A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

domingo, junho 03, 2007

Os tratadores de canídeos e felinos - Victor Nogueira


Os tratadores de canídeos e felinos

O Zé Luís fazendo tropelias a um dos gatos enquanto o pai dos tratadores lia o jornal

Outro dos felinos



O mesmo felino lavando-se



O Jack em flagrante delito


O Jack olhando pôr do sol e o horizonte, para lá do qual está o Brasil



Um cão galhofeiro numa noite em Serpa



Cão prisioneiro em Linda-a-Pastora



Cão sentado à janela, numa rua de Lisboa



O mesmo cão em pé



O Cão, o melhor amigo do homem ..
... quando não lhe ferra o dente !
E podia lá deixar de falar nos gatos?


* Victor Nogueira

Gosto de cães, mas não posso tê-los porque apartamento não rima com animais à solta. Em Luanda sempre tive cães e gatos pois os meus pais sempre moraram em vivendas com quintal. Na da Praia do Bispo, á frente, havia um caramanchão, com mesa, cadeiras, algumas de lona para estirar, onde líamos ou estudávamos ou jogávamos às cartas ou ao monopólio. O cão sentava-se ao meu lado, lingua de fora, e de vez em quando batia-me com a pata na minha perna para lhe fazer festas. Satisfeito o pedido, acalmava até repetir de novo o gesto para nova sessão.

Quantos aos gatos, eram mais que muitos, e sentavam-se em cima da mesa e, quando entendiam que eu não lhes estava a ligar, sentavam-se em cima do livro que eu estava a ler e se continuasse a ignorá-los punham-se às turras com a cabeça no meu queixo. Enquanto lhes fazia festas punham-se em pé, lombo arqueado, cauda erguida, ronronando. Outras vezes lambiam-me o braço com a sua lingua áspera.

Uma vez a gataria era tanta que a minha mãe pegou numa gata e nos filhos recém nascidos e levou-os de carro para longe, para outro bairro. Esquecemo-nos do felino até que um dia a gata, esquálida, apareceu no quintal com um gatito agarrado pelo cachaço. E pronto, assim ela e o filho lá ficaram.

Quantos aos cães, ainda duas notas. Havia um, creio que o Jack II, que quando ia nas férias grandes a casa ainda eu vinha a centena de metros de casa e já ele começava em loucas correrias, do fundo do quintal para a frente da casa, com derrapagens estonteantes na mudança de direcção, saltando como louco à minha volta. mal eu saía do carro. Os gatos, esses recebiam-me com indiferença e altivez que os caracteriza. Lá em casa cães e gatos davam-se como Deus com os anjos.

Doutra vez apareceu no quintal um cão enorme, esquálido, do tamanho dum lobo, cambaleante de fome. Foi adoptado por mim e pelo meu irmão, mas aquilo era uma fortunaem carne para alimentá-lo. Tinha um defeito - atirava-se aos negros que entrassem lá em casa, com relutante excepção e condescendência para a lavadeira Maria e o criado Fernando. O carteiro, esse passou a atirar as cartas pelo portão e ala que se faz tarde. O cão apareceu morto um dia, talvez envenenado por alguém.

Isto as palavras são como as cerejas. Em tenpos o meu pai, contra a vontade da minha mãe, deixou-lhe uma cadela em casa, no quintal, em Paço de Arcos. Era uma cadela simpática e eu teria ficado com ela, se eu tivesse quintal. Entretanto a minha mãe teve de vir para minha casa e a cadela, quando o meu pai ia a casa da minha mãe, entrava, ia até à cozinha e percorria todas as assoalhadas, acabando na sala de estar, sentada, quieta, sossegada, olhando para o sofá onde a minha mãe, ausente, se costumava sentar e lhe fazia festas. Pensaria? Em quê?

E já repararam que há gatos e cães inteligentes, que só atravessam nas passadeiras ou acompanhando os peões quando o sinal fica verde para estes? Mesmo assim há automobilistas que indiferentemente lhes passam por cima.

Agora é que eu prometo terminar. Gosto de cães mas não gosto que eles se arrastem em busca de afagos do dono que lhes bate. Nesse aspecto prefiro a altivez e a independência dos gatos. Como Gato são os meus filhos, apelido materno, tendo o Rui arranjado uma simpática cadela, que acarinha toda a gente, apelidada de Évora, a cidade onde os meus filhos nasceram, e em memória duma outra cadela homónima, que tinha em casa do padrasto, uma vivenda com quintal.

Fotografias tiradas por alguém da família
As cinco últimas são da autoria de Victor Nogueira

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