"e como que a experiência é a madre das cousas, por ela soubemos radicalmente a verdade" (Duarte Pacheco Pereira)
A Internacional
__ dementesim
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Do rio que tudo arrasta se diz que é violento
Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.
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Quem luta pelo comunismo
Deve saber lutar e não lutar,
Dizer a verdade e não dizer a verdade,
Prestar serviços e recusar serviços,
Ter fé e não ter fé,
Expor-se ao perigo e evitá-lo,
Ser reconhecido e não ser reconhecido.
Quem luta pelo comunismo
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Só tem uma verdade:
A de lutar pelo comunismo.
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Bertold Brecht
quinta-feira, junho 14, 2007
Eugénia Cunhal - Poesia
Eugénia Cunhal
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Escuta
Quando leres um poema
Não te limites a dizer que as palavras
são belas
E delas sais contente, sentindo-te mais rico
e menos só.
Atrás de cada frase há por vezes muito sangue
sofrimento,
Ou alegria, ou amor, ou desespero,
Ou qualquer outro sentimento humano
dos mais fortes.
Quando escrevemos, não inventamos tudo.
Mesmo se em vez de dizermos eu, dizemos outro nome:
João, Pedro, Maria, ou simplesmente tu.
Eugénia Cunhal in «As Mãos e os Gestos» - Editorial Escritor
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REFEIÇÃO
Estendemos a toalha
Trouxeste o pão, o vinho
Eu trouxe a fome, a sede o cansaço
E a mão para colher
A pureza espontânea do teu gesto
Que tem a dimensão do teu braço
Eu recebi
Tu deste
Compartilhámos.
Da refeição ficou o travo doce e bom do mel
E a certeza daquilo que está certo.
Eugénia Cunhal
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Quando vieres
Encontrarás tudo como quando partiste.
A mãe bordará a um canto da sala...
Apenas os cabelos mais brancos
E o olhar mais cansado.
O pai fumará o cigarro depois do jantar
E lerá o jornal.
Quando vieres
Só não encontrarás aquela menina de saias curtas
E cabelos entrançados
Que deixaste um dia.
Mas os meus filhos brincarão nos teus joelhos
Como se te tivessem sempre conhecido.
Quando vieres
nenhum de nós dirá nada
mas a mãe largará o bordado
o pai largará o jornal
as crianças os brinquedos
e abriremos para ti os nossos corações.
Pois quando tu vieres
Não és só tu que vens
É todo um mundo novo que despontará lá fora
Quando vieres.
Maria Eugénia Cunhal, in "Silêncio de Vidro"
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