A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, abril 30, 2007



















































Lewis Hine

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

"Há trabalhos que beneficiam crianças e há trabalhos que trazem benefícios apenas aos empregadores. O objetivo de empregar crianças não é treiná-las, mas tirar altos lucros de seu trabalho." Lewis Hine

Lewis Hine lecionava em Nova York. Não se conformava com o trabalho infantil, sendo assim, deixou giz e quadro-negro de lado e virou detetive. Trocou a cidade grande pelo interior do país para fotografar jovens (crianças e adolescentes) trabalhando em condições grotescas por muito pouco abono.

Lewis Hine usava de sua esperteza para invadir fábricas de forma sutil. Para poder fotografar, inventava uma desculpa para entrevistar as crianças. Escondia em um dos bolsos a câmera e fingia tomar notas com um bloquinho. Suas fotos não admitiam artifício ou trapaça alguma. O processo era natural e o resultado deveria representar fielmente a realidade que havia visto. Os dados estatísticos obtidos e exposições fotográficas foram usados como armas para sensibilizar a opinião pública norte-americana.

Lewis Hine é tido como um dos mestres da fotografia americana. O reconhecimento veio muito tempo depois de sua morte. Assim como as crianças que fotografou, Hine morreu sem reconhecimento.

Biografia

Lewis Wickes Hine, sociólogo Norte-Americano, nasceu em Oshkosh, Wisconsin, no dia 26 de Setembro de 1874. Estudou Sociologia em Chicago e Nova York (1900-07) antes de achar trabalho na Escola de Cultura Ética (Ethical Culture School). Hine, que comprou sua primeira câmera em 1903, aplicou suas fotografias em seu ensino e estabeleceu o que ficou conhecido como Fotografia Documental. Dedicou-se à fotografia em 1905 a fim de divulgar a miséria dos imigrantes europeus. Em 1908, continuou seus estudos sociológicos com fotografias de trabalhadores metalúrgicos de Pittsburg. Hine expôs à opinião pública as péssimas condições de trabalho, campanha que teve como resultado a aprovação da lei de trabalho infantil.

Hine também usava sua câmera pra capturar a pobreza que testemunhava em Nova York. Isso incluía um estudo fotográfico sobre os imigrantes de da Ilha de Ellis. “A emigração para os Estados Unidos ofereceu a alguns fotógrafos uma rara oportunidade de poder ver a terra da promissão e liberdade atraindo para si os famintos e desabrigados da Europa. Para Lewis Hine, [...], a oportunidade serviu pra mostrar como, na realidade, milhões de emigrantes terminaram vivendo marginalizados em cortiços superpovoados em Nova York, Chicago e Filadélfia, ganhando miseráveis salários, em empregos onde eram praticamente escravizados.” (Busselle, Michael. Tudo sobre fotografia. 11ª reimpressão da 1ª edição de 1979.Thomson Pioneira. Pg.167).

Em 1908, Hine publicou “Charities and the Commons” (Caridades e os Comuns), uma coleção de fotografias de trabalhos abusivos nas construções de prédios. Hine esperava que pudesse usar essas fotografias para trazer uma reforma social.

Como professor, Hine era especialmente um crítico no que dizia respeito às leis de trabalho infantil. Embora alguns estados tivessem decretado uma legislação para proteger jovens trabalhadores, não havia leis nacionais para lidar com esse problema. Em 1908 o Comitê Nacional do Trabalho Infantil contratou Hine como seu detetive e fotógrafo, onde trabalhou por oito anos. Isso resultou em dois livros no assunto, “Child Labour in the Carolinas” (1909) e “Day Laborers Before Their Time” (1909). Em 1909, publicou o primeiro artigo sobre crianças trabalhando em risco. Nessas fotografias, a essência da juventude perdida presente nas faces tristes e até raivosa de seus objetos. Algumas de suas imagens, como essa da garota olhando para fora da janela, estão entre as fotos mais famosas já tiradas.

Hine viajou pelos Estados Unidos tirando fotos de crianças trabalhando nas fábricas. Em um período de um ano, ele cobriu mais de 19.300 km. Diferente dos fotógrafos que trabalharam pra Thomas Barnardo, médico e missionário americano que abrigava crianças de rua, Hine não tentou exagerar na pobreza desses jovens. As críticas a Hine diziam que as fotos dele não eram chocantes o bastante. Porém, Hine afirmou que as pessoas preferiam se juntar à campanha se achassem que as fotografias capturavam com clareza a realidade da situação.

Os donos das fábricas às vezes não permitiam que Hine fotografasse e acusavam-no de investigar e expor suas fotos. Pra ter acesso, Hine escondia sua câmera e fingia ser um inspetor de incêndio. Assim, capturava fotos reveladoras sobre o verdadeiro funcionamento de tantas fábricas dispostas por todo o território dos Estados Unidos. Hine disse em uma audiência: "Talvez vocês estejam cansados de fotos de trabalho infantil. Bem, nós também estamos, mas nós propomos fazer vocês e o resto do país ficar tão enjoados desse trabalho que quando a hora (de lutar) chegar, o trabalho infantil será apenas registros do passado.” Em 1916, o Congresso passou uma legislação de proteção à criança. Como um resultado do Ato de Keating-Owen, restrições foram colocadas no emprego de crianças com idade igual ou abaixo de 14 anos em fábricas e lojas.

Após o sucesso de sua campanha contra o trabalho infantil, Hine trabalhou para a Cruz Vermelha durante a Primeira Guerra. Isso o levou à Europa onde fotografou as condições de vida dos franceses e belgas, que sofriam com os impactos da Guerra.

Nos anos 20, Hine apoiou uma campanha de estabelecimento de leis mais seguras para trabalhadores. Hine escreveu mais tarde: "Eu queria fazer algo positivo. Então disse a mim mesmo, ‘Por que não fotografar o trabalhador trabalhando? O homem no trabalho? Na época eles eram tão desprivilegiados quanto as crianças’”.

Em 1930-31 registrou a contrução do Empire State Building que mais tarde foi publicado em um livro, “Men at Work” (Homens no trabalho) (1932). Nos anos 30 os jornais já veiculavam fotografias e havia o interesse crescente por temas sociais. Após isso, a Cruz Vermelha mandou que fotografasse as consequências da seca em Arkansas e Kentucky. Ele foi também contratado pelo Tennessee Valley Authority (Autoridade do Vale do Tenessee) (TVA) pra registrar o prédio das represas.

Hine tinha dificuldade pra ganhar dinheiro a partir de suas fotografias. Em Janeiro de 1940, perdeu sua casa após deixar de pagar o “Home Owners Loan Corporation” (Corporação de Empréstimos pra Proprietários de Casas). Lewis Wickes Hine morreu extremamente pobre 11 meses depois, no dia 3 de Novembro de 1940.

Mesmo que fosse tão comum haver tanta injustiça social, mesmo que a maioria da spessoas estivessem acostumadas com esses problemas, e mesmo que até os próprios operários estivessem à vontade em tal situação, dado o contexto, o fotógrafo tinha a intenção de fazer uma denúncia social. Caso a foto seja do próprio Lewis Hine, essa intenção tornava-se explícita, principalmente sabendo que Hine dedicou sua vida às causas sociais por quais se sensibilizava.

Lewis Hine e a Fotografia

Hine passou grande parte da sua vida registrando cenas que para a sociedade atual seriam inaceitáveis. O contexto daquela época (anos 10, 20) carregava consigo uma série de injustiças, especialmente no que dizia respeito aos imigrantes e às crianças. Trabalhavam em condições terríveis e não eram bem recompensados, e visto por Hine isso deveria mudar de uma vez por todas.

Suas fotos passavam grandes significados. Ele capturava expressões nos rostos dos trabalhadores que traduziam a realidade daquelas pessoas de maneira transparente. Dizia: “Se eu pudesse contar uma história com palavras, não precisaria andar com uma câmara”.

Fazia uso de lentes normais, pelo seu pequeno porte, pra que não chamasse atenção, especialmente quando fotografava vários meninos e meninas juntos. Os planos variavam entre plano aberto, quando desejava contextualizar seus objetos de fotografia, plano médio, para fotos em conjunto enfocando os rostos de seus objetos, e plano próximo, para fotos individuais.

A maioria de suas fotos era frontal, uma vez que seu grande objetivo era capturar a expressão nos rostos dos trabalhadores, mas também usava ângulos diferentes pra criar uma perspectiva mais interessante (como mostrar a máquina e assim deixar claro qual era a função de certa pessoa). Ao fotografar, achava importante estar sempre no nível de quem fotografava (percebe-se que há grande simetria, nunca há chão demais nem teto demais, só quando necessário para a composição, e seus “modelos” eram centralizados com precisão).

Pelo que podemos perceber em seu trabalho, não havia manipulação, até porque essa era uma de suas crenças (também uma regra). Para ele, a imagem só tinha credibilidade quando não havia sequer um tipo de manipulação, seja na cor, no contraste, ou o que fosse. Ao referir-se sobre suas fotografia usava a palavra “crua”, que é auto-explicativa.

Ao compor a foto, Hine era muito cuidadoso. Apesar da vontade de ser discreto, enquadrava as máquinas de maneira sutil, para que mesmo quando desfocadas (pois o foco estaria sempre nos trabalhadores) as máquinas parecessem nítidas e descrevessem o lugar onde sua câmera, ou melhor, lentes, congelavam com sentimento de justiça seu objeto de estudo e trabalho.

Durante sua existência, caminhou por grande parte dos Estados Unidos da América fotografando pessoas, e o fazia por elas, para denunciar algo que o incomodava de maneira tal que dedicou sua vida a isso. Suas fotos contribuíram para que leis de proteção aos jovens fossem criadas, e que houvesse melhoria nas condições de trabalho para o resto dos cidadãos (os que também viviam em um regime de “semi-escravidão”).

A nobreza de Hine garantiu que, naquele país que viria futuramente ser uma potência mundial, crianças não fossem mais exploradas em favor do lucro, nem imigrantes trabalhassem por menos e em condições perigosas, e assim essas injustiças passassem a ser apenas fotografias de uma história americana, e exemplo para o resto do mundo.


Bibliografia

- Busselle, Michael. Tudo sobre fotografia. 11ª reimpressão da 1ª edição de 1979.Thomson Pioneira. Pg.167.

- Fotografias de Lewis Hine:

http://www.multimedialibrary.com/FramesML/IM12/IM12.asp

- Fotografia de Trabalho Infantil:

http://www.educacional.com.br/reportagens/crianca/lewis.asp

- Biografia:

http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/IRhine.htm

- Fotografias de Lewis Hine:

http://www.historyplace.com/unitedstates/childlabor/

- Biografia:

http://www.historyplace.com/unitedstates/childlabor/about.htm


NOTA - clique nas fotos para ampliá-las


Foto Fantástica

clique na imagem para ampliá-la

A 26 de Janeiro de 2006 em Perth, na Austrália, uma multidão juntou-se numa praia local para testemunhar um espectáculo de fogo-de-artifício.

Entretanto, uma trovoada começou a aparecer do lado direito.

Mas o mais inesperado, foi entre estas duas manifestações de luz aparecer uma terceira, o Cometa McNaught, actualmente visível no hemisfério sul.

Um autêntico três-em-um que resultou nesta foto fantástica.

A.B.

Foto - autor desconhecido

Título - Mcnaught3_kemppainen

NOTA

O Cometa McNaught foi a maior surpresa nos últimos 40 anos na astronomia. Descoberto em 7 de Agosto de 2006, se transformou no mais brilhante cometa das última décadas. Até mesmo superando o brilho da última aparição do Cometa Halley. O cometa nos dias 13 e 14 de Janeiro de 2007 atingiu a magnitude aparente de -6.0 sendo vísivel na luz do dia.

O cometa pôde ser visto no céu em Janeiro de 2007 primeiramente no Hemisfério Norte e depois no Hemisfério Sul. Sobre sua rota e informações sobre a decadencia de seu brilho, ainda não existem informações exatas.

Galeria de Fotos tiradas por Astrônomos de todo mundo

in Wikipedia


120 anos depois a actualidade do 1.º de Maio

* Américo Nunes
01-Mai-2006


Passados 120 [2006] anos sobre as grandes greves e acções de massas do operariado norte-americano pela redução da jornada de trabalho, que vieram dar origem à fixação do 1.º de Maio como Dia Internacional do Trabalhador, na sua essência, os problemas, os objectivos reivindicativos, os ideais e os valores que então estiveram presentes na luta, embora em contexto político, social e económico profundamente modificado, mantêm-se plenos de actualidade.

Foi entretanto percorrido um longo e prodigioso caminho, cheio de vitórias e derrotas, avanços e recuos na história da luta dos trabalhadores e da humanidade.

Globalmente, a jornada de trabalho foi reduzida e, nos países industrializados, veio mesmo para baixo dos famosos 8x8x8, reivindicados pela I Internacional, no seu primeiro congresso, realizado em Genebra, em 1866. Oito horas de trabalho diário, oito para o estudo, o lazer e o convívio com a família, e oito para dormir e descansar.

