008, um recuo recorde.
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Para o México, terceiro país que mais recebe dinheiro de nacionais que vivem fora, o recuo significa uma forte queda na entrada de recursos. Em 2008, os mexicanos que vivem fora do país – principalmente nos Estados Unidos – mandaram 25 bilhões de dólares para sua terra natal. Somente o petróleo gera mais recursos para o país.
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Outro exemplo vem do Brasil. No primeiro trimestre de 2009, o volume de dinheiro enviado pelos 4 milhões de brasileiros que trabalham fora do país teve a maior queda da história em comparação com o trimestre anterior.
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De acordo com o Banco Central brasileiro, o recuo foi de 31,5%, totalizando 592 milhões de dólares enviados. Na comparação com o primeiro trimestre de 2008, houve uma queda de 14,6%.
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Virada na tendência mundial
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Esses números, somados a uma queda no número de imigrantes e a uma tendência de retorno registrada nos Estados Unidos e em outros países, levaram alguns especialistas a afirmar que há uma virada histórica na tendência migratória mundial. A OIM considera a avaliação um exagero.
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Segundo Pandya, um recuo nas remessas de dinheiro não significa necessariamente que imigrantes estejam retornando, mas apenas que eles tenham menos dinheiro sobrando para enviar ao seu país de origem.
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Pandya diz que o caso de cada país deve ser avaliado isoladamente e que, em muitas regiões, a crise econômica não é o único motivo para o retorno de imigrantes. Ela afirma que muitos poloneses deixaram o Reino Unido mesmo antes da crise porque a situação econômica da Polônia melhorou, ao passo que a do Reino Unido havia piorado.
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O mesmo vale para brasileiros que viviam na Europa e para trabalhadores dos países do Golfo Pérsico que voltaram para a Índia, o Paquistão e Bangladesh.
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Migração continuará
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Apesar da crise econômica, a OIM calcula que não há menos migrantes no mundo. Seu prognóstico é que haja entre 210 milhões e 214 milhões no final de 2010.
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Também Thränhardt diz não acreditar numa virada na tendência migratória mundial. Segundo ele, é possível que muitos migrantes apenas tenham mais dificuldades para se deslocar em tempos de crise.
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"A migração retomará seu rumo quando a economia estiver de novo atraente, pois ainda existem as diferenças estruturais entre o sul pobre e o norte rico do planeta. Os problemas demográficos do norte continuam existindo e, por isso, o mundo rico continua dependendo da mão-de-obra do mundo pobre", avalia.
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Aí países como o Reino Unido, a Austrália e a Malásia, que reduziram o número de trabalhadores estrangeiros que podem ingressar no país, levantarão de novo essas barreiras. A carência crônica de mão-de-obra nesses países não poderá ser suprida apenas com os trabalhadores locais. "A migração jamais acabará", afirma Pandya.
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Autor: Michael Knigge/Alexandre Schossler
Revisão: Rodrigo Abdelmalack
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