A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sábado, junho 09, 2007


Ainda o caso RCTV

* Pedro Campos
A direita mundial continua a malhar no caso RCTV para acusar Hugo Chávez de querer acabar com a liberdade de expressão. Fala de «fechar», de «encerrar» ou de «revogação» e foge à verdade que é simplesmente a «não renovação» de uma concessão com mais de meio século.
Será que nunca houve «encerramentos» e «revogações» noutros países? Vejamos o que calam os donos dos meios de comunicação.
Entre 1969 e 2007, mais de 27 meios radioeléctricos foram encerrados ou viram revogadas as suas concessões em onze países [1], entre eles os Estados Unidos, Inglaterra, França, Espanha, El Salvador, Uruguai e Peru. Em cada caso, tratou-se de uma decisão soberana e nenhum organismo denunciou um assalto contra a liberdade de expressão nem transformou uma decisão de alcance doméstico num caso de transcendência mundial.
Em Abril deste ano, o Peru encerrou dois canais de televisão e três estações de rádio. Razões: licenças vencidas e uso de equipamento não homologado, entre outras. Em Dezembro do ano passado, o Uruguai revogou as licenças de Concerto FM e 94,5 FM. Em Julho de 2003, as autoridades revogam a concessão de Salvador Network. Em 1990, TV3 (Irlanda) saía do ar por revogação da licença. Em Agosto de 2000, a Rússia encerrou um canal de televisão por transmitir publicidade subliminar. Em Agosto de 2002, foi a vez de TV6. Neste mesmo ano, mas em Março, ETV desaparecia dos ecrãs do Bangladesh. Nos Estados Unidos é revogada a concessão de WlBT-TV, (Junho de 1969). Em 1981, sai do ar WLNS-TV. Em Abril de 1998, revogação de Radio Digest Daily. No mesmo mês do ano seguinte, FCC é a visada. Em 1999, o Canadá tomava uma medida semelhante contra a Country Music Television, CNT. Em Espanha, a TV Lanciana, canal por cabo, tem a licença revogada em Julho de 2004. Em Abril do ano seguinte, encerramento de estações de rádio e de televisão de sinal aberto. Em Julho de 2005, é encerrada a... TV Católica!
A TV6, em França, tem a licença revogada em Fevereiro de 1987. Em Dezembro de 2004, é a vez de Al Manar. Um ano mais tarde, TF1 põe em dúvida o holocausto e é fechada. Na Inglaterra, encerramento (temporário) de MED TV Canal 22, em Março de 1999. Em 2006 são revogadas as licenças de ONE TV (Agosto), Stardate TV 24 (Novembro) e AuctionWorld (Dezembro). No ano seguinte, Lock 4 Love 2 tem o mesmo destino.
É suficiente?
Os meios de comunicação são o poder...
Ao que dizem alguns, a expressão «quarto poder» devemo-la a Edmund Burk e teria sido lançada antes da Revolução Francesa, num momento em o meio de comunicação era a imprensa e ainda estava longe o nascimento da rádio e da televisão. Os dois dariam um poder nunca visto aos meios de comunicação, transformando-os, com o tempo e a concentração do capital, numa extensão do poder económico. Hoje, imprensa, rádio e televisão são as ferramentas fundamentais para manter a alienação das massas, o que nos permite entender facilmente a importância das declarações recentes de alguém acima de toda a suspeição de esquerdista.
Manuel Zelaya [2], presidente de Honduras, ao criticar os donos dos meios de comunicação do seu país, afirmou o seguinte: «Eu apenas tenho a meu cargo algumas acções administrativas (...) Mas há gente que tem sequestrados os recursos do Estado em todas as áreas da sociedade. (...) Os donos deste país, com quem travo uma luta sem quartel, são os proprietários dos meios de comunicação, grupos de muito poder económico com interesses particulares, que se dedicam a explorar os problemas políticos e sociais com o fim de puxar a brasa à sua sardinha. (...)
O presidente tem muitos poucos espaços onde exprimir-se porque normalmente os meios estão para nos criticar, não para nos escutar».
O anterior não foi dito no contexto do caso RCTV – que pode continuar a transmitir via cabo ou por satélite ou pelas estações de rádio do grupo – mas ajudam a entender todo o escândalo que a direita internacional tem feito à volta de uma decisão administrativa de âmbito nacional.
A histeria da direita mundial só se explica no quadro da tentativa de isolar a revolução bolivariana e porque a mesma ganha cada dia mais importância e defensores em todo o planeta. É um processo que, pelo seu carácter nacionalista e anti-imperialista, pelos seus resultados, pela solidariedade internacional que a rodeia é um mau exemplo para os que se acham donos do mundo. Nem mais nem menos.
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Fontes:


in Avante 2007.06.06

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