Por força da luta, a situação material dos trabalhadores melhorou imenso, foram instituídos em muitos países sistemas de protecção social no desemprego, na invalidez, na doença e na velhice.

O direito ao trabalho e à segurança no emprego foram reconhecidos internacionalmente como direitos fundamentais, a liberdade de organização, de reunião, de manifestação, os direitos à greve e de negociação colectiva dos trabalhadores, adquiriram dignidade constitucional em muitos países.

Foram dados passos gigantescos no combate à exploração e opressão capitalistas no mundo, e o socialismo, sociedade mais justa almejada pelos operários de ontem e de hoje, chegou a estar em estádio avançado de construção em grande parte do planeta.

É verdade que a par destes avanços inquestionáveis para uma parte importante da humanidade, centenas de milhões de seres humanos continuaram a trabalhar de sol a sol nos campos, ou nas fábricas, com salários de miséria e os extenuantes horários de 15 e 16 horas diárias, normais em todo o mundo laboral do século XIX.

É também verdade que neste trajecto, povos e continentes inteiros continuaram colonizados e escravizados, como aconteceu em África, na Ásia e na América Latina. E centenas de milhões de seres humanos constituíram exércitos de desempregados e de famintos a viver na mais infame e abjecta das misérias, a morrer de fome e sede, e sem qualquer assistência na doença, no desemprego e na velhice.

Mesmo assim, o sentido geral foi o da melhoria global média das condições de vida e de trabalho das populações, até ao último quartel do século XX.


Um caminho prodigioso

No longo e prodigioso caminho percorrido foi enorme o papel desempenhado pelo exemplo das grandes acções de massas que o operariado norte-americano levou a cabo nos anos de 1885 e 1886, pela redução do horário de trabalho.

A repressão sobre os trabalhadores que no dia 1 de Maio de 1886 e dias seguintes fizeram poderosas greves nos Estados mais industrializados da América pelas oito horas diárias de trabalho provocou várias mortes e centenas de feridos e de prisões.

Tal repressão foi particularmente feroz e provocatória em Chicago, onde as próprias autoridades colocaram uma bomba que explodiu num comício que se realizava naquela cidade, matando um polícia, para em seguida desencadearem e justificarem as atrocidades a que sujeitaram os trabalhadores em greve.

Vários dirigentes operários foram formalmente acusados de instigarem ao assassínio do polícia, mas na verdade foram objecto de julgamentos farsa que visavam condená-los, não porque fossem culpados de qualquer crime, mas para que as suas condenações travassem o ascenso da luta e «servissem de exemplo» do que aconteceria aos que enfrentavam a ordem estabelecida e os senhores do capital. Oito deles, «Os Mártires de Chicago», foram condenados a penas cruéis, e quatro foram enforcados no dia 11 de Novembro de 1887.

Mas, a violência exercida pelo patronato e pelas autoridades sobre os trabalhadores não impediu que 50 mil operários tivessem conquistado de imediato as oito horas diárias, e que mais de 200 mil vissem reduzida a sua jornada de trabalho. Nem impediu que a luta tivesse continuado, e que em 1906 as oito horas já estivessem em vigor, por lei, em 31 dos 45 Estados dos EUA.

Com estes acontecimentos, que causaram grande indignação e desencadearam acções de solidariedade em todo o mundo, foi inaugurada uma nova era na luta dos trabalhadores contra a exploração capitalista.

Na resolução aprovada nos congressos operários de Paris, de 1889, em que estiveram dois delegados portugueses, e durante o qual o 1.º de Maio foi proposto como Dia Internacional do Trabalhador, em homenagem aos «Mártires de Chicago», pode ler-se: «Institui-se uma grande manifestação internacional numa data fixada de uma vez para sempre, de modo a que em todos os países e em todas as cidades, simultaneamente, neste dia, os trabalhadores exijam dos poderes públicos que a jornada de trabalho seja reduzida para oito horas e que se cumpram todas as restantes decisões do congresso da Internacional…»

Dificilmente os delegados que formularam e aprovaram esta resolução poderiam ter previsto que 120 anos depois ela continuaria a ser um «guia para a acção» de milhões de trabalhadores, que todos os anos, no dia 1.º de Maio saem à rua nas cidades, por todo o mundo, confraternizam, lutam e apresentam as suas reivindicações aos governos e ao patronato. Onde, em regra, é incluída a exigência de redução do horário de trabalho.

Em alguns países ainda se exigem as oito horas diárias e 48 semanais, noutros, as 40 ou as 35 horas semanais, ou menos. Prova-se deste modo, também, através da acção concreta, a actualidade de Karl Marx, quando escreveu que, «…na história da produção capitalista, a fixação da jornada de trabalho apresenta-se como a luta pela redução da jornada de trabalho…»

As lutas em Portugal

Em Portugal, os trabalhadores assinalaram o 1.º de Maio logo em 1890, o primeiro ano da sua realização internacional. Mas no nosso País as acções do dia do trabalhador limitavam-se inicialmente a alguns piqueniques de confraternização, com discursos pelo meio, e a algumas romagens aos cemitérios em homenagem aos operários e activistas caídos na luta.

Com as alterações qualitativas assumidas pelo sindicalismo português no fim da Monarquia, transformando-se num sindicalismo combativo e reivindicativo, consolidado e ampliado durante a I República, o 1.º de Maio adquiriu também características de acção de massas e de dia de luta. Até que, em 1919, após algumas das mais gloriosas lutas do sindicalismo e dos trabalhadores portugueses, é conquistada e consagrada na lei a jornada de oito horas para os trabalhadores do comércio e da indústria.

Durante a ditadura fascista, período em que foram proibidas todas as liberdades fundamentais, incluindo a liberdade sindical, o direito de greve e de manifestação, os trabalhadores souberam sempre encontrar, mesmo sob a mais feroz repressão, as formas apropriadas de fazer o seu 1.º de Maio. Muitas vezes com acções simples mas mesmo assim arriscadas, carregadas de simbolismo, outras vezes conseguindo mesmo desencadear greves e fortes acções de massas.

De todas as lutas travadas durante o fascismo por ocasião da data histórica, as greves e as manifestações realizadas em 1962, um ano após o início da guerra colonial em Angola, são provavelmente as mais relevantes e carregadas de simbolismo. Nesse período, apesar das proibições e da repressão, estiveram em luta os pescadores, os corticeiros, os telefonistas, os bancários, os trabalhadores da Carris e da CUF. (1) No dia 1 de Maio, em Lisboa, manifestaram-se 100 000 pessoas, no Porto 20 000 e em Setúbal, 5000.

Ficarão como marco indelével na história do operariado português, as lutas dos assalariados agrícolas dos campos do Sul, que tiveram o seu grande impulso no 1.º de Maio desse ano. Mais de 200 mil operários agrícolas que até então eram regulados pela jornada de trabalho feudal, de sol a sol, participaram nas greves realizadas e impuseram aos agrários e ao governo fascista a jornada de oito horas de trabalho diário.

Mas o 1.º de Maio mais extraordinário realizado até hoje em Portugal, com direito a destaque certo na história, foi o que se realizou oito dias depois do 25 de Abril de 1974.

Nesse dia memorável, já decretado feriado nacional pelo poder militar instituído dias antes, satisfazendo uma das reivindicações que entretanto já lhe tinham sido apresentadas pela Intersindical, não foram apenas os trabalhadores a inundar as ruas das cidades e vilas do país, mas todo o povo português, que se manifestou em explosões de liberdade e acção, num sufrágio massivo e original, que contribuiu de forma decisiva para a transformação do levantamento militar em processo revolucionário.

Em poucos dias, todos os direitos e liberdades fundamentais foram repostos e começaram a ser exercidos, o salário mínimo nacional, que não existia, foi instituído ainda nesse mês de Maio, abrangendo mais de 50% dos trabalhadores, em muitos casos com aumentos dos seus salários para o dobro do que ganhavam até aí. E, nos contratos colectivos conquistados nos tempos próximos que se seguiram, novas reduções da jornada de trabalho e numerosos novos direitos vieram a ser consagrados.

Mas, é também o regime saído do 25 de Abril, já depois de o processo revolucionário ter sido interrompido e invertido, após o 25 de Novembro de 1975, quando a luta dos trabalhadores já não era de avanços progressistas constantes e acelerados, mas de luta contra a recuperação capitalista e de defesa das conquistas e dos direitos adquiridos, que tem a responsabilidade por um dos 1.º de Maio mais sombrios realizados no nosso país. O 1.º de Maio de 1982.

Nos seis meses antecedentes, mais de 800 mil trabalhadores realizaram manifestações e greves em torno dos seus contratos colectivos de trabalho, num poderoso afrontamento entre as forças do trabalho e a reacção, então no governo, através da AD, com Francisco Pinto Balsemão como Primeiro-ministro e Ângelo Correia como ministro das polícias.

Em 12 de Fevereiro de 1982, realizara-se uma fortíssima Greve Geral, sob a palavra de ordem, «Uma só Solução AD Fora do Governo». A direita, instalada de forma hegemónica no Governo pela primeira vez depois do 25 de Abril, sente-se acossada pela pujança da movimentação dos trabalhadores, e recorre à violência para a tentar travar, montando, para o efeito, com a prestimosa ajuda dos divisionistas da UGT, uma provocação criminosa, que teve o seu desfecho no dia 30 de Abril à noite, vésperas do 1.º de Maio.

O Governo tentou proibir as manifestações do Porto, que tradicionalmente se realizavam e realizam na Praça da Liberdade, sob o pretexto de que este espaço lhe havia sido solicitado em primeiro lugar pela UGT. O que era falso, já que a estrutura regional da CGTP-IN tinha comunicado ao Governador Civil do Porto, com mais de oito meses de antecedência, a sua intenção de realizar no local as habituais comemorações.

A festa de 30 de Abril foi por isso mantida pelos sindicatos, que interpretavam a atitude do Governo como uma tentativa de pôr em causa o direito de reunião e manifestação tão duramente conquistados. O Governo, numa atitude de força inaudita, montou na Baixa do Porto um aparato policial que envolveu centenas de polícias e uma companhia completa da Policia de Intervenção, armada de espingardas metralhadoras, que cerca das 23h30 investiram à bastonada e a tiros de rajada sobre os milhares de trabalhadores que pacificamente realizavam a sua festa.

A violência brutal sobre a população indefesa prolongou-se mais de duas horas, pela madrugada do dia 1 de Maio adentro, estendendo-se a sítios muito distantes da cidade, longe dos locais que diziam pretender proteger. Dois operários foram mortos a tiro, dezenas de outros foram feridos, muitos em estado grave, oito dos quais baleados pela polícia.

No dia seguinte, os trabalhadores responderam de forma esmagadora à reacção instalada no Governo e saíram massivamente à rua em todo o País.


Duração e organização do horário de trabalho, hoje

A fixação de limites máximos à duração normal da jornada de trabalho e a organização do horário diário e semanal, continuam a ser, tal como há 120 anos, um dos principais eixos da acção reivindicativa dos trabalhadores. E a distribuição da parte da riqueza produzida por cada trabalhador, e por todos os trabalhadores, em determinado período de trabalho, o cerne dos interesses contraditórios entre o mundo do trabalho e o capital. As diferenças, hoje, são de escala, e consistem numa muitíssimo maior complexidade do que então, na organização do trabalho, dos instrumentos e ferramentas de trabalho utilizados, e no facto de a concentração da riqueza nos mais ricos ser muito maior e mais veloz, fazendo com que comparativamente, os ricos, num país ou no mundo, sejam hoje cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres.

Mas, detenhamo-nos apenas em alguns aspectos relacionados com o horário de trabalho. Há um século, nos países industrializados, os trabalhadores exigiam oito horas diárias, e um dia de descanso por semana, ao domingo. Hoje, nos países desenvolvidos, têm em regra horários máximos de oito horas e cinco dias de trabalho por semana, e exigem, e em alguns casos já obtiveram, 7 horas diárias em cinco dias semanais.

Evidentemente que esta redução progressiva do horário não tem sido linear. Há ainda em muitos pontos da Terra milhões de pessoas a trabalhar 10, 12, 14 e mais horas diárias, ou pior ainda, desempregados, sem conseguirem sequer o seu sustento razoável.

Todavia, o capital, sempre que consegue desequilibrar mais a correlação de forças a seu favor, como acontece em todo o mundo nos tempos que correm, aproveita o medo do desemprego e a precariedade no trabalho, provocados por ele próprio, e volta a pôr em causa direitos e conquistas já adquiridos pelos trabalhadores.

É o que acontece actualmente com a questão fulcral da duração e da organização do horário de trabalho.

