A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sábado, junho 16, 2007




* João Benard da Costa


Pela primeira vez, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas celebra-se em Setúbal. Vale a pena atentar no esquecimento – se esquecimento foi. Capital de distrito mais próxima de Lisboa, foi, tantas vezes, a que está mais longe das preferências e critérios dominantes. Leiam-se os nossos clássicos ou os nossos modernos. Se nunca ninguém regateou elogios às maravilhas do décor que a envolve (a Arrábida, Palmela, o Outão, Tróia) a cidade, quase tão devastada como Lisboa pelo terramoto de 1755, permaneceu singularmente desconhecida, ressalvando-se apenas desse olvido o Convento de Jesus, com a série de magníficos quadros quinhentistas incomparável a qualquer outro tesouro pictórico das cidades portuguesas, com a eventual excepção de Évora, embora em Évora predomine a pintura flamenga e não, como em Setúbal, a portuguesa quinhentista.
A História pareceu igualmente esquecer Setúbal, pelo menos até meados do século XIII, quando se sagrou e abriu ao culto a igreja de Santa Maria da Graça.Setúbal, parafraseando o poeta, foi sobretudo o sal e o sol essa "marinha única de harmonia" de que falou Fialho e essa indústria (as marinhas do Sado) que até ao século XVIII fez a prosperidade da cidade, antes dela se tornar, nas primeiras décadas do século XX, no mais importante porto de pesca de Portugal e no seu centro mais importante de conserva de peixe.
Essa é a imagem que perdura da cidade, mesmo que a indústria-conservareira tenha perdido o esplendor de outrora. [1]
Depois, é Setúbal dos poetas com Bocage como figura cimeira; da maior cantora lírica portuguesa de todos os tempos que foi Luísa Todi; de João Vaz, esse pintor que não se esqueceu de pintar a sua terra; de Sebastião da Gama, o poeta da Serra-Mãe, entre tantos outros.Cidade plena de memórias históricas, cidade eleita do Príncipe Perfeito que nela se casou, foi, na segunda metade do século XX, cidade atormentada por muitos males mas que a todos foi vencendo. Senhora das Águas e Senhora do Sado, merecendo, tanto como em 1525, o título de notável-vila com que D. Manuel I a distinguiu.
João Bénard da Costa
Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
[1] Existem vestígios manuelinos em inúmeras portas de casas «pobres» e belos e lavrados portais manuelinos no que resta do Convento de S. João ou na reconstruída Igreja de S. Julião (na foto supra), destruída por um qualquer terramoto. Quanto à indústria conserveira despareceu completamente, pois baseava-se em trabalho semi-escravo, sem direitos e sem adopção de novas tecnologias. Paulatinamente as fábricas vão semdo derrubadas, resistindo descaracterizada a de Periennes, transformada no Museu do Trabalho Michel Giacometti.


VN -

2 comentários:

Maria P. disse...

Excelente apontamento.

A Casa não são apenas exteriores, aqueles exteriores espelham o seu interior, ou o interior de quem edita a Casa.

Beijinho e bom fim de semana.

Victor Nogueira disse...

O meu texto que mereceu a o comentáriio acima transcrito

«Olá :-)
«Descobrir» a tua casa através das tuas fotos, supondo que se não trata duma casa «metafórica», é um intrincado puzzle. Será uma casa feita só de exteriores? Ou a «vida» lá dentro transparece no exterior? Na varanda do 9º andar onde moro, os borrachos que nasceram de dois ovos que uma pomba lá pôs e chocou não há meio de zarparem. E assim, cada dia que passa, mais murchas vão ficando as nossas irmãs plantas, que não rego. Mal com as plantas por amor dos borrachos, bem com os borrachos por aparente falta de amor pelas pelas plantas, parafraseando um contemporâneo dos «descobrmimentos» cujo nome me não ocorre.
Um beijo
VM »

Junho 16, 2007 5:44 PM