A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quarta-feira, junho 27, 2007


Estado do Sítio
A lógica da sarjeta


* António Ribeiro Ferreira,
jornalista


O Estatuto do Jornalista é a cereja em cima do bolo da repressão ao jornalismo incómodo para o poder socialista.
Os senhores deputados do PS aprovaram esta semana o Estatuto do Jornalista. Sozinhos. Está assim completo o processo de cerco, pressão, ameaça e castigo a quem se portar mal no mundo da Comunicação Social. Num gesto de extrema boa vontade, os senhores que neste momento representam os interesses do senhor presidente do Conselho no Parlamento retiraram do diploma as coimas para quem não siga a cartilha imposta pelo poder para se escreverem notícias, grandes ou pequenas, reportagens, entrevistas, crónicas ou outra matéria qualquer. Uma caridadezinha de um poder cobarde para comprar uma classe que por actos, omissões, silêncios, preconceitos e ideologia permitiu que um Governo de esquerda desferisse um dos mais graves golpes na sua autonomia e liberdade.
A procissão, obviamente, ainda não saiu da igreja. Mas os exemplos já estão aí, bem à vista, e não vale a pena esconder nada debaixo da areia. Verdade se diga que este Governo de esquerda não tem sequer a preocupação de esconder o rabo, como na velha história do gato. É tudo transparente, com avisos prévios, muitos, e declarações públicas que já eram sentenças transitadas em julgado para os que ainda pensavam resistir ao medo de ficar sem emprego, às pressões económicas, à autocensura e à propaganda socialista. O Estatuto do Jornalista, como afirmou a este jornal o senhor ministro da Comunicação Social, é a cereja em cima do bolo da repressão ao jornalismo incómodo para o poder socialista, ao jornalismo de sarjeta, como na altura o classificou Augusto Santos Silva. Não foi por falta de avisos que a classe nada fez, para além de alguns gemidos e gritinhos de indignação. E enquanto não chegam os primeiros castigos aplicados pela inenarrável Comissão da Carteira e pelos coronéis da democracia socialista em curso, o poder, mais concretamente o senhor presidente do Conselho, decidiu pôr um processo ao titular de um blogue que desde 2005 questiona a licenciatura de José Sócrates na Universidade Independente. É evidente que o mundo da blogosfera é vasto e ninguém acredita que a senha persecutória chegue a esse espaço de liberdade, cheio de defeitos e virtudes. Mas o aviso está lançado. Para já começa-se por um simples professor, sem peso político, anónimo até há pouco tempo. Mais tarde chegará a vez de outras vozes, mais mediáticas, mais incómodas, mais poderosas. É tudo uma questão de tempo e de oportunidade.
A liberdade começa a ser uma ficção neste sítio cada vez mais mal frequentado e cada vez mais perigoso para os que teimam em resistir.
in Correio da Manhã, 2007.06.25


NOTA - Liberdade de informação é o que não existe na esmagadora maioria dos jornais portugueses, diários, semanários, nacionais ou regionais, cada vez mais sujeitos a serem a voz do dono, quer este seja o poder das classes dominante, quer seja o da Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana. E o poder político está dependente e ao serviço das Classes dominantes. Elementar, meu caro Watson, perdão, meu caro Ferreira. Quanto apelidar de esquerda o Governo PS/Sócrates, o mais à direita desde o 25 de Abril, só demonstra, «distração», ignorância ou má fé, para abrir ou aplanar caminho ao irmão gémeo PSD.

VN

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