Por exemplo, o Código de Trabalho aprovado pelo governo de Durão Barroso, e recentemente benzido na Assembleia da República pelo governo de Sócrates, embora em média semestral como referência tivesse mantido os mesmos limites de duração, introduziu a possibilidade do horário semanal, em vez das 40 horas em vigor, poder chegar às 50, mais 2 horas por dia, ou se estabelecidas em contratação colectiva, poder chegar às sessenta semanais, 14 horas diárias, a que se poderão ainda acrescentar mais 2 horas extraordinárias se realizadas por razões de «força maior». Se acrescentarmos mais duas horas, quando não mais, que os trabalhadores gastam nas deslocações entre casa e o local de trabalho, estamos, nestas circunstâncias, com horários diários de duração idêntica às do século XIX.

No imediato, esta chamada adaptabilidade do horário de trabalho, tem no mínimo como consequência a destruição da fórmula estável das 40 horas semanais e 8 diárias, e o descanso ao sábado e ao domingo, com início e termo do período normal de trabalho diário a uma hora certa.

É uma adaptabilidade que tem em conta apenas os interesses exclusivos da empresa, que pode dispor do tempo do trabalhador sempre que quer e quando quer, descurando completamente as necessidades que este tem de duma forma previsível poder organizar a sua vida particular e familiar.

São ainda numerosos, sofisticados ou brutais, outros métodos que o patronato utiliza para prolongar a jornada do trabalho a tempo parcial, o contratado ao dia e à hora, sem dia de descanso ou férias, de que são principais vítimas os imigrantes; o desconto das pausas na contagem do tempo de trabalho, a introdução de intervalos desmedidos e numerosos na organização do horário, as falsas isenções de horário, ou as horas extraordinárias não pagas.

E não se julgue que isto acontece apenas na selva da construção civil, e na economia clandestina, fora de toda a regulamentação. Em entrevista recente ao jornal do seu sindicato, um activista sindical dos bancários fazia contas e denunciava que o sector financeiro em Portugal devia aos trabalhadores 10 milhões de horas de trabalho não pago. O equivalente a 65 milhões de euros, e a 6 mil postos de trabalho, tantos os que seriam necessários para fazer aquele número de horas.

O trabalho por objectivos sucessivos, forma moderna da «empreitada», mas pior, o medo de não ser promovido, de perder o prémio ou o emprego, empurram os trabalhadores dos bancos, incluindo os quadros intermédios, para o prolongamento do horário diário, e até para o trabalho aos sábados e aos domingos, sem remuneração.

O patronato não se coíbe de encerrar, extinguir, cindir ou deslocalizar empresas, onde as convenções colectivas conquistadas garantem melhores condições de trabalho, para constituir outras fora do âmbito de aplicação daquelas condições, com menos direitos, e onde organizam os horários, sem qualquer consideração das necessidades do trabalhadores e das suas famílias.

A «santa competitividade», sob a qual se acoberta a ganância do lucro máximo, é o argumento que tudo justifica.

O Governo é o próprio a dar o exemplo de tais manigâncias. Na tão badalada reorganização da administração pública, transforma hospitais e outros serviços públicos em empresas ou institutos privados, e faz contratos individuais para os trabalhadores que entram de novo, com menos direitos, e fixando-lhes um horário de 40 horas semanais em vez das 35 horas que vigoram para os trabalhadores que, exactamente nos mesmos serviços, se regem pelas condições legais que se aplicam à função pública. Abre assim o caminho, a médio prazo, para o aumento da jornada de todos os trabalhadores.

Hoje [2006] , após 120 anos de luta organizada contra a exploração, em matéria de horário de trabalho, os trabalhadores, no prosseguimento do percurso histórico impulsionado pelo 1.º de Maio de 1886, a par da continuada exigência da redução da jornada de trabalho diária e semanal, agora para 35 horas em cinco dias, têm de manter aceso combate para não deixarem regredir os progressos alcançados. O que passa também pela rejeição da flexibilidade selvagem dos horários e pela reivindicação da sua organização, tendo em consideração as necessidades de lazer, estudo e de vida familiar de quem trabalha.

(1) Gervásio, António – Lutas de Massas em Abril e Maio de 1962 no Sul do País, Edições Avante!, Lisboa, 1996, p. 14.


Poucos anos após o 25 de Abril, num 1.º de Maio em que tive o privilégio de, em liberdade, ir a Tortozendo intervir em nome da Intersindical, ouvi da boca de um velho operário o relato emocionado de algumas das formas como fora assinalado o Dia Internacional do Trabalhador naquela vila laboriosa da Serra da Estrela, durante o fascismo.

Dizia ele: «no mínimo, na véspera, combinávamos uma hora certa de saída de casa ao outro dia, e à hora combinada deitávamos um foguete, previamente guardado, entalado entre as telhas e as ripas de madeira que suportam o telhado, às vezes durante todo o ano à espera daquele dia para que lhe pegassem o rastilho e estrelejasse o anunciar da alvorada. E, quando a GNR chegava a galope nos seus cavalos, de sabre em punho, para reprimir, já nós nos dirigíamos calmamente para as fábricas, em carreiros numerosos para pegar ao trabalho no turno da manhã.»

Revista «O Militante»arrow Nº 282 - Mai/Jun 2006

Fotografia - 1º de Maio de 1974 - Portugal
33 anos depois da Revolução de Abril 4/4
Terça-feira Abril 17th 2007

* João Aguiar

Lições de Abril

Para terminar, gostava de enumerar alguns dos que me parecem ser os ensinamentos mais relevantes da Revolução de Abril. Portanto, do seu imenso legado histórico e que mantém um inegável valor na actualidade torna-se pertinente destacar as seguintes lições:

1) O povo é o sujeito da História. Por outras palavras, é a classe trabalhadora e seus aliados que estão na origem de todas as transformações sociais e políticas progressistas e revolucionárias da época contemporânea. Ao contrário das teses burguesas que propagam a ideia que a História move-se apenas por intermédio da acção de grandes figuras históricas, a Revolução do 25 de Abril evidencia a capacidade própria que as massas trabalhadoras possuem para desenvolver lutas e intervenções no sentido de satisfazerem os seus interesses e necessidades. Em suma, os trabalhadores e o povo são o elemento decisivo por excelência na inscrição de dinâmicas de progresso social e humano nas sociedades. Os comunistas têm (e devem ter) sempre presente esta noção de que o povo quando liberto da opressão e/ou do enquadramento ideológico das classes dominantes consegue sempre alcançar grandes feitos. Gostaria ainda de frisar a autêntica epopeia da gente anónima, simples e digna que vive todos os dias fazendo das tripas coração. Esta epopeia é ainda mais elucidativa se atendermos ao facto de que se realizou num pequeno país, num país com pouca relevância política e económica na cena internacional. Se algumas das grandes revoluções contemporâneas ocorreram em países importantíssimos no xadrez mundial (França em 1789, Rússia em 1917, China em 1949), não podemos ignorar o papel autónomo que os povos dos ditos pequenos países tiveram nos últimos 100 anos. Apesar das suas diferenças, Cuba, Vietname e Portugal, só para citar alguns casos, são a prova de que não há povos maiores e povos menores e que a luta pela sua libertação é uma possibilidade histórica real. Termino este ponto, dizendo apenas que tendo sempre consciência que o povo é o sujeito da História é inevitável que depositemos confiança nas massas.

2) A importância de uma organização política de vanguarda. Se o povo assume-se nas situações revolucionárias como o sujeito colectivo da transformação social, tal não acontece sem a existência de uma organização política de vanguarda. No caso da Revolução de Abril, o PCP foi o partido que mais contribuiu para o aprofundamento do processo revolucionário e democrático, como também na correcta orientação das massas, lendo adequadamente o balanço de forças objectivas e de forças subjectivas em cada momento da conjuntura revolucionária. Sem nunca ter caído na conciliação de classes e sem ter embarcado em aventuras esquerdistas que em nada tomavam em atenção o contexto real e concreto existente, o PCP permitiu que a dialéctica entre espontaneidade e organização fosse conseguida. Pelo menos nos campos do Sul (zona da Reforma Agrária) e na cintura industrial de Lisboa. De facto, o PCP, em conjunto com os governos provisórios de Vasco Gonçalves e os sectores mais consequentes do MFA, foi a força política dirigente dos trabalhadores mais esclarecidos e avançados. Desse modo, conseguiu-se evitar que o turbilhão popular espontâneo surgido nos primeiros dias após a revolução se desarticulasse e fosse mais facilmente manietado pelas forças políticas conciliadoras. Não foi possível o triunfo completo do projecto emancipador de Abril. Contudo, isso não nos deve levar a deitar fora um princípio fundamental em cada período histórico, mais ainda numa situação revolucionária: a existência de um Partido marxista-leninista, de uma força revolucionária empenhada na transformação da sociedade e portadora dos interesses mais autênticos e avançados das massas populares. Parafraseando – e modificando – a célebre máxima de Lenine (“sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário”), podemos afirmar que sem Partido revolucionário não há movimento revolucionário. Pela sua ideologia, pelo recrutamento dos melhores filhos do povo, pelo espírito de militância e de dedicação à causa do socialismo, pelos ideais de fraternidade e solidariedade que enformam a relação entre os seus membros, pela sua actividade junto e com as massas, pela defesa da soberania nacional, pela solidariedade com qualquer povo ou trabalhador oprimido ou explorado em qualquer parte do mundo, a existência de uma organização política de vanguarda é um pré-requisito imprescindível em qualquer processo de transformação social. O 25 de Abril e o PCP são os exemplos vivos deste ensinamento.

3) O poder de Estado, a revolução e o seu aprofundamento. Anteriormente falei que não foi possível uma vitória completa do projecto de Abril. Boa parte das razões encontra-se na acção concertada de PS, PSD e CDS, militares reaccionários, sectores obscurantistas da igreja, etc. contra Abril. Porém, um condicionalismo da maior relevância tem que ver com o poder de Estado. Isto é, sem o controlo do poder de Estado pelas forças políticas mais consequentes na defesa dos interesses do povo, o processo revolucionário corre sempre um risco elevado de reversão e de ser derrotado. Houve a participação de comunistas e de outros democratas nos governos provisórios a seguir à Revolução. Contudo, o controlo garantido, estável e duradouro da máquina de Estado nunca foi uma realidade concretizada.

Um dos factos mais curiosos da Revolução prende-se com a profundidade das conquistas atingidas. Vistas pelo prisma de que o poder político nunca esteve nas mãos das organizações políticas da classe trabalhadora portuguesa, o grau de aquisições e direitos efectivos foi colossal. Mas sem o poder de Estado nas suas mãos, o povo não tinha a alavanca fundamental que lhe permitiria avançar o processo revolucionário e em simultâneo protegesse a sua acção política das investidas da reacção. O camarada Álvaro Cunhal foi muito explícito neste âmbito quando afirma em “A Revolução Portuguesa: o passado e o futuro” que «As forças revolucionárias tiveram capacidade para realizar profundas transformações democráticas no Estado. Mas não tiveram capacidade para construir um Estado democrático, garantia de capital importância para salvaguarda da Revolução».

Desta linha marxista de pensamento conclui que tal facto «é uma falha da Revolução portuguesa de extrema gravidade» (Cunhal, 1976, p.59). Daqui deriva a questão da natureza de classe do Estado, ou seja, quem o controla e a quem ele serve, que forças políticas estão à sua frente e que políticas impulsionam. Já dizia Lenine que «a questão mais importante de qualquer revolução é sem dúvida a questão do poder de Estado. Nas mãos de que classe está o poder, isto é que decide tudo» (Lenine, 1978, p.201), e este foi um princípio que o Partido seguiu sempre. Não é por acaso que o escrito mais marcante do camarada Álvaro Cunhal sobre o Estado se intitule precisamente “A questão do Estado, questão central de cada revolução”. Assim, este é mais um ensinamento que não podemos descartar nos dias de hoje.

4) O papel de vanguarda da luta operária no processo revolucionário. A Revolução de Abril demonstrou vivamente o lugar destacado da classe operária no avanço da dinâmica revolucionária. As nacionalizações, as experiências de controlo operário em algumas empresas ou, o que é provavelmente o maior feito da Revolução, as ocupações de terras no Alentejo e sul do Ribatejo que se expressaram na Reforma Agrária constituem exemplos vivos da força e combatividade do operariado industrial e agrícola – com o seu Partido de classe – na condução da luta popular.A gestão colectiva dos trabalhadores é um elemento que esteve sempre presente na mente e nos corações dos trabalhadores mais conscientes e combativos e foi uma realidade viva em várias UCP’s e cooperativas durante o período da Reforma Agrária. O maior feito que um povo pode alcançar é exactamente tomar colectivamente a sua vida pelas suas próprias mãos, fazer com que o controlo da produção económica, da vida política e da criação cultural sejam um dado adquirido pelos trabalhadores. Como já dizia a canção: “façamos nós por nossas mãos tudo a que nós diz respeito”. Isto foi real em certas zonas do país, sobretudo por parte do proletariado alentejano que como nenhum outro expressa toda a história da luta operária em Portugal. Como nenhum outro sofreu a repressão do fascismo, como nenhum outro combateu com o seu sangue a ditadura, como nenhum outro construiu a revolução com os seus braços e o seu engenho e mais tarde, como nenhum outro, viu todo o seu riquíssimo novo modo de viver social e económico ter-lhe sido arrancado, com o recurso às balas, pelos governos PS e PSD e pelos ex-latifundiários. Tudo isto para, no fundo, demonstrar com um caso concreto o papel de vanguarda da classe trabalhadora na luta popular pela democracia e pela liberdade, mas também para relembrar um aspecto que me parece essencial. A burguesia nunca dá nada de borla aos trabalhadores. Os direitos não são dádivas de caridade ou prendas por bom comportamento das classes populares, mas são conquistas provenientes da luta de massas, da organização colectiva dos trabalhadores e do povo em estreita ligação e interacção com as suas organizações de classe e políticas de vanguarda. Em Portugal a CGTP e o PCP com especial importância.

