Eles comem tudo, eles comem tudo,eles comem tudo, mas não deixam nada
Porto: Acusada de furtar creme no Lidl
Idosa julgada por 3,99 e não se lembra do furto
Idosa julgada por 3,99 e não se lembra do furto
* Tânia Laranjo
Maria (nome fictício) tem 76 anos e apresentou-se ontem em tribunal para dizer que não se lembra exactamente do que aconteceu em Outubro de 2005, quando foi acusada pelo supermercado Lidl de tentar furtar um creme de 3,99 euros.
A septuagenária, que está a ser julgada nos juízos criminais do Porto pelo crime de furto simples, incorre numa pena de cadeia até três anos. O julgamento começou ontem e vai ter mais duas sessões, estando a próxima marcada para 13 de Junho.
Nessa altura, serão visualizados os vídeos que o supermercado guardou e serão também feitas as alegações dos advogados. A sentença só deverá ser conhecida no final do mês, num processo que custará centenas de euros ao Estado.
Maria é uma mulher doente e o seu discurso ontem, na primeira sessão do julgamento, foi pautado por alguma incoerência. A audiência realizou-se no gabinete do juiz, por falta de sala de audiências, com o magistrado a começar por explicar aos jornalistas que, embora não seja um caso inédito, o prosseguimento criminal poderia ter sido evitado.
“O supermercado não desiste. E o Ministério Público pediu a suspensão do processo, mas a senhora não cumpriu as obrigações. Não fez prova do pagamento de 50 euros à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima [APAV]”, explicou, enquanto Sousa Silva, advogado da arguida, garantiu que a septuagenária nem se apercebeu do que estava em causa. “Ela recebeu o papel para pagar os 50 euros à APAV, mas não sabia o que isso era.”
O Lidl já fez saber que não desiste da acção por uma questão de “princípio”. Sousa Silva falou de bom senso e lembrou que ele próprio, enquanto advogado oficioso, irá cobrar 264 euros de honorários ao Estado.
Maria mora em quartos alugados, visto que lhe falta dinheiro para uma casa. Vive sozinha e a sua única amiga depôs ontem como testemunha de Defesa.
MAIS UM FURTO DE DOIS EUROS
O Lidl prepara-se para ser assistente num processo idêntico ao de Maria, mas que aconteceu em Matosinhos. A arguida tem 71 anos e é acusada do furto de um creme de contorno de olhos. O montante em causa é de 2,79 euros e o supermercado deduziu um pedido de indemnização cível de 300 euros. Se não tiver dinheiro, a septuagenária arrisca-se a ir para a cadeia, cumprindo a pena que for determinada pelo juiz. “É absurdo. Até porque a senhora garante ter sido um engano e esteve sempre disposta a pagar o produto”, disse ao CM Sandra Mondim, a sua advogada. A história remonta a Outubro do ano passado e a Acusação, já deduzida, encontra-se actualmente no Tribunal de Matosinhos para ser distribuída. “O julgamento deverá ser marcado em breve. E a arguida terá mesmo de responder pelo crime”, disse. Ainda segundo o CM apurou, neste processo não terá havido qualquer pedido de suspensão e a Acusação foi deduzida pelo Ministério Público.
in Correio da Manhã 2007.05.24
Gravura deRicardo Cabral
A septuagenária, que está a ser julgada nos juízos criminais do Porto pelo crime de furto simples, incorre numa pena de cadeia até três anos. O julgamento começou ontem e vai ter mais duas sessões, estando a próxima marcada para 13 de Junho.
Nessa altura, serão visualizados os vídeos que o supermercado guardou e serão também feitas as alegações dos advogados. A sentença só deverá ser conhecida no final do mês, num processo que custará centenas de euros ao Estado.
Maria é uma mulher doente e o seu discurso ontem, na primeira sessão do julgamento, foi pautado por alguma incoerência. A audiência realizou-se no gabinete do juiz, por falta de sala de audiências, com o magistrado a começar por explicar aos jornalistas que, embora não seja um caso inédito, o prosseguimento criminal poderia ter sido evitado.
“O supermercado não desiste. E o Ministério Público pediu a suspensão do processo, mas a senhora não cumpriu as obrigações. Não fez prova do pagamento de 50 euros à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima [APAV]”, explicou, enquanto Sousa Silva, advogado da arguida, garantiu que a septuagenária nem se apercebeu do que estava em causa. “Ela recebeu o papel para pagar os 50 euros à APAV, mas não sabia o que isso era.”
O Lidl já fez saber que não desiste da acção por uma questão de “princípio”. Sousa Silva falou de bom senso e lembrou que ele próprio, enquanto advogado oficioso, irá cobrar 264 euros de honorários ao Estado.
Maria mora em quartos alugados, visto que lhe falta dinheiro para uma casa. Vive sozinha e a sua única amiga depôs ontem como testemunha de Defesa.
MAIS UM FURTO DE DOIS EUROS
O Lidl prepara-se para ser assistente num processo idêntico ao de Maria, mas que aconteceu em Matosinhos. A arguida tem 71 anos e é acusada do furto de um creme de contorno de olhos. O montante em causa é de 2,79 euros e o supermercado deduziu um pedido de indemnização cível de 300 euros. Se não tiver dinheiro, a septuagenária arrisca-se a ir para a cadeia, cumprindo a pena que for determinada pelo juiz. “É absurdo. Até porque a senhora garante ter sido um engano e esteve sempre disposta a pagar o produto”, disse ao CM Sandra Mondim, a sua advogada. A história remonta a Outubro do ano passado e a Acusação, já deduzida, encontra-se actualmente no Tribunal de Matosinhos para ser distribuída. “O julgamento deverá ser marcado em breve. E a arguida terá mesmo de responder pelo crime”, disse. Ainda segundo o CM apurou, neste processo não terá havido qualquer pedido de suspensão e a Acusação foi deduzida pelo Ministério Público.
in Correio da Manhã 2007.05.24
Gravura deRicardo Cabral
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