A Internacional

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segunda-feira, maio 14, 2007



Extrema-direita associada ao tráfico de mulheres

* ISABEL LUCAS

Portugal é uma das portas de entrada do tráfico

A denúncia é feita por Antonio Salas, pseudónimo do jornalista espanhol que assinou recentemente Diário de Um Skin (Dom Quixote), e constará de um capítulo a incluir na segunda edição portuguesa do livro. Nessas páginas, dedicadas sobretudo ao movimento skin feminino e ainda em fase de tradução, Salas associa os partidos de extrema-direita ao negócio de tráfico de mulheres, com Portugal a aparecer em lugar de destaque neste circuito. Diz Salas que alguns dos partidos políticos espanhóis de extrema-direita com os quais os skin portugueses têm colaborado, "cujas manifestações contra a imigração têm apoiado, a cujos comícios políticos têm assistido, em cujos concertos de música cantaram as mesmas palavras de ordem racistas e nacionalistas, são os que movem os cordéis desse negócio de sexo, que se alimenta em 95% das mesmas imigrantes negras, sul-americanas ou árabes que tanto abominam".

Antonio Salas (ver perfil ao lado) chegou a esta conclusão na sequência da investigação que fez enquanto infiltrado no movimento skin. Classificando o ano de 2007 como um dos mais agitados para o movimento skin em Portugal, - chama-lhe mesmo "o primeiro ano do Portugal Nacional Socialista" - Salas explica: "Quando terminei a minha investigação sobre o movimento neonazi continuei a voltar a Portugal em muitas ocasiões.[...] Depois dos skinheads mudei de identidade, de aspecto e de objectivo e infiltrei-me, durante mais de um ano, nas mafias internacionais do tráfico de mulheres e raparigas para exploração sexual. Portugal, infelizmente, é uma das portas de entrada na Europa usada pelas mafias que importam carne humana, quanto mais jovem melhor, para satisfazer os apetites sexuais dos homens honrados europeus. Milhares dessas mulheres provêm das antigas colónias africanas e do Brasil, um dos maiores fornecedores de escravas sexuais para a Europa branca, que acabam como prostitutas de bordéis, como aquele que Mário Machado protegia como porteiro em Lisboa."

E é precisamente a Mário Machado, líder do grupo hammerskins e dirigente da Frente Nacional que o espanhol recorre para dar a dimensão do fenómeno neonazi em Portugal. Machado foi recentemente detido na sequência de uma investigação da Polícia Judiciária para reunir provas de agressões a negros e a elementos de grupos rivais, posse ilegal de armas, difusão de ódio, incitação à violência e discriminação racial . "Em Abril de 2006 Mário Machado declarava que desde a fundação da Frente Nacional, dois anos antes, o movimento skinhead em Portugal teria crescido 400%. Baseando-se nas estatísticas do Fórum Nacional, Machado assegura que 49% dos militantes são menores de 21 anos e que já existem 15 mil eleitores do Partido Nacional Renovador [o mesmo que colocou recentemente um cartaz contra a imigração no Marquês de Pombal] que, contudo, aspira chegar aos 50 mil."

Esta denúncia de Salas surge pouco depois de a União Europeia ter acordado "penalizar a negação do holocausto e o revisionismo", recorda o jornalista que há duas semanas fez uma paragem em Madrid onde conversou com jornalistas. No capítulo inédito, pode ler-se, ainda que essa decisão não irá acobardar "os nazis lusos, que continuarão proclamando que as câmaras de gás não existiram e que os campos de concentração nazi são uma invenção sionista".

Foi enquanto trabalhava no livro El año que trafiqué con mujeres, que António Salas ligou a comunidade skin ao tráfico de mulheres em Espanha. Este é um facto que o autor considera "patético e até cómico", já que as skingirls portuguesas e espanholas, apoiam "campanhas contra as imigrantes ilegais".

O que elas ignoram, alega Salas, é que José Luís Roberto (um veterano espanhol ultra) é, ao mesmo tempo fundador da associação de bordéis ANELA, cujos prostíbulos são abastecidos em cerca de 95% por essas mesmas imigrantes subsarianas, latinas, magrebinas, ciganas, etc, contra as quais tanto protestam as skingirls."

Mulheres 'skin' beneméritas com crianças brancas

Causas. Ajuda a idosos e crianças brancas e a favor dos animais

O cartaz pode causar espanto a quem não conhecer o movimento skingirl. Apela à ajuda em época natalícia e foi recolhido por Antonio Salas durante a sua estada em Portugal: "Enquanto se prepara para festejar em família no conforto do lar, partilhando alegria, amor e fraternidade, sem terem quem os acolha e alimente, quem lhes dê um espaço onde viva minimamente decente e saudável! Ou um canil, esperando dia após dia por um dono que os alimente..." Assinado pelas Feminae Honoratae, ou Mulheres Honradas, visa angariar fundos para ajudar o Canil Municipal de Lisboa e é apenas uma das actividades beneméritas a que se dedica este grupo de skingirls.

"Provavelmente aqueles que não estejam familiarizados com a verdadeira essência do movimento skin sentem-se espantados ao descobrirem que grupos neonazis se dedicam a actividades de beneficência, ainda que essas se limitem, logicamente, a beneficiários de raça branca", escreve o jornalista espanhol no capítulo inédito que complementa um outro já publicado em Diário de Um Skin. Chama-se Skingirls portuguesas: o fascismo com nome de mulher e dá conta de um grupo com uma dimensão filosófica e cultural acima da média, quando o tema são skinheads. Numa entrevista ao Público, em Abril, António Salas dizia que os skins portugueses "são dos mais cultos da Europa. Principalmente as raparigas. Há em Portugal três ou quatro organizações de skingirls ou chelseas. Na sua maioria estudaram na universidade história ou filosofia e têm uma boa formação." Agora, nas páginas a que o DN teve acesso, complementa. "Se alguém dentro do movimento skin português se preocupou em fomentar essa dimensão filosófica e cultural do paganismo ariano, o hitlerismo, ou em definitivo a ideologia neonazi, não foram os homens, mas o pouco conhecido e fascinante movimento skin feminino."

O nível de formação é inversamente proporcional à história do movimento em Portugal, um dos mais recentes em toda a Europa, conforme nota Salas. "A Women for Aryan Unity é uma organização internacional que (...) pretende agrupar as skingirls, chelseas, skinhead girls, e outros colectivos femininos do movimento pela supremacia ariana no mundo. A Portugal chegaram já em pleno século XXI, com presença muito tímida.

E cita uma entrevista de uma das responsáveis, "provavelmente Vanessa", à redacção da Causa Nacional, há cerca de um ano. "Já realizámos algumas actividades, nomeadamente duas angariações de fundos e uma recolha de material escolar para ser distribuído por várias crianças brancas necessitadas que abandonam a escola prematuramente pois não têm recursos para prosseguir os estudos".

in Diário de Notícias  2007.05.14

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