Alemanha | 19.12.2008
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O ministro alemão da Cultura, Bernd Neumann, iniciou simbolicamente nesta sexta-feira (19/12), em Berlim, a construção do memorial para os representantes das etnias sinto e rom ("ciganos") assassinados pelo nacional-socialismo. Sob chuva torrencial, ele louvou o futuro monumento como sinal de lembrança e de consternação por este grupo de vítimas, esquecido durante tão longo tempo.
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Nomes, uma fonte, uma placa, uma poesia
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A menos de 100 passos do Reichstag, o prédio do Parlamento alemão, e à vista do Portão de Brandemburgo encontra-se um gramado. Lá se construirá, nos próximos meses, o memorial para os sintos e rom – etnias popularmente designadas como ciganos – vítimas do nazismo. O projeto é do arquiteto israelense Dani Karavan.
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Os nomes dos campos de concentração e extermínio Auschwitz, Treblinka e Buchenwald serão gravados no pavimento. Eles levam a uma fonte, em cuja borda se lê um fragmento da poesia Auschwitz, do músico italiano Santino Spinelli.
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faces encovadas
olhos apagados
lábios frios
silêncio
um coração arrancado
sem palavras
nenhuma lágrima
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De uma placa consta a epígrafe: "Recordamos todos os rom que tombaram vítimas do genocídio planejado, na Europa ocupada pelos nacional-socialistas". Uma cronologia histórica descreve o processo de exclusão, perseguição e assassínio dos sinto, rom e outros grupos nômades.
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Termo controverso
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Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Bernd Neumann (e) e prefeito Klaus Wowereit na cerimônia em Berlim
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Uma versão anterior da inscrição incluía o termo "ciganos". Este é, contudo, rejeitado pelo Conselho Central dos Sinto e Rom Alemães, sendo considerado por Romani Rose, seu presidente há vários anos, como discriminatório e depreciativo. Rose insiste que se use o termo "sinto e rom", supostamente politicamente correto.
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Nem todas as associações são da mesma opinião. Os membros da Aliança Sinto da Alemanha fazem questão de se denominar altivamente "ciganos". Segundo sua presidente, Natascha Winter, o memorial não é apenas para as duas etnias citadas, mas sim para todos os ciganos.
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"Defino-me com orgulho como cigana, por que minha gente, meus pais, avós, todos os meus parentes foram perseguidos como ciganos. Portamos esta palavra, "cigano", com orgulho", afirmou.
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"Rom" significa simplesmente "homem" ou "ser humano" no idioma romani. Os sintos constituem o grupo étnico mais numeroso nos países germanófonos. Porém há outros que não se sentem absolutamente incluídos pela expressão "sinto e rom", como, por exemplo, os lovari ou os manuche.
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Reconhecimento tardio
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Transcorreu longo tempo, até esses grupos serem sequer admitidos como vítimas do nacional-socialismo na Alemanha. No tocante ao governo federal, isto só se deu no início dos anos 80. Seguiu-se, em meados da década seguinte, seu reconhecimento como "minoria nacional".
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Desde então, a mostra permanente do Memorial Resistência Alemã reverencia o papel dos sinto e rom no nazismo, assim como – somente em 2004 – também o Memorial Sachsenhausen. Desde que foi criada a iniciativa para o memorial dos judeus assassinados da Europa, ficou cada vez mais claro que outros grupos de vítimas – sobretudo os homossexuais e os ciganos – também têm o direito à memória e ao tributo pela nação e pela sociedade.
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Porém monumentos de concreto ou pedra não esgotam a questão: a memória cultural deve ser prática social e não um ritual.
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in DW World
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