A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quarta-feira, maio 16, 2007


 Pregões (1)

O SABOR DOS DIAS

Pregões da Lisboa Antiga (e não só)

* Zecatelhado

Ia ontem Rua do Arco do Carvalhão acima, quando deparei com uma figura que não me era desconhecida de todo. Embora já muito marcada pela idade, reconheci logo aquela senhora que ainda jovem passava na minha rua com um enorme saco de sarapilheira à cabeça apregoando " PALHA BARATA"!

Era a Lisboa de há quase cinquenta anos atrás. Pelas ruas ouviam-se os célebres pregões da época que enchiam o ar ( ainda não poluído ) de sons cantados pelos pregoeiros:

" Ferro Velho!"... "Olha a Fava Rica!"... "Bolinhas de Berlim!"..." Olha a baunilha!"... " Quem tem trapos e garrafas para vender?!"... " Olha língua da Sogra!"..."Há carapau e sardinha linda!"... "Queijo saloio"..."Olha o funileiro" etc...

Os típicos carros do vendedor de castanhas e do vendedor de gelados ( que ainda hoje existem alguns. Mas haviam alguns pregões que eram autênticas maravilhas, senão reparem:

"...Ó meninas desta rua
venham todas à janela
venham cá ver o Germano
e comprar uma cautela
É o 28 mil novecentos e vinte e três
amanhã é que anda a roda!"

Era o "tio Germano" cauteleiro, que subia e descia a Morais Soares todo o santo dia.

Ou ainda:

" Há figuinhos de capa rôta
quem quer figos
quem quer almoçar!"

Recordo também alguns "sinais" que avisavam da presença do vendedor:

O "amolador"- geralmente um galego com uma geringonça feita em madeira com uma enorme roda que servia simultâneamente de peça de balanço para a maquineta e de roda de transporte da mesma. Ainda hoje, embora muito raramente, se encontram.

O "petrolino" - Era uma carroça em metal puxada por um cavalo, uma mula ou um macho, que vendia uma certa gama de produtos tais como: Petróleo para os fogões, álcool etílico, piassabas, vassouras, penicos, sabão, palha de aço, etc...

Era uma outra Lisboa, muito diferente desta de hoje, que, confesso, às vezes recordo com uma pontinha de nostalgia.

Comentários

(...)
2- os petrolinos no Porto, vendiam também azeite. as crianças chamavam as mães gritando:vem aí o azeiteiro!não sei se sabe que no norte azeiteiro tem uma conotação com homossexualidade; por isso o homem deixava a carroça e tentava apanhar-nos. não sou azeiteiro, sou o homem dos azeites!
um abraço
Posted by: grzl at abril 16, 2005 06:22 PM

Era a Lisboa dos pregões, que tanto atraía a curiosidade da garotada.
A voragem do progresso acabou por eliminar os pregões mais bonitos de toda a Europa
Os alfacinhas ainda hoje recordam com nostalgia, essa faceta da cidade.

“Quem merca o molho de alecrim a vintém o quarteirão”!

Posted by: jgonçalves at abril 16, 2005 08:39 PM


in Café Expresso - Tadechuva http://jachove.weblog.com.pt/

Outros pregões

Ierre, ierre, mexilhão!
Quentes e boas!...
A quinze réis quem acaba as uvas?
Quem quer violetas!
Petroline, azeite dô!...
Merca oh cabaz de morangos!
"Quer alguma coisinha, amor?"
"Há água fresquinha! Quem quer, quem quer?"
- Olha o Lisboa... Capital...República...Popular... ( que frase!!!)
Quem tem trapos ó garrafas, queira vender
Compro papeis, guardas chuvas, moveis velhos..
Há figuinhos de capa rota... quem quer figos, quem quer almoçar à tarde
Oh! viva da costa...Há sardinha linda ....
Oh! freguesa quem é que acaba o resto... é treze a dúzia



Pregões do Recife (Brasil)

Os pregões são outra manifestação folclórica de muita beleza. Cantados, falados, ou tocados, cada cidade tem os seus pregões. E o Recife, como não poderia deixar de ser, também tem os seus. Entre os pregões antigos temos o do vendedor de pitomba:

- "Ei, piripiripiripiripitomba! Menino chora prá comprar pitomba! Ei, pitomba! "

Outros pregões enchem de melodia a vida e a saudade de muita gente:

- Olhe o rolete ! Rolete é de cana caiana! Quem vai querer?"
- "Eu tenho lã de barriguda prá travesseiro ! "
- "Ostra chegada agora ! Chegada agora... Chegada agora..."
- Mé novo, de engenho ! "
- "Banana prata e maçã madurinha ! "
- "Verdureiro ! "
- "Macaxeira ! Macaxeira rosa"
- "Macaxeira! Macaxeira Bahia, cozinha n'água fria ! "

E o vassoureiro? Quem, com mais de trinta anos de idade não se lembra da figura folclórica do vassoureiro, com seus dois balaios pendentes de um pedaço de caibro sobre os ombros, balaios cheios das mercadorias constantes de seu pregão melodioso:

- "Vassoura, abano, espanador, bacia de lavar prato, regador, colher de pau, esteira d'Angola, rapa-coco, grelha ! Olha o vassoureiro ! Vai querer hoje?"

E estes outros, também bonitos e saudosos, como:

-"Doce gelado! "
- "Sorvete! É de coco e de maracujá!"

É bom explicar que doce gelado era como se denominava o picolé de hoje, logo quando apareceu, Era redondo e não tinha o formato dos picolés de agora.

Os pregões atuais, quase todos, com exceção de alguns, são tocados como a trombeta do vendedor de picolé, a sineta do pipoqueiro, a gaitinha do vendedor de cuscuz e do amolador de tesouras, a sineta do caminhão de gás, etc. Entre as exceções, lembro:

- "Olha o amendoim I Amendoim torradinho ! "
- "Caranguejo! Olha o carangueijo ! "
- "Pirulito ! Olhe o pirulito ! Quem vai querer?"
- "Cavala! Olha a cioba !"


in   http://www.soutomaior.eti.br/mario/paginas/cur_riq.htm

LUANDA

«Ola almoço, ola amoçoeé
Matona calapau
Jiferrera jiferreresé»

«Maboque m’boquinha boa
Dóce docinha»

« Laranja, minha senhora,
laranjinha boa!»

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