5) Necessidade de uma perspectiva histórica de longo alcance. O que vivemos em cada momento do desenvolvimento de uma sociedade não é um ponto isolado no tempo e no espaço. Em termos muito óbvios, existe sempre um passado, um presente e um futuro. O presente é muito do que o passado fez dele, e o presente contém em si um novelo de contradições e tendências emaranhadas, à primeira vista caóticas e desordenadas, mas que apelam sempre para o futuro. Uma perspectiva histórica de longo alcance implica obrigatoriamente que sejamos capazes de observar os espaços de tempo mais curtos, onde nas esquinas da História se decidem as conjunturas e os acontecimentos políticos.

Consequentemente, uma perspectiva histórica de longo alcance é essencial não só para enquadrar a nossa acção política diária, mas também nos dá uma visão mais global dos processos de evolução da sociedade em que vivemos. Permite-nos aprender com as vitórias e os dissabores do passado, com os erros e as conquistas, com as experiências passadas. Isto por um lado. Por outro lado, ou seja, do lado da visão do futuro (que não é sinónimo de futurismo) permite-nos perceber que como dizia o poema de Brecht “as coisas não continuarão a ser como são. Depois de falarem os dominantes falarão os dominados (…) os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã”. Por muito sombrio que um cenário histórico possa parecer, ele só o é à primeira vista. Armados com uma postura racional e não desesperada, munidos com a ciência da compreensão e transformação das sociedades – o materialismo histórico – e abraçando uma perspectiva histórica, percebemos que a História não acaba (nem nunca acabará) e que mais tarde ou mais cedo, se persistirmos com a nossa luta diária, o povo e os trabalhadores tomarão o seu destino em suas mãos.

Portanto, os comunistas não são guiados na sua luta por uma esperança vã mas por uma esperança e por uma confiança na luta firmemente alicerçada no real movimento da História.

Vamos à luta para cumprir Abril!

25 de Abril sempre!

Fascismo nunca mais!

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33 anos depois da Revolução de Abril 3/4
Terça-feira Abril 17th 2007


* João Aguiar



Os ataques à Revolução de Abril, sua legitimação ideológica e a quem interessa a contra-revolução

Os objectivos do grande capital português e europeu passam pela destruição absoluta, completa e irreversível de Abril. Lembro apenas as palavras de Champalimaud – o ex-decano do grande capital português – quando há uns anos atrás disse taxativamente que “o 25 de Abril foi a pior coisa que aconteceu em Portugal”. Para que estes propósitos anti-democráticos e anti-populares – que como se pode ver têm uma clara raiz de classe – sejam conseguidos, o grande capital sabe que não basta apenas contar com a crescente exploração que o patronato submete os trabalhadores no local de trabalho, nem a colaboração activa dos governos PS e PSD (com ou sem CDS). A ofensiva ideológica é das frentes mais importantes e o capital sabe disso melhor do que ninguém. Por exemplo, em Portugal é raro o grande meio de comunicação social (televisão, rádio ou jornal) que dê lucro ou pelo menos que este seja significativo. Pode-se então perguntar como empresários tão “empreendedores” e “dinâmicos” como Belmiro de Azevedo ou Pinto Balsemão sujeitam-se a perder milhões de euros no negócio dos mass media. Ora, eles fazem isso porque o aparato mediático e (des)informativo é uma peça essencial nos mecanismos de reprodução do poder político e económico da classe dominante. Daí que os milhões e milhões perdidos em investimentos na comunicação social tenham um valioso retorno ao nível da manipulação e adormecimento político das massas populares. Desde opinion-makers de paupérrimo nível intelectual, passando pelas teses de académicos que pretendem branquear a natureza fascista do Estado Novo, até ao desenvolvimento de discursos simplistas baseados na acusação e condenação da Revolução de Abril como pretensa causa para os males do país, muito tem sido feito pelos aparelhos ideológicos do grande capital para que o povo português – designadamente as jovens gerações – descarte as conquistas de Abril. Um exemplo. Ouve-se por vezes dizer que a culpa da difícil situação actual em que vivem os trabalhadores portugueses está no 25 de Abril e no que o processo revolucionário teria implicado na “rigidez” das leis laborais e “privilégios” concedidos aos trabalhadores ou no peso pretensamente excessivo da máquina do Estado e nos direitos que teriam feito dos funcionários públicos uns “parasitas” e uns “privilegiados” da sociedade portuguesa. Deste discurso batido todos os dias nos meios de comunicação social, deriva um outro ainda mais pernicioso que é transmitido e apropriado por franjas da população mais despolitizadas: “no tempo do Salazar é que era bom”. Este discurso simplista, linear e deturpado não é só apanágio dos saudosistas do regime fascista mas tem aceitação em camadas populares desfavorecidas e com pouca consciência política e social. Evidentemente não são estas franjas da população que produzem este discurso. As difíceis condições de vida, a proliferação de fenómenos de pobreza e de exclusão social, a desagregação de ambientes populares e operários comunitários e a falta de ligação ao movimento sindical são factores que, no seu conjunto, abrem portas para a penetração de tais tipos de discursos. Por aqui se percebe a tentativa dos sectores mais obscurantistas e reaccionários do capital em instrumentalizar parte do povo português, levando à letra o velho ditado do “dividir para reinar”, patente nas divisões que pretendem criar entre trabalhadores do sector privado e do Estado, trabalhadores efectivos e precários, trabalhadores portugueses e imigrantes, trabalhadores sindicalizados e não sindicalizados, trabalhadores empregados e desempregados. Tudo isto com o intuito de desorganizar política e ideologicamente a classe trabalhadora no seu todo e assim legitimar e prosseguir a ofensiva contra o que resta de mais fecundo das conquistas de Abril, inclusive a democracia política.

Há que manter a vigilância e enquanto Partido conseguirmos divulgar ainda mais os nossos materiais de propaganda junto das camadas mais pobres do operariado que pela sua situação são mais vulneráveis às falácias e mentiras da burguesia. Em simultâneo com o reforço imensamente positivo que o Partido vem prosseguindo ao nível da organização nas empresas e locais de trabalho, é vital ligar o Partido às camadas do que Marx chamava de exército industrial de reserva. Os desempregados de longa duração em Portugal atingem números assustadores (em finais de 2004 o seu número atingia quase 180 mil segundo estudo do economista Eugénio Rosa; hoje será seguramente bem maior o número de desempregados de longa duração). Esta é uma faixa extensa da classe trabalhadora que não tem ligação aos seus camaradas de classe no local de trabalho. Daí que seja importante que consigamos criar grupos unitários que a partir dos seus sentimentos e aspirações mais básicos e concretos lhes permita participar mais activamente na luta mais geral contra o governo PS/Sócrates e sua ofensiva política de classe. O desenvolvimento do movimento associativo (comissões de bairro, moradores, associações populares desportivas, recreativas e culturais, etc.) junto de camadas populacionais atingidas pelo desemprego de longa duração ou persistente, é uma frente importante e que pode ser uma via para canalizar massas de desempregados para o movimento central e nuclear que é a luta operária e sindical.

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33 anos depois da Revolução de Abril 2/4
Segunda-feira Abril 16th 2007

* João Aguiar

O 25 de Abril de 1974

O 25 de Abril (e toda dinâmica popular e revolucionária subsequente) é naturalmente o acontecimento maior da História portuguesa contemporânea. Iniciado como um golpe de oficiais democratas e progressistas contra o regime, logo na manhã de 25 de Abril o golpe se transforma em revolução. Pela participação criativa, alegre e activa das massas populares no processo revolucionário e democrático. Pelas transformações avançadas que o povo português almejou construir. O 25 de Abril também foi uma revolução porque teve como um actor político de primeira importância o PCP, que em conjunto com os trabalhadores portugueses e o MFA, foram a principal força motora da revolução portuguesa.Uma revolução que foi de encontro às teses que o camarada Álvaro Cunhal muito correctamente definiu anteriormente da revolução antifascista como democrática e nacional. Nas suas palavras, «é democrática porque acabará com a tirania fascista, instaurará a liberdade política, porá termo ao domínio da oligarquia financeira, defenderá os interesses populares, realizará uma série de reformas que beneficiarão a maioria esmagadora da população portuguesa». E é nacional «porque, acabando com o domínio imperialista sobre Portugal e o domínio colonialista de Portugal sobre outros povos, assegurará a soberania, a integridade territorial e a verdadeira independência do país» (Cunhal, 1994, p.25). Tais objectivos colocados ao povo e aos trabalhadores portugueses correspondiam, por um lado, às aspirações das mais amplas massas, suas expectativas num Portugal democrático, livre, soberano e onde a justiça social não fosse uma frase vazia. Por outro lado, uma revolução democrática e nacional era o horizonte colocado aos trabalhadores portugueses, dada a correlação de forças nacional e internacional.De forma muito sumária, podem-se enumerar as principais conquistas da Revolução de Abril. Recorri por isso a duas obras essenciais de Álvaro Cunhal (A Revolução Portuguesa: o passado e o futuro; A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril) para dar conta do que de mais libertador foi conseguido com a Revolução de 74/75: 1) a conquista das liberdades (liberdade de reunião e manifestação; liberdade dos partidos políticos; liberdade sindical; conquista do direito de greve; a liberdade de imprensa); 2) o melhoramento das condições de vida da classe operária e do povo (o estabelecimento do salário mínimo, dos subsídios de férias, alimentação, pensões de invalidez, de desemprego, etc.); 3) o controlo operário e a gestão dos trabalhadores em fábricas alvo de sabotagem do patronato; 4) as nacionalizações (da banca, estaleiros, recursos energéticos, luz, transportes, companhias de cimentos, petroquímicas, etc.); 5) a Reforma Agrária (com a constituição de mais de 400 UCP’s e cooperativas e com o emprego de dezenas de milhares de trabalhadores, com óbvios efeitos no aumento da área cultivada e da produção e na queda acentuada do desemprego na região); 6) o processo de descolonização e o fim da guerra colonial; 7) a existência de uma política de independência nacional (algo de inédito em centenas de anos da História portuguesa, na medida em que a submissão e vassalagem aos ditames de potências imperialistas estrangeiras foi interrompida, sendo hoje reatada descaradamente pelos governos PS e PSD); a consagração de importantes direitos sociais, económicos e culturais das massas (ao nível da educação, saúde, habitação, segurança social, acesso à justiça, etc.).Do outro lado da barricada contra Abril tínhamos (e temos) o grande capital. É certo que a burguesia – nomeadamente o grande capital financeiro e industrial – tinha sofrido um duro golpe com a Revolução de Abril. Os grandes grupos monopolistas – Champalimaud, os Mello, os Espírito Santo, etc. – viram o seu poder económico ser subtraído. Contudo uma classe dominante nunca desaprende a dominação de classe de um dia para o outro e muito menos se habitua a uma nova condição que não seja a de domínio e hegemonia. À sua experiência de décadas e décadas de domínio político e económico da sociedade portuguesa, há que não esquecer as ferramentas que a classe dominante tem sempre ao seu alcance. Nesse sentido, perdido o poder de Estado com o derrube do fascismo tal não significa nunca que a burguesia não continue a dispor de armas políticas (e militares). A burguesia nunca está na luta de classes só com um único instrumento mas tem sempre um naipe de cartas que pode ir utilizando à medida em que decorre o processo político. Portanto, perdido um dos ases do baralho – o Estado fascista –, restavam ainda outros trunfos na manga. A burguesia soube jogar sabiamente um deles: o Partido Socialista sob comando de Mário Soares. O facto de ter sido o PS e seu líder de então a funcionarem como os principais pivots da luta contra o processo revolucionário não tem que ver apenas com traição de princípios, oportunismo político e uma estatura moral repugnante. Isso é certamente verdade mas não é suficiente para caracterizar o comportamento do PS nessa época. Com efeito, a primeira carta jogada pela burguesia logo a seguir à revolução foi um rotundo fracasso. Spínola e suas aventuras militares e conspirativas de recorte fascista foram inequivocamente derrotadas pelas massas populares no 28 de Setembro de 74. Voltaria a lançar nova aventura no 11 de Março de 75 mas desta vez era muito mais um peão, um joguete nas mãos do verdadeiro jogador da contra-revolução: o PS. Este partido era então o único capaz de unificar a burguesia e destroçar a luta do proletariado. Esgotada temporariamente a possibilidade de contra-golpes militares contra o regime democrático de Abril, o PS vai então surgir como a ponta-de-lança da contra-ofensiva do capital contra o movimento povo-MFA e os governos de Vasco Gonçalves. Não que o PS pretendesse voltar ao fascismo – como acontecia com Spínola – mas o PS através de múltiplos malabarismos e jogos de cintura conseguiu arrastar para o seu lado camadas da classe trabalhadora que não tinham ainda conseguido transformar a sua consciência política antifascista e democrática em voto e apoio político efectivo ao PCP por uma variada ordem de razões. O preconceito anti-comunista e anti-soviético herdado do fascismo não pode ser desprezado. Como a manipulação que o PS fez das aspirações populares de justiça social e aprofundamento da democracia política e económica não pode igualmente ser rejeitada na forma como o PS se tornou no partido mais votado nas eleições para a Assembleia Constituinte de 1975. A ilusão inculcada em massas menos avançadas – mas comprometidas genuinamente com Abril – de que o PS seria o real defensor de um “socialismo democrático” (como se fosse possível um socialismo ditatorial!) contribuiu igualmente para ganhar o apoio dessas massas, bem como do apoio da pequena-burguesia urbana (a pequena-burguesia rural e o campesinato nortenhos foram sobretudo captados pelo PSD e pelo CDS).Todavia, o grande capital não derrotou o processo democrático e revolucionário de 74/75 apenas com uma carta. Da sua manga, a burguesia “sacou” ainda o PSD, o CDS, os sectores militares reaccionários (que no 25 de Novembro iriam defender um banho de sangue sobre os comunistas), o terrorismo bombista do MDLP e do ELP, o esquerdismo (o MRPP, a AOC, a OCMLP, etc.) e o apoio internacional da CIA, da NATO, da CE e do próprio Franco.

Não obstante a amplitude de recursos e a força da reacção, é indesmentível que o impacto das conquistas de Abril foi tal que ainda hoje passados 33 anos o património da Revolução ainda não foi completamente destruído. Apesar da descaracterização do regime político democrático, da deterioração das condições de vida e de trabalho do povo português, dos atentados à soberania nacional, da destruição paulatina da escola, da saúde e da segurança social públicas, a riqueza civilizacional de Abril é medida também por estes termos. A sua importância foi tal, o sulco que inscreveu na sociedade portuguesa foi tão profundo que 30 anos de contra-revolução impiedosa de governos PS e PSD (com o beneplácito da UE) não conseguiram subverter Abril na sua totalidade.


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Privatizações em Portugal: Afinal o que mudou?

* Ricardo Jorge Costa

"Vejo com horror a privatização das águas, das auto-estradas e da saúde. Caso se entre numa política cega de privatizações, qualquer dia não há capital português e os grupos económicos estrangeiros tomam conta dos nossos sectores estratégicos."

Mário Soares
Ex-presidente da República

"Não sei se não estaremos a exagerar. Além de privatizar empresas comerciais e industriais, estamos a privatizar serviços públicos que fazem parte da cultura do Estado social. O Estado não deve ser um empresário, mas há serviços públicos que devem continuar a ser da sua responsabilidade"

Vital Moreira
Professor Universitário
Constitucionalista

"(...) o processo de integração internacional da economia portuguesa realizou-se a partir do abandono de qualquer modelo ou estratégia que não fosse deixar actuar livremente a lógica de mercado capitalista. A destruição da agricultura e de largos sectores da economia produtiva muito para além do que haveria de ser o interesse do país e a racionalidade daí dedutível; o desmantelamento sistemático dos sectores públicos estratégicos da economia (comunicações, energia, transportes e outros sectores básicos) através de privatizações traduzidos em fabulosos e obscuros negócios, subtraídos ao escrutínio da opinião pública (...)."

Fernando Rosas
Professor universitário

Depois das nacionalizações da banca e dos seguros, das indústrias vitais e das infraestruturas de transportes no pós-25 de Abril, o processo de privatizações que se iniciou no final dos anos oitenta teve um forte impacto na opinião pública do país e no debate público/privado, constituindo, desde então, uma opção económica praticamente "inevitável" nos programas governamentais.

Os argumentos a favor de uma redução da intervenção do Estado na economia sustentavam que a iniciativa privada conduziria a um crescimento da produtividade e da competitividade das empresas, permitindo, ao mesmo tempo, aliviar o peso da dívida externa portuguesa com as receitas obtidas através das privatizações. De acordo com dados do Ministério das Finanças, entre 1985 e 1995 o Estado Português arrecadou cerca de cinco biliões de euros.

Em Junho de 1999, o Estado português continuava a deter participações em 93 companhias de sectores tão variados como a produção de cereais, gás, petróleo, indústria química, polpa de papel, construção naval, caminhos de ferro, indústria metalúrgica, portos e banca, mas a tendência, usando a terminologia dos economistas, foi a de prosseguir com a "alienação" do património através da segunda fase de privatização de grandes empresas como a Portugal Telecom, a Brisa ou EDP.

Depois das infraestrutras, parecem seguir-se os serviços. A Associação Empresarial de Portugal, um dos mais influentes lobbies económicos do país, não esconde no documento "Uma nova Ambição para Portugal" - apresentado como um manifesto em prol da manutenção em mãos portuguesas de empresas estratégicas para a economia nacional - a necessidade de privatizar largos sectores da administração pública, nomeadamente a Saúde, a Educação, a Segurança Social e a Justiça, deixando antever a criação de uma legião de 150 e 200 mil desempregados.

Apesar de estar longe destes números, uma das principais medidas previstas na actualização do Programa de Estabilidade do Crescimento Nacional para o período 2003-2006, divulgada recentemente pelo governo, é a redução do emprego nas administrações públicas a uma taxa média anual de 1,5%, o que, na prática, significa a perda de mais de 40 mil postos de trabalho.

Recentemente, o primeiro-ministro Durão Barroso anunciou, na Assembleia da República, a privatização da EPAL - Águas de Lisboa, vindo ao encontro dos desejos das empresas privadas que reclamavam há muito por uma maior "intervenção" neste sector. Apesar de o Estado deter actualmente mais de 40 empresas no sector das águas e dos resíduos, a venda da Águas de Portugal, que aglomera esse universo, poderia representar um encaixe próximo dos 2,9 mil milhões de euros. Apesar de estar previsto apenas uma venda parcial de acções desta empresa, perfila-se no horizonte a sua privatização total, havendo já empresas estrangeiras, associadas a grupos de grande dimensão, interessadas em tomar posição estratégica no negócio.

Mas a água é apenas uma das faces visíveis deste processo. O governo pretende igualmente avançar na privatização da Saúde, transformando o Serviço Nacional de Saúde num sistema misto entre público e privado, prevendo também outras modalidades de privatização aplicadas, nomeadamente, à gestão de unidades de saúde. O serviço público de comunicação é outra das áreas que o governo pretende transferir para a iniciativa privada, privatizando um dos canais da RTP e abrindo caminho à extinção da Antena 2.

O programa de governo aponta igualmente para a privatização total ou parcial de empresas públicas em diversos sectores estratégicos como o Instituto de Participações do Estado (IPE), a TAP, a Rede Eléctrica Nacional (REN) ou a Portucel, bem como empresas públicas de transportes terrestres, rodoviários e ferroviários.

Com estas operações o governo prevê arrecadar em 2003 cerca de 1,5 mil milhões de euros. Porém, de acordo com a opinião de alguns especialistas na área financeira e económica, muitas destas empresas são habitualmente subavaliadas e vendidas por um preço abaixo do seu valor real, lesando o Estado e os contribuintes em dezenas de milhões de euros.

Esta factura atinge em particular os trabalhadores. Citando apenas alguns exemplos, ao longo dos últimos anos foram suprimidos oito mil postos de trabalho na EDP, tendo sido anunciada a decisão de reduzir mais cinco mil a médio prazo; sete mil no sector da banca; 4800 na Portucel; e 3300 na Siderurgia Nacional.

Talvez mais preocupante é o facto de a Educação também não parecer escapar a esta "fúria" privatizadora. O crescente discurso em torno do "estatismo" e do "monopólio da escola pública" parece indicar que uma crescente fatia do "mercado educativo" deverá, nos próximos anos, ser entregue à iniciativa privada. A proposta de institucionalizar os cheques escolares, ou vouchers, admitida pelo ministro da Educação, é talvez um dos primeiros passos nesse sentido.

Opinião pública dividida

O processo de privatizações realizado ao longo da última década permitiu reduzir a dívida pública portuguesa para valores próximos dos restantes países europeus. Em 1997 e 1998, altura em que o processo de privatizações abrandou temporariamente, as receitas obtidas com a venda de empresas públicas ascendiam, respectivamente, a 4,9% e 4,0% do Produto Interno Bruto. Apesar disso, se em 1988 se assumia o compromisso de pelo menos 80% das receitas das privatizações do Estado serem canalizadas para a amortização da dívida, em 1993 esse limite foi reduzido para 40%.

Além das vantagens decorrentes das privatizações na descida dos preços de bens e serviços, que seria estimulada, em princípio, pela livre concorrência, os sucessivos governos têm-se referido à disseminação do capital e à passagem de clientes a accionistas como um dos triunfos do "capitalismo popular". Porém, os números demonstram que cerca de 99% dos accionistas dispõem de menos de 1% do capital social das empresas privatizadas. Então, que vantagens decorrem das privatizações? O que pensam os cidadãos acerca do processo e que melhorias introduziu na sua qualidade de vida? As opiniões recolhidas pela PÁGINA estão longe de ser consensuais.

"Não acho que as privatizações tenham trazido, em geral, melhorias na prestação de serviços. Em muitas empresas o funcionamento continua a estar marcado por um grave defeito da sociedade portuguesa: a desorganização". Esta opinião, porém, não a impede de classificar a própria empresa com nota positiva: "Nos Correios a gestão privada trouxe alguns benefícios em termos de racionalização de meios e julgo que os serviços melhoraram", diz Rita Cardoso, 31 anos, que admite gostar de se manter informada sobre política e economia.

Regra geral, as pessoas inquiridas pela PÁGINA desconhecem este tema e evitam formular uma opinião. Apesar de a maioria estar familiarizada com o termo privatizações - há quem admita inclusivamente ter comprado acções - não consegue reconhecer vantagens ou inconvenientes para o país ou consequências para o próprio futuro. Das cerca de vinte pessoas abordadas, apenas seis soube ou quis responder às questões levantadas pelo jornalista. Porém, uma das ideias mais frequentemente associados ao processo de privatizações é o aumento do desemprego.

"É um facto que as privatizações vieram contribuir muito para o desemprego em Portugal, mas é um processo inevitável para o crescimento do país", diz Nelson Machado, 29 anos, publicitário, que não vê com maus olhos a concessão de um determinado número de serviços a empresas privadas. É o caso da conservação das estradas e auto-estradas que, na sua opinião, o Estado não tem capacidade para manter. Desta maneira, explica, "os privados mantêm as estradas em boas condições em troca de portagens. Penso que é uma medida justa..."

Quem também parece concordar com esta opinião é Raquel Andrade, 26 anos, estudante do curso de Farmácia, para quem as privatizações fazem "todo o sentido" quando o Estado, por falta de meios, não consegue garantir a prestação dos níveis mínimos dos serviços em determinadas áreas. Ao contrário, a privatização de "empresas lucrativas", como as dos sectores da energia, das telecomunicações ou das águas, é um "desperdício". É que dessa maneira, diz, "o Estado e os contribuintes estão a perder receitas que poderiam ser aplicadas em áreas não lucrativas, como a Saúde e a Educação".

Há também quem afirme abertamente que a progressiva privatização da economia não irá trazer quaisquer benefícios para o cidadão. "O princípio de qualquer empresa privada é obter lucro, o que significa que a privatização de determinados serviços, como o fornecimento de água e de energia, levará inevitavelmente a um aumento dos preços", refere Rui Teixeira, 38 anos, funcionário administrativo numa empresa de transportes rodoviários. Por outro lado, argumenta Teixeira, as receitas arrecadadas pelo Estado poderão servir para "melhorar alguns serviços" da administração pública. "Perde-se por um lado, ganha-se por outro. É ela por ela...", conclui com alguma resignação.

Pelo discurso dir-se-ia que estaremos perante um sindicalista, mas não é esse o caso. Nuno Mendes é estudante do 1º ano do curso de Ciências e militante de um partido "realmente de esquerda", como sublinha, preferindo, no entanto, abster-se de revelar qual. Munido de um espírito crítico quanto baste, afirma que o processo de privatizações em curso representa a "completa desmantelamento do nosso aparelho produtivo" e a "venda de sectores estratégicos por barato" a empresas multinacionais, sejam elas portuguesas ou estrangeiras. "É uma espécie de "polvo" a nível mundial que está a tornar o mundo dependente de uma dúzia de países", diz este jovem.

Nos antípodas deste discurso está José Soares, 57 anos, que considera que o Estado deverá ter um mero "papel regulador" na economia. Na sua opinião está provado que em outros países que já passaram pelo mesmo processo "o nível de vida melhorou", pelo que não vê motivos para interromper o processo. Para este ex-mediador de seguros, actualmente na reforma, o Estado deve privatizar o resto das suas empresas para garantir a "igualdade de oportunidades" no mercado. Tal como está, o sistema é "injusto" porque "beneficia o sector público". O capitalismo, esse, parece ter vindo para ficar. "Já reparou como a China, o país mais comunista do mundo, é hoje provavelmente onde o capitalismo está em maior ascensão? É assim..."

Jornal a Página da Educação" , ano 12, nº 121, Março 2003, p. 11.

Dia do trabalhador

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Dia do Trabalho na cidade de Mumbai, na Índia

O Dia do Trabalhador é celebrado anualmente no dia 1 de Maio em numerosos países do mundo, sendo feriado nacional em muitos deles.

História

No dia 1 de Maio de 1886 realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América. Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação de centenas de milhares de pessoas. Nesse dia teve início uma greve geral nos EUA. No dia 3 de Maio houve um pequeno levantamento que acabou com uma escaramuça com a polícia e com a morte de alguns protestantes. No dia seguinte, 4 de Maio, uma nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos policiais que começavam a dispersar os manifestantes, matando sete agentes. A polícia abriu então fogo sobre a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket.

Três anos mais tarde, a 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objectivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1 de Maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersada pela polícia resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serve para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.

A 23 de Abril de 1919 o senado francês ratifica o dia de 8 horas e proclama o dia 1 de Maio desse ano dia feriado. Em 1920 a Rússia adota o 1º de Maio como feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos outros países.

Nos Açores à a tradição dos "Maios" que são bonecos que as pessoas fazem com panos ou mesmo com bonecos que têm em casa e colocam nas varandas ou nas janelas. No dia 1 de Maio as pessoas saem à rua e vão ver os "Maios".

O Dia do Trabalhador no mundo

Alguns países celebram o Dia do Trabalhador em datas diferentes de 1 de Maio:

  • Estados Unidos da América: Celebram o Labor Day na primeira segunda-feira de Setembro Por interesse do empresariado, o dia primeiro de maio foi transformado no "Dia da Ley", quando se comemora a "associação entre a ley e a liberdade", esquecendo-se os acontecimentos que deram origem a esse dia.

Día Internacional de los Trabajadores

De Wikipedia, la enciclopedia libre

El Día internacional de los Trabajadores o Primero de Mayo, es la fiesta por antonomasia del movimiento obrero mundial.

Desde su establecimiento en la mayoría de países (aunque la consideración de día festivo fue en muchos casos tardía) por acuerdo del Congreso Obrero Socialista de la Segunda Internacional, celebrado en París en 1889, es una jornada de lucha reivindicativa y de homenaje a los Mártires de Chicago, sindicalistas anarquistas, que fueron ajusticiados en Estados Unidos por su participación en las jornadas de lucha por la consecución de la jornada laboral de ocho horas que tuvieron su origen en la huelga iniciada el 1 de mayo de 1886 y su punto álgido tres días más tarde, el 4 de mayo, en la Revuelta de Haymarket en Chicago.

Curiosamente en los Estados Unidos no se celebra esta conmemoración. Allí celebran el Labor Day el primer lunes de septiembre desde 1882 en una parada realizada en Nueva York y organizada por los Noble Orden de los Caballeros del Trabajo (Knights of Labor, en inglés). El presidente Grover Cleveland, auspicio la celebración a septiembre por temor a la fecha de mayo podría reforzar al movimiento socialista en los Estados Unidos.

Manifestación  del Primero de Mayo en París (año 2000).

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Tabla de contenidos

La historia

Los hechos que dieron lugar esta celebración están contextualizados en los albores de la revolución industrial en los Estados Unidos. A fines del siglo XIX Chicago era la segunda ciudad de EE.UU. Del oeste y del sudeste llegaban cada año por ferrocarril miles de ganaderos desocupados, creando las primeras villas humildes que albergarían a cientos de miles de trabajadores. Además, estos centros urbanos acogieron a emigrantes venidos de todo el mundo a lo largo del siglo XIX.

La reivindicación de la jornada laboral de 8 horas

Una de las reivindicaciones básicas de los trabajadores era la jornada de 8 horas. El hacer valer la máxima ocho horas para el trabajo, ocho horas para el sueño y ocho horas para la casa. En este contexto se produjeron varios movimientos, en 1829 se formó un movimiento para solicitar a la legislatura de Nueva York la jornada de ocho horas. Anteriormente existía una ley que prohibía trabajar más de 18 horas, salvo caso de necesidad. Si no había tal necesidad, cualquier funcionario de una compañía de ferrocarril que hubiese obligado a un maquinista o fogonero a trabajar jornadas de 18 horas diarias debía pagar una multa de 25 dólares.

La mayoría de los obreros estaban afiliados a la Noble Orden de los Caballeros del Trabajo, pero tenía más preponderancia la American Federation of Labor, Federación Estadounidense del Trabajo, inicialmente socialista (algunas fuentes señalan el origen anarquista). En su cuarto congreso, realizado el 17 de octubre de 1884, había resuelto que desde el 1 de mayo de 1886 la duración legal de la jornada de trabajo debería ser de ocho horas. En caso de no obtener respuesta a este reclamo, se iría a una huelga. Recomendaba a todas las uniones sindicales a tratar de hacer promulgar leyes con ese contenido en todas sus jurisdicciones. Esta resolución despertó el interés de todas las organizaciones, que veían que la jornada de ocho horas posibilitaría obtener mayor cantidad de puestos de trabajo (menos desocupación). Esos dos años acentuaron el sentimiento de solidaridad y acrecentó la combatibilidad de los trabajadores en general.

En 1886, el presidente de Estados Unidos Andrew Johnson promulgó la llamada Ley Ingersoll, estableciendo las 8 horas de trabajo diarias. Al poco tiempo, 19 estados sancionaron leyes que permitían trabajar jornadas máximas de 8 y 10 horas (aunque siempre con cláusulas que permitían hacer trabajar a los obreros entre 14 y 18 horas). Las condiciones de trabajo eran similares, y las condiciones en que se vivía seguían siendo insoportables.

Como la Ley Ingersoll no se cumplió, las organizaciones laborales y sindicales de EE.UU. se movilizaron. La prensa calificaba el movimiento en demanda de las ocho horas de trabajo como «indignante e irrespetuoso», «delirio de lunáticos poco patriotas», y manifestando que era «lo mismo que pedir que se pague un salario sin cumplir ninguna hora de trabajo».

Manifestación del Primero de Mayo en París (año 2000).

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La convocatoria de huelga

La Noble Orden de los Caballeros del Trabajo (la principal organización de trabajadores en EE.UU.) remitió una circular a todas las organizaciones adheridas donde manifestaba: «Ningún trabajador adherido a esta central debe hacer huelga el 1° de mayo ya que no hemos dado ninguna orden al respecto». Este comunicado fue rechazado de plano por todos los trabajadores de EE.UU. y Canadá, quienes repudiaron a los dirigentes de la Noble Orden por traidores al movimiento obrero.

En la prensa del día anterior a la huelga, el 29 de abril de 1886, se podía leer: «Además de las ocho horas, los trabajadores van a exigir todo lo que puedan sugerir los más locos anarco-socialistas». El New York Times decía: «Las huelgas para obligar al cumplimiento de las ocho horas pueden hacer mucho para paralizar nuestra industria, disminuir el comercio y frenar la renaciente prosperidad de nuestra nación, pero no lograrán su objetivo». El Filadelfia Telegram decía: «El elemento laboral ha sido picado por una especie de tarántula universal y se ha vuelto loco de remate: piensa precisamente en estos momentos en iniciar una huelga por el logro del sistema de ocho horas». El Indianápolis Journal decía: «Los desfiles callejeros, las banderas rojas, las fogosas arengas de truhanes y demagogos que viven de los impuestos de hombres honestos pero engañados, las huelgas y amenazas de violencia, señalan la iniciación del movimiento».

El día 1 de mayo, la huelga

El 1° de mayo de 1886, 200.000 trabajadores iniciaron la huelga mientras que otros 200.000 obtenían esa conquista con la simple amenaza de paro.

En Chicago donde las condiciones de los trabajadores eran mucho peor que en otras ciudades del país las movilizaciones siguieron los días 2 y 3 de mayo. La única fabrica que trabajaba era la fábrica de maquinaria agrícola McCormik que estaba en huelga desde el 16 de febrero porque querían descontar a los obreros una cantidad para la construcción de una iglesia. La producción se mantenía a base de esquiroles. El día 2 la polícia había disuelto violentamente una manifestación de más de 50.000 personas y el día 3 se celebraba una concentración en frente sus puertas, cuando estaba en la tribuna el anarquista August Spies sonó la sirena de salida de un turno de rompehuelgas. Los concentrados se lanzaron sobre los scabs (amarillos) comenzando una pelea campal. Una compañía de policías, sin aviso alguno, procedió a disparar a quemarropa sobre la gente produciendo 6 muertos y varias decenas de heridos.

El redactor del Arbeiter Zeitung Fischer corrió a su periódico donde proclama (que luego se utilizaría como principal prueba acusatoria en el juicio que le llevó a la horca) imprimiendo 25.000 octavillas. La proclama decía:

Trabajadores: la guerra de clases ha comenzado. Ayer, frente a la fábrica McCormik, se fusiló a los obreros. ¡Su sangre pide venganza!
¿Quién podrá dudar ya que los chacales que nos gobiernan están ávidos de sangre trabajadora? Pero los trabajadores no son un rebaño de carneros. ¡Al terror blanco respondamos con el terror rojo! Es preferible la muerte que la miseria.
Si se fusila a los trabajadores, respondamos de tal manera que los amos lo recuerden por mucho tiempo.
Es la necesidad lo que nos hace gritar: ¡A las armas!.
Ayer, las mujeres y los hijos de los pobres lloraban a sus maridos y a sus padres fusilados, en tanto que en los palacios de los ricos se llenaban vasos de vino costosos y se bebía a la salud de los bandidos del orden...
¡Secad vuestras lágrimas, los que sufrís!
¡Tened coraje, esclavos! ¡Levantaos!.

La proclama terminaba convocando un acto de protesta para el día siguiente, el cuatro, a las cuatro de la tarde, en la plaza Haymarket. Se consiguió un permiso del alcalde Harrison para hacer un acto a las 19.30 en el parque Haymarket. Los hechos que allí sucedieron son conocidos como Revuelta de Haymarket.

La revuelta de Haymarket

Artículo principal: Revuelta de Haymarket

Se concentarón en la plaza de Haymarket más de 20.000 personas que fueron reprimidas por 180 policías uniformados. Un artefacto explosivo estalló entre los policías produciendo un muerto y varios heridos. La policía abrió fuego contra la multitud matando e hiriendo a un número desconocido de obreros.

Se declaró el estado de sitio y el toque de queda detuviendo a centenares de trabajadores que fueron golpeados y torturados, acusados del asesinato del policía.

Manifestación del Primero de Mayo en Éibar, Guipúzcoa País Vasco (España) (año 1978).

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Estos hechos represivos fueron apoyados por una campaña de prensa con citas como:

Qué mejores sospechosos que la plana mayor de los anarquistas. ¡A la horca los brutos asesinos, rufianes rojos comunistas, monstruos sanguinarios, fabricantes de bombas, gentuza que no son otra cosa que el rezago de Europa que buscó nuestras costas para abusar de nuestra hospitalidad y desafiar a la autoridad de nuestra nación, y que en todos estos años no han hecho otra cosa que proclamar doctrinas sediciosas y peligrosas!

La Prensa reclamaba un juicio sumario por parte de la Corte Suprema, y responsabilizando a ocho anarquistas y a todas las figuras prominentes del movimiento obrero.

El 21 de junio de 1886, se inició la causa contra 31 responsables, que luego quedron en 8. Las irregularidades en juicio fueron muchas violándose todas las normas procesales de forma y de fondo, tanto que ha llegado a ser calificado de juicio farsa. Los juzgados fueron declarados culpables. Tres de ellos fueron condenados a prisión y cinco a la horca.

Prisión

A muerte en la horca

El 11 de noviembre de 1887 se consumó la ejecución de:

Relato de la ejecución por José Martí, corresponsal en Chicago del periódico La Nación de Buenos Aires (Argentina):

...salen de sus celdas. Se dan la mano, sonríen. Les leen la sentencia, les sujetan las manos por la espalda con esposas, les ciñen los brazos al cuerpo con una faja de cuero y les ponen una mortaja blanca como la túnica de los catecúmenos cristianos. Abajo está la concurrencia, sentada en hilera de sillas delante del cadalso como en un teatro... Firmeza en el rostro de Fischer, plegaria en el de Spies, orgullo en el del Parsons, Engel hace un chiste a propósito de su capucha, Spies grita: "la voz que vais a sofocar será más poderosa en el futuro que cuantas palabras pudiera yo decir ahora». Les bajan las capuchas, luego una seña, un ruido, la trampa cede, los cuatro cuerpos caen y se balancean en una danza espantable...

El Crimen de Chicago costó la vida de muchos trabajadores y dirigentes sindicales; no existe un número exacto, pero fueron miles los despedidos, detenidos, procesados, heridos de bala o torturados. La mayoría eran inmigrantes: italianos, españoles, alemanes, rusos, irlandeses, judíos, polacos y eslavos.

Consecución de la jornada laboral de ocho horas

A finales de mayo de 1886 varios sectores patronales accedieron a otorgar la jornada de 8 horas a varios centenares de miles de obreros. El éxito fue tal, que la Federación de Gremios y Uniones Organizadas expresó su júbilo con estas palabras: «Jamás en la historia de este país ha habido un levantamiento tan general entre las masas industriales. El deseo de una disminución de la jornada de trabajo ha impulsado a millones de trabajadores a afiliarse a las organizaciones existentes, cuando hasta ahora habían permanecido indiferentes a la agitación sindical».

En la actualidad

A lo largo del siglo XX, los progresos laborales se fueron acrecentando con leyes para los trabajadores, para otorgarles derechos de respeto, retribución y amparo social. En la última década del siglo esos progresos retrocedieron bajo la influencia del neoliberalismo.

En la actualidad, casi todos los países democráticos rememoran el 1º de mayo como el origen del movimiento obrero moderno. Estados Unidos, Reino Unido y el Principado de Andorra son los únicos países, del mundo occidental, que no lo recuerdan.

En 1954 el papa católico Pío XII apoyó tácitamente esta jornada de memoria colectiva al declararla como festividad de San José Obrero. Últimamente se viene denominando a esta día como Día Internacional del Trabajo.

Otros mártires

El movimiento obrero no se conformó con esa conquista, la lucha no se ha detenido nunca. Cuarenta años después, serían condenados otros dos inmigrantes, también anarquistas: los italianos Nicola Sacco y Bartolomeo Vanzetti, a quienes se les llamó los Mártires de Boston.

Relacionado

Véase también

Enlaces externos

Fuentes

Labour Day

From Wikipedia, the free encyclopedia

Labour Day Parade in Toronto in early 1900s

Labour Day Parade in Toronto in early 1900s

A Labour Day is an annual holiday celebrated all over the world that resulted from efforts of the labour union movement, to celebrate the economic and social achievements of workers.

The celebration of Labour Day has its origins in the eight hour day movement, which advocated eight hours for work, eight hours for recreation, and eight hours for rest. On 21 April 1856 Stonemasons and building workers on building sites around Melbourne, Australia, stopped work and marched from the University of Melbourne to Parliament House to achieve an eight hour day. Their direct action protest was a success, and they are noted as the first organized workers in the world to achieve an eight hour day with no loss of pay, which subsequently inspired the celebration of Labour Day and May Day.

Contents

Labour Day in most of the world

Main article: May Day

Most countries celebrate Labour Day on May 1, known as May Day. In Europe the day has older significance as a rural festival which is predominantly more important than that of the Labour Day movement. The holiday has become internationalised and several countries hold multi-day celebrations including parades, shows and other patriotic and labour-oriented events.

In Germany, Labour Day was established as an official holiday in 1933 after the Nazi Party, or NSDAP, rose to power. It was supposed to symbolise the new-found unity between the state and the German people. Ironically, just one day later, on May 2, 1933, all free unions were outlawed and destroyed. But since the holiday had been celebrated by German workers for many decades before the official state endorsement, the NSDAP's attempt to appropriate it left no long-term resentment.

In Poland, Labour Day on May 1 was renamed "State Holiday" in 1990.

Further information: Holidays in Poland

In Sweden and Norway, May 1 is a national holiday celebrated through widespread demonstrations by the entire worker's movement.

In Italy, May 1 is national holiday, demonstrations of the trade unions are widespread. Since the '90s, the trade unions organise a massive free concert in Rome, with attendances topping a million people.

Labour Day in Australia

In Australia, the Labour Day public holiday is fixed by the various states and territories' governments, and so varies considerably. It is the first Monday in October in the Australian Capital Territory, New South Wales and South Australia. In both Victoria and Tasmania, it is the second Monday in March (though the latter calls it Eight Hours Day). In Western Australia, Labour Day is the first Monday in March. In both Queensland and the Northern Territory, it is the first Monday in May.

Labour Day in Canada

Labour Day has been celebrated on the first Monday in September in Canada since the 1880s. The September date has remained unchanged, even though the government was encouraged to adopt May 1 as Labour Day, the date celebrated by the majority of the world. Moving the holiday, in addition to breaking with tradition, could have been viewed as aligning the Canadian labour movements with internationalist sympathies. Another major reason for keeping the current September date is that the United States celebrates its Labor Day on the same day. Synchronizing the holiday reduces possible inconvenience for businesses with major operations on both sides of the border.

The origins of Labour Day in Canada can be traced back to a printer's revolt in 1872 in Toronto, where labourers tried to establish a 54-hour work week. At that time, any union activity was considered illegal and the organizers were jailed, at the behest of George Brown. Protest marches of over 10,000 workers were formed in response, which eventually led to Prime Minister Sir John A. Macdonald repealing the anti-union laws and arranging the release of the organizers as well.

The fight of the Toronto printers had a second, lasting legacy. The parades held in support of the Nine-Hour Movement and the printers' strike led to an annual celebration. In 1882 American labour leader Peter J. McGuire witnessed one of these labour festivals in Toronto. Returning to the United States, Peter McGuire along with the Knights of Labor organized a similar parade on September 5, 1882 in New York City. In 1884 another parade was held, and the Knights passed resolutions to make this an annual event. Other labour organizations (and there were many), but notably the affiliates of the International Workingmen's Association, many of whom were socialists or anarchists, favoured a May 1 holiday. With the event of Chicago's Haymarket riots in early May of 1886, president Grover Cleveland believed that a May 1 holiday could become an opportunity to commemorate the riots. Thus, fearing that it might strengthen the socialist movement, he quickly moved in 1887 to support the position of the Knights of Labor and their date for Labour Day. The date was adopted in Canada in 1894 by the government of Prime Minister John Thompson. Socialist delegates in Paris in 1889 appointed May 1 as the official International Labour Day. (See May Day).

While Labour Day parades and picnics are organized by unions, many Canadians simply regard Labour Day as the Monday of the last long weekend of summer. Non-union celebrations include picnics, fireworks displays, water activities, and public art events. Families with school-age children take it as the last chance to travel before the end of summer. Some teenagers and young adults view it as the last weekend for parties before returning to school, which traditionally begin their new year the day after.

An old custom prohibits the wearing of white after Labour Day. The explanations for this tradition range from the fact that white clothes are worse protection against cold weather in the winter to the fact that the rule was intended as a status symbol for new members of the middle class in the late 19th century and early 20th century. [1] [2]

A Labour Day tradition in Canada is the Labour Day Classic, a Canadian Football League event where rivals like Calgary Stampeders and Edmonton Eskimos, Hamilton Tiger-Cats and Toronto Argonauts, Saskatchewan Roughriders and Winnipeg Blue Bombers (also known as The Banjo Bowl), and sometimes the Ottawa team and the Montreal Alouettes when Ottawa is in the league, play on Labour Day weekend.

In 2007, Canada's Labour Day falls on September 3rd.

Labour Day in New Zealand

In New Zealand, Labour Day is a public holiday held on the fourth Monday in October. Its origins are traced back to the eight-hour working day movement that arose in the newly founded Wellington colony in 1840, primarily because of carpenter Samuel Parnell's refusal to work more than eight hours a day. He encouraged other tradesman to also only work for eight hours a day and in October 1840 a workers' meeting passed a resolution supporting the idea. On 28 October 1890, the 50th anniversary of the eight-hour day was commemorated with a parade. The event was then celebrated annually in late October as either Labour Day or Eight-Hour Demonstration Day. In 1899 government legislated that the day be a public holiday from 1900. The day was celebrated on different days in different provinces. This led to ship owners complaining that seamen were taking excessive holidays by having one Labour Day in one port then another in their next port. In 1910 the government "Mondayised" the holiday so that it would be observed on the same day throughout the nation. Nowadays for the majority of New Zealanders it's "just another holiday". See: Labour Day: A History - from NZHistory.net.nz

Labor Day in the United States

Main article: Labor Day (United States)

Labor Day is a United States federal holiday that takes place on the first Monday of September.

See also

Portal:Organized Labour

Organized Labour Portal

External links

Fête du Travail

Un article de Wikipédia, l'encyclopédie libre.

Défilé du 1er mai à Mumbai en Inde

Défilé du 1er mai à Mumbai en Inde

La fête du Travail (ou fête des Travailleurs) est célébrée dans de nombreux pays du monde, le 1er mai. C'est l'occasion d'importantes manifestations du mouvement ouvrier. Dans les pays dits « socialistes » le 1er mai est (ou était) fêté avec beaucoup d'éclat.

Il est à noter qu'en Amérique du Nord, il existe une distinction entre fête du travail et fête des travailleurs. En effet la fête du travail est célébrée le premier lundi de septembre, il s'agit d'un jour férié marquant traditionnellement la "rentrée" (scolaire, artistique, etc.) après les vacances d'été. La fête des travailleurs a quant à elle lieu le 1er mai. Ce jour n'est pas férié, mais est très largement célébré par les syndicats ainsi que les partis, groupes et organisation de gauche. On notera que traditionnellement, lorsqu'il y a une augmentation du salaire minimum au Québec, cela a lieu le 1er mai.Voir ci-bas Dans le monde)

Sommaire

Origines r

En France, dès 1793, une fête du travail est fixée le 1er pluviôse (janvier), et fut instituée pendant quelques années par Fabre d'Eglantine.

Au cours de leur congrès de 1884, les syndicats américains se donnent deux ans pour imposer aux patrons une limitation de la journée de travail à huit heures. Ils choisissent de débuter leur action le 1er Mai parce que beaucoup d'entreprises américaines entament ce jour-là leur année comptable.

C'est ainsi que le 1er mai 1886, la pression syndicale permet à environ 200 000 travailleurs d'obtenir la journée de huit heures. D'autres travailleurs, dont les patrons n'ont pas accepté cette revendication, entament une grève générale. Ils sont environ 340 000 dans tout le pays.

Le 3 mai, une manifestation fait trois morts parmi les grévistes de la société McCormick Harvester, à Chicago. Le lendemain a lieu une marche de protestation et dans la soirée, tandis que la manifestation se disperse à Haymarket Square, il ne reste plus que 200 manifestants face à autant de policiers.

C'est alors qu'une bombe explose devant les forces de l'ordre. Elle fait un mort dans les rangs de la police. Sept autres policiers sont tués dans la bagarre qui s'ensuit. À la suite de cet attentat, cinq syndicalistes anarchistes sont condamnés à mort (quatre seront pendus 11 novembre 1887 (Black Friday) malgré l'inexistence de preuves, le dernier s'étant suicidé dans sa cellule). Trois autres sont condamnés à perpétuité.

Sur une stèle du cimetière de Waldheim, à Chicago, sont inscrites les dernières paroles de l'un des condamnés, August Spies : « Le jour viendra où notre silence sera plus puissant que les voix que vous étranglez aujourd'hui » [1].

Mise en place

Trois ans plus tard, la IIe Internationale socialiste se réunit à Paris pour le centenaire de la Révolution française et l'exposition universelle.

Sur une proposition de Raymond Lavigne, elle décide le 20 juillet 1889 de faire de chaque 1er mai une journée de manifestation avec pour objectif la réduction de la journée de travail à huit heures (soit 48 heures hebdomadaires, le dimanche seul étant chômé).

Le 1er mai 1891, à Fourmies, au nord de la France, la manifestation tourne au drame : la police tire sur les ouvriers et fait dix morts (voir la Fusillade de Fourmies et Ravachol).

Avec ce nouveau drame, le 1er mai s'enracine dans la tradition de lutte des ouvriers européens.

Quelques mois plus tard, à Bruxelles, l'Internationale socialiste renouvelle le caractère revendicatif et international du 1er mai.

En 1920, la Russie bolchévique décide que le 1er mai sera désormais chômé et deviendra la fête légale des travailleurs. Son exemple est suivi dans la plupart des autres pays sous la poussée des syndicats d'orientation socialiste.

Pie XII institue en 1955 la fête de saint Joseph artisan, destinée à être célébrée le 1er mai de chaque année.

En France

1er mai 1891 - L'échauffourée de Clichy

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En France, au début du XXe siècle, il devient habituel, à l'occasion du 1er mai, d'offrir un brin de muguet, symbole du printemps en Île-de-France. Une tolérance de l'administration permet aux particuliers et aux organisations de travailleurs de vendre les brins de muguet sans formalités ni taxes.

Le 23 avril 1919, le Sénat ratifie la journée de huit heures et fait du 1er mai suivant une journée chômée.

Sous Pétain la fête des Travailleurs devient la fête du Travail et l'églantine rouge, associée à la gauche, est remplacée par le muguet

Le 24 avril 1941, pendant l'occupation allemande, le 1er mai est officiellement désigné comme la fête du Travail et de la Concorde sociale et devient chômé, à l'initiative de René Belin. Cet ancien dirigeant de l'aile anticommuniste de la CGT (Confédération Générale du Travail) était devenu secrétaire d'État au Travail dans le gouvernement du maréchal Pétain.

La radio ne manque pas de souligner que le 1er mai coïncide aussi avec la fête du saint patron du Maréchal, Saint Philippe (en 2004 fêté le 3 mai)!

En 1947 le 1er mai devient de droit un jour férié chômé et payé pour tous les salariés sans conditions (art. L. 222-6 du code du travail français Image:Icons-mini-icon attachment.gif ; mais il n'est pas officiellement désigné comme fête du Travail). C'est le 29 avril 1948 qu'est officialisé le 1er mai.

Beaucoup à gauche voudraient que la fête du Travail redevienne la fête des Travailleurs, ils refusent la mesure de Pétain, par contre l'églantine rouge n'est plus vraiment une revendication.

Dans le monde

Aujourd'hui, la fête du Travail est commémorée par un jour chômé le 1er mai dans la plupart des pays... mais pas dans tous.

En Belgique (et au Luxembourg), le 1er mai est chômé et les partis socialistes en profitent pour défiler et réaffirmer leur ancrage à gauche. Notons qu'au milieu du XXe siècle, le 1er mai socialiste fut concurrencé par les cortèges « Rerum Novarum » de l'abbé Joseph Cardijn, fondateur de la Jeunesse Ouvrière Catholique (JOC). Ces cortèges d'ouvriers chrétiens avaient lieu le jour de l'Ascension.

En Allemagne, le 1er mai est chômé. On porte traditionnellement un œillet rouge à la boutonière pour la fête du travail. Cette tradition remonte au 1er mai 1890, où pour répondre à l'appel de la IIe Internationale malgré l'interdiction de manifester prévue par la Sozialistengesetz, les militants décident de se retrouver dans des parcs en portant un œillet rouge en signe de reconnaissance. Plutôt délaissé en République fédérale d'Allemagne, ce symbole était très utilisé en République démocratique allemande, entre autres par les organisations de jeunesses.

Le 1er mai donne aussi lieu à des réjouissances en l'honneur du printemps selon le rite ancestral de l'arbre de mai, que l'on retrouve dans différentes régions d'Europe (on peut lire à ce propos un très joli poème de Victor Hugo). En certains endroits, comme à Stuttgart, les enfants profitent de la nuit précédant le 1er mai pour faire des farces d'une façon qui rappelle l'Halloween.

Aux Pays-Bas, le 1er mai reste ordinairement ouvré. Idem dans certains cantons de Suisse. Quelques entreprises et organisations internationales concèdent cependant à leur personnel un jour de congé en l'honneur de la fête des Travailleurs. À noter que le canton de Fribourg commémore le 1er mai... l'arrivée du printemps, avec chants et distribution de friandises ou argent de poche aux enfants.

En Israël, on ne chôme pas le 1er mai, bien que cet État ait été fondé par des militants socialistes.

Au Royaume-Uni, ce n'est pas le 1er mai qui est chômé mais le premier lundi de mai... ce qui permet aux salariés de bénéficier chaque année d'un week-end prolongé.

Même pragmatisme aux États-Unis et au Canada où la fête du Travail est célébrée le 1er lundi de septembre (les puissants syndicats nord-américains comme l'AFL-CIO n'ont pas voulu s'aligner sur les syndicats européens d'orientation socialiste).

Le 1er mai demeure tout de même célébré par certaines personnes en Amérique du Nord. En effet on distingue la fête du travail (1er lundi de septembre) et la fête des travailleurs et travailleuses(1er mai). Cette dernière étant vue comme une journée de la célébration de la classe ouvrière, alors que l'autre est considérée par plusieurs comme étant une tentative de récupération des luttes ouvrières. Par exemple, au Québec, les grandes centrales syndicales ainsi que quelques partis et organisations de gauche manifestent le 1er mai.

En Australie, quelques syndicats socialistes ou communistes défilent aussi à l'occasion du 1er mai. Mais la fête du Travail est officiellement commémorée à d'autres dates: le 4 mars en Australie occidentale, le 11 mars dans l'État de Victoria, le 6 mai dans le Queensland et le territoire du Nord, le 7 octobre à Canberra (la capitale), en Nouvelle-Galles du Sud (Sydney) et en Australie méridionale.

En bonne élève de l'Europe, l'Amérique latine -Brésil compris- commémore la fête du Travail en chômant le 1er mai. Mais, comme ailleurs, les défilés syndicaux ont largement cédé la place à des activités ludiques : pique-niques, football...

Au Mexique, dans l'État de Sinaloa, le 1er mai marque la fête de l'été avec la fin de la récolte des tomates et d'autres produits agricoles.

Au Paraguay, en 2002, le chef de l'État a tenté de remplacer le 1er mai par le premier lundi de mai (à la manière britannique). Mais l'opinion publique a rejeté cette réforme.

En Europe de l'Est, en Pologne et en Roumanie en particulier, le 1er mai est toujours chômé mais les défilés, qui étaient de tradition sous le régime communiste, ne font plus recette.

Les Japonais ne célèbrent pas la fête du Travail mais la première semaine de mai, dite dorée, donne lieu à des festivités et des jours chômés.

Source : les abonnés de la lettre Histoires d'un jour

« Labor Day »

Avec l'aimable contribution du professeur James Day

Aux États-Unis, le «Labor Day» (ou Jour du Travail) ne doit rien à la fameuse journée de 1886.

Il tire ses origines d'une grève des cheminots qui, en 1894, avaient voulu soutenir les ouvriers de l'entreprise Pullman, eux-mêmes en grève contre leur employeur.

Le président américain Grover Cleveland n'avait pas hésité à envoyer 12 000 hommes de troupe pour briser le mouvement et deux hommes furent tués au cours des affrontements, à Kensington, près de Chicago.

La grève fut déclarée terminée le 3 août 1894, les ouvriers de Pullman prenant même l'engagement de ne plus se syndiquer.

Les citoyens américains s'étant indignés des méthodes brutales du président Cleveland, leurs représentants de Washington réussirent à faire passer la proposition d'un jour chômé pour honorer les travailleurs.

Le président lui-même signa le projet de loi six jours à peine après l'intervention de l'armée, dans l'espoir de se faire réélire la même année... Mais cet espoir s'avéra vain.

Références

  1. d'après Jacques Boudet, Les Mots de l'Histoire, page 674 (Larousse).

Bibliographie

Liens internes

Liens externes

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Festa dei lavoratori

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La Festa dei lavoratori, o meglio la Festa del lavoro, è una festività che annualmente viene attuata per ricordare l'impegno del movimento sindacale ed i traguardi raggiunti in campo economico e sociale dai lavoratori. La festa del lavoro è riconosciuta in molte nazioni del mondo ma non in tutte.

Più precisamente, intende ricordare le battaglie operaie per la conquista di un diritto ben preciso: l'orario di lavoro quotidiano fissato in otto ore. Tale legge fu approvata nel 1866 nell'Illinois, (USA), la Prima Internazionale richiese che legislazioni simili fossero approvate anche in Europa.

Convenzionalmente, l'origine della festa viene fatta risalire ad una manifestazione organizzata negli Stati Uniti dai Cavalieri del lavoro a New York il 5 settembre 1882. Due anni dopo, nel 1884, in un'analoga manifestazione i Cavalieri del lavoro approvarono una risoluzione affinché l'evento avesse una cadenza annuale. Altre organizzazioni sindacali affiliate alla Internazionale dei lavoratori - vicine ai movimenti socialista ed anarchico - suggerirono come data della festività il Primo maggio.

Ma a far cadere definitivamente la scelta su questa data furono i gravi incidenti accaduti nei primi giorni di maggio del 1886 a Chicago (USA) e conosciuti come rivolta di Haymarket. Questi fatti ebbero il loro culmine il 4 maggio quando la polizia sparò sui manifestanti provocando numerose vittime.

L'allora presidente Grover Cleveland ritenne che la festa del primo maggio avrebbe potuto costituire un'opportunità per commemorare questo episodio. Successivamente, temendo che la commemorazione potesse risultare troppo in favore del nascente socialismo, stornò l'oggetto della festività sull'antica organizzazione dei Cavalieri del lavoro.

La data del primo maggio fu adottata in Canada nel 1894 sebbene il concetto di Festa del lavoro sia in questo caso riferito a precedenti marce di lavoratori tenute a Toronto e Ottawa nel 1872.

In Europa la festività del primo maggio fu ufficializzata dai delegati socialisti della Seconda Internazionale riuniti a Parigi nel 1889 e ratificata in Italia soltanto due anni dopo.

In Italia la festività fu soppressa durante il ventennio fascista - che preferì festeggiare una autarchica Festa del lavoro italiano il 21 aprile in coincidenza con il Natale di Roma - ma fu ripristinata subito dopo la fine del conflitto mondiale, nel 1945. Nel 1947 fu funestata a Portella della Ginestra (Palermo) quando la banda di Salvatore Giuliano sparò su un corteo di circa duemila lavoratori in festa, uccidendone undici e ferendone una cinquantina.

Collegamenti esterni

Festa del 1° maggio

Chiuso per Festa!

Pelizza Da Volpedo IV Stato1° maggio 1886: scade l’ultimatum dettato dalla Federation Trade and Labor Unions e vengono proclamati i primi scioperi a oltranza per chiedere di sancire contrattualmente l’orario lavorativo di otto ore.

In dodicimila fabbriche degli Stati Uniti 400mila lavoratori incrociano le braccia.

A Chicago scoppiano disordini, la polizia spara sui dimostranti, che manifestano contro i licenziamenti punitivi, e uccide quattro scioperanti. Nella manifestazione di protesta scoppia una bomba e ci sono altri morti.

Risulta facile condannare a morte otto esponenti anarchici come capro espiatorio dell’attentato.

Disordini si verificano anche a Milwaukee dove periscono nove operai polacchi.
Sulle organizzazioni sindacali si abbatte una feroce ondata repressiva, con sedi devastate e dirigenti arrestati.

1° maggio 1947: a Portella della Ginestra, nel Palermitano, circa 2000 contadini siciliani, donne, uomini, bambini, anziani si riuniscono per manifestare.
Dopo secoli di sottomissione a un potere feudale, finalmente stanno riuscendo a conquistare il diritto alla proprietà della terra, per far fruttare i latifondi incolti.

Le recenti vittorie elettorali danno ragione ai lavoratori, ma i latifondisti reazionari armano la banda di Salvatore Giuliano.

Dalle colline che dominano la piana di Portella, aprono il fuoco le mitragliatrici degli uomini di Giuliano: il bilancio è di 11 morti e più di 50 feriti.

L’ambiguità del ministro dell’interno Mario Scelba esclude in partenza la pista della strage politica.

Come per gli anarchici statunitensi, torna comodo accusare soltanto Giuliano, senza indagare eventuali collusioni mafiose e manovre occulte dei latifondisti.

Quelle citate sono due pagine insanguinate nella storia del 1° maggio, Giornata dei Lavoratori.

Proprio la vicenda dei “martiri di Chicago” portò a considerare il 1° maggio una giornata nella quale il lavoro si ferma e i lavoratori manifestano per i propri diritti: “Otto ore di lavoro, otto di svago, otto per dormire”.

La prima celebrazione della Festa del Lavoro si ebbe nel 1890, in Italia nel ‘91, però con scontri, morti e feriti.

A distanza di un secolo, nel 1990, la situazione risulta radicalmente cambiata e anche il Presidente della Repubblica prende parte alla celebrazione di Milano.

E’ da ricordare che durante il ventennio fascista la Festa del Lavoro venne abolita, in quanto manifestazione operaia, quindi politicamente rossa.

Ciò spiega perché specialmente nel dopoguerra, per reazione, il 1° maggio risultava caricato di connotazioni di sinistra e tensioni politiche.

Oggi il lavoratore non si identifica più unicamente con l’operaio e il contadino, il senso di parte sociale della Festa del Lavoro resta, ma da alcuni anni le organizzazioni sindacali, Cgil, Cisl e Uil, si impegnano perché il Primo Maggio sia giornata di Festa, caratterizzata da imponenti concerti Rock nelle maggiori piazze d’Italia.

E volendo si può festeggiare anche in mongolfiera, oppure assaporando cibi e bevande deliziose!

Insomma, come già auspicava lo storico e senatore Ettore Ciccotti nel 1903: “Un giorno di riposo diventa naturalmente un giorno di festa, l’interruzione volontaria del lavoro cerca la sua corrispondenza in una festa de’ sensi.”