A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

domingo, maio 13, 2007


Maria Isabel Aboim Inglês

* Isabel César Anjo e Alberto Pedroso
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Nasceu em Lisboa, na Rua Nova do Loureiro, no Bairro Alto em 7 de Janeiro de 1902 e faleceu nesta cidade em 7 de Março de 1963. Maria Isabel cresceu, brincou e estudou em Lisboa. No Liceu Pedro Nunes tirou o curso complementar de Letras. Foi aí que conheceu o jovem Carlos Aboim Inglês, com quem veio a casar-se aos 20 anos.
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Inteligente, culta, espírito aberto ao mundo e à cultura, depois do 5º e último filho, matriculou-se na Faculdade de Letras de Lisboa, tirando, com resultados brilhantes, o curso de Ciências Histórico - Filosóficas. Um dos professores convidou-a para assistente na Universidade mas, com cinco filhos pequenos, viu-se obrigada a recusar.
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Dois anos depois apresentou a tese de licenciatura sobre «A Influência dos Descobrimentos na Sociedade Portuguesa», ao mesmo tempo que fundava o Colégio Fernão de Magalhães, na Rua dos Lusíadas. Directora e professora do colégio Maria Isabel foi para os alunos uma companheira mais velha e mais experiente, compreensiva e humana, ensinando e respeitando a liberdade de cada um e a colectiva.
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Em 1941 aceitou o antigo convite para assistente universitária, sendo encarregada de leccionar História e Filosofia, na mesma Faculdade.
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No princípio de 1942, morreu-lhe o marido. Sem meios de fortuna, com cinco filhos, directora e professora do seu colégio e dando aulas na Universidade - é fácil imaginar os esforços que teve de enfrentar. Foram anos muito duros.
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E derrotado o fascismo em parte da Europa, e na esperança de que o mesmo viesse a acontecer em Portugal, aderiu ao MUD (Movimento de Unidade Popular), sendo a primeira mulher a fazer parte da sua Comissão Central.
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Foi dirigente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas , depois da Associação Feminina Portugue­sa para a Paz e, quando o general Norton de Matos foi candidato à Presidência da República, percorreu o país de lés-a-lés, falando em assembleias populares realizadas em quase todas as cidades. Tanto a temiam e perseguiam que, uma vez, em campanha, quando se preparava para discursar, a polícia ameaçou-a de que se falasse prenderia o seu filho. O amor aos filhos e o respeito pela sua dignidade pessoal e cívica, nela não tinham limites. Maria Isabel falou, e o Carlos foi preso.
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Tamanha força moral, tanta convicção, tão grande dignidade ao serviço da mudança do viver colectivo, fizeram irritar os governantes e as sua polícias. - O fascismo não o podia tolerar e, daí em diante, Isabel é uma mulher marcada, a derrubar.
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Proibiram-lhe as aulas de História e de Filosofia na Universidade; tempos depois, afastaram-na de assistente, fecharam-lhe o colégio e impediram-na de prosseguir o curso de Sociologia que mantinha na Escola de Enfermagem. Retiraram-lhe os diplomas de professora do ensino oficial e do particular.
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Antes, aos 44 anos, haviam-na prendido pela primeira vez, voltando a ser encarcerada dois anos mais tarde.
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Impedida de leccionar, montou um atelier de modista, deu aulas particulares, fez traduções, etc.
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Em 1953 uma Universidade brasileira convidou-a para leccionar Filosofa.
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Com a natural alegria de poder voltar ao ensino, vendeu em leilão a maior parte dos haveres da sua casa - atelier, mudando-se com os filhos para uma pensão, até à chegada do seu passaporte, o qual nunca chegou, porque o fascismo lho negou!
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Recomeçou, uma vez mais. Retomou as lições em casa dos alunos. Continuou a intervir politicamente e viu, uma outra vez, prenderem-lhe o filho em Junho de 1959, e ser condenado pelo fascismo a 8 anos de prisão.
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E foi quando se deslocava no seu pequeno carro, de casa de uma aluna para a de outra que a morte lhe chegou. Foi na Av. Estados Unidos, em Lisboa. Serenamente, encostou o carro e fechou os olhos para sempre. Foi numa quinta-feira à tarde, 7 de Março de 1963. Fizera há pouco 61 anos. - Uma vida de dignidade e de coragem exemplares.
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Nem mesmo então deixaram de a perseguir, recusando ao Carlos a oportunidade de ir dar-lhe o último beijo!
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Levaram-lhe braçadas de flores. Entre elas, cravos, também. Cravos de um Abril que ela não viu. Mas para o qual deu o seu melhor esforço.
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Extracto de um artigo publicado no Jornal "o diário" em 1984.
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Sexta-feira, 30 de Março de 2007

Feminino Muito Plural -- Maria Isabel Aboim Inglês

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Maria Isabel Aboim Inglês nasceu em Lisboa em 1902 e faleceu na mesma cidade em 1963.

Maria Isabel Inglês foi uma lutadora anti-fascista, membro da Comissão Central do Movimento de Unidade Democrática M.U. D. Directora de um colégio de ensino particular, criado em 1949.

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Maria Isabel era professora da Faculdade de Letras de Lisboa. Leccionou História Antiga e Moderna e Psicologia Exprimental.

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Foi vítima de várias prisões arbitrárias, por diversas vezes barbaramente torturada pela plícia política do fascismo.

.Esta corajosa anti-fascista era uma presença constante nas Jornadas de Luta contra o Fascismo e nas campanhas eleitorais para a Presidencia da República do Dr. Rui Luiz Gomes, do General Humberto Delgado e do General Norton de Matos.

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Viúva, com cinco filhos, entregou-se sempre à luta pela liberdade, tendo levado uma vida de grande dignidade e coragem